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Produção Industrial do Amazonas registra queda em julho

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10/09/2021

Marco Dassori

Um mês depois de figurar no pódio do ranking nacional do setor, a indústria amazonense interrompeu uma sequência de quatro meses seguidos de alta e desabou, entre junho e julho. É o que mostra a pesquisa mensal do IBGE para o setor, divulgados nesta quinta (9). Foi o maior tombo do país, nesse tipo de comparação e ocorreu em sintonia com a média nacional e metade dos Estados sondados periodicamente pelo órgão federal de pesquisa. A variação anual também pontuou queda, sendo puxada para baixo por seis dos nove subsetores pesquisados no Amazonas – inclusive os mais fortes.

A produção industrial do Estado retrocedeu 14,4%, na virada de junho para julho, em um desempenho significativamente pior do que o do mês anterior (+6,7%). Houve decréscimo considerável (-8,1%) também em relação ao mesmo mês de 2020 – período em que a indústria amazonense já ensaiava sua retomada pós-primeira onda. Apesar das quedas, o setor conseguiu permanecer no azul nos acumulados do ano (+20,8%) e dos 12 últimos meses (+14,9%).

Ao contrário do ocorrido no levantamento anterior, o resultado do Amazonas na variação mensal (-14,4%) ficou bem aquém da combalida média nacional (-1,3%). O Estado amargou o pior resultado do país, sendo seguido por São Paulo (-2,9%) e Minas Gerais (-2,6%), no ranking nacional do IBGE, que analisa mensalmente as indústrias de 14 unidades federativas. Na outra ponta, Bahia (+6,7%), Espírito Santo (+3,7%) e Paraná (+3,3%) lideraram a lista.

O decréscimo de 8,1% registrado na variação anual de julho fez o Estado ficar atrás da média brasileira (+12%) também nesse tipo de comparação e cair da terceira para a quarta posição. O pódio foi dividido por Espírito Santo (+9,4%), Minas Gerais (+8,6%) e Paraná (+8,2%). Em contraste, Bahia (-12,2%), Pará (-10,9%) e Pernambuco (-8,6%) amargaram as últimas posições, em um rol com sete desempenhos negativos.

No acumulado dos sete meses iniciais de 2021 (+20,8%), a performance do setor não impediu que o Amazonas caísse da segunda para a terceira colocação do ranking. O Estado foi precedido por Santa Catarina (+23,1%) e Ceará (+20,9%), no ranking dos maiores valores. Em contrapartida, Bahia (-14,9%), Mato Grosso (-5%) e Goiás (-3,8%) amargaram as retrações mais acentuadas, em uma lista que incluiu apenas quatro desempenhos negativos.

Borracha e plástico

Na comparação com os dados de julho de 2020, a indústria extrativa (óleo bruto de petróleo) se manteve em campo positivo (+0,7%), emendando um terceiro mês de elevação. A indústria de transformação, por outro lado, tombou 8,5%, após a expansão de dois dígitos apresentada no mês anterior (+27,8%). Só três de seus nove segmentos investigados pelo IBGE se seguraram no azul: produtos de borracha e material plástico (+67,1%), máquinas e equipamentos (condicionadores de ar e terminais bancários, com +57,7%) e produtos de metal (lâminas, aparelhos de barbear, estruturas de ferro, com +2,2%).

Os piores números vieram novamente do subsetor de impressão e reprodução de gravações (DVDs e discos, com -65,3%). Foi seguido de longe pelas divisões de bebidas (-`18,6%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (celulares, computadores e máquinas digitais, com -12,1%), derivados de petróleo e combustíveis (-11,4%), e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (conversores, alarmes, condutores e baterias, com -1,4%), “outros equipamentos de transportes” (motocicletas e suas peças, com -0,3%).

A comparação do acumulado dos sete meses iniciais do ano com igual acumulado de 2020 ainda aponta um quadro positivo para o setor no Amazonas: apenas indústria extrativa (-1,2%) e a divisão de impressão e reprodução de gravações (-69,3%) seguem em queda. Os melhores desempenhos vieram de máquinas e equipamentos (+61,1%), borracha e material plástico (+59,7%) e “outros equipamentos de transporte” (+49,2%). Bebidas (+25,2%), derivados de petróleo e combustíveis (+24,4%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (+20,6%) e produtos de metal (+13,1%) também tiveram altas de dois dígitos, enquanto equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos subiram 5,7%.

Cenário de incerteza

Indagado sobre os motivos para o tombo da indústria amazonense, o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, destacou à reportagem do Jornal do Commercio que a base de comparação “foi baixa” e a “queda foi alta”, mas não deixou de apontar que o setor foi influenciado também por problemas na obtenção de matéria prima, pela sazonalidade mais fraca do período, e pela “baixa demanda”. O pesquisador aponta ainda que o cenário ainda é de incerteza para a atividade.

“A queda brusca do indicador em relação ao mês anterior, interrompeu quatro meses de crescimento. A causa principal foi a queda na produção em seis das dez atividades industriais locais [incluída a indústria de transformação], embora ainda haja uma gordura nos acumulados. É importante que haja uma reação, pois ainda há cinco meses até o final do ano. Mas, a julgar pelo despenho trimestral, as expectativas não são boas para a indústria local”, alertou.

No texto de divulgação do IBGE-AM, o analista da pesquisa, Bernardo Almeida, avalia que os dados de julho mostram um retrato da indústria regional já visto antes da crise da covid-19. “Com o avanço da vacinação e maior circulação de pessoas, a indústria começa a mostrar sua realidade pré-pandemia, mas com condições [negativas] que se acentuaram, como desemprego e inflação”, apontou, ao se amparar no “momento econômico” capturado pela Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua e pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).

Crise de confiança

Em texto divulgado pela assessoria de imprensa da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), o presidente da entidade, Antonio Silva, já havia se pronunciado a respeito da desaceleração do setor, capturada em outra sondagem – com recuos mais acentuados para duas rodas, eletroeletrônicos e bens de informática. Segundo o dirigente, o tropeço se deu em virtude do impacto da crise “política e institucional” na confiança dos empresários e suas intenções de investir e contratar.

“O que está ocorrendo na produção local não é problema apenas do Amazonas, mas de todo o país. (…) Infelizmente, esse é o quadro”, lamentou. “A estratégia para lidar com situações iguais a essa varia de acordo com o planejamento de cada empresa. Umas reduzem o volume produzido, ou tentam eliminar custos possíveis, a fim de não perder competitividade no mercado e poder colocar seus produtos a disposição do consumidor”, encerrou.

Fonte: JCAM

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