03/04/2019
Notícia publicada pelo Jornal Diário do Amazonas
Impulsionada pela fabricação de veículos, a produção industrial cresceu 0,7% na passagem de janeiro para fevereiro. O resultado não foi mais elevado por conta da paralisação de parte da produção da mineradora Vale, devido ao rompimento da barragem da mineradora Vale na região de Brumadinho, em Minas Gerais, em 25 de janeiro.
Por conta do acidente, as indústrias extrativas registraram uma queda recorde de 14,8%, que foi amenizada no total nacional pelo avanço de 1,0% na produção da indústria de transformação. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal divulgados, nesta terça-feira (2), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apesar de positivo, o resultado global da indústria foi recebido com cautela por especialistas. Segundo o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), o setor permanece estagnado.
“O quadro é de banho-maria, esperando novos fatores que possam dinamizar um pouco mais. Mas temos obstáculos, como a desaceleração do comércio internacional e os desencontros em torno da articulação política para a aprovação das reformas. Por enquanto, já se passou um trimestre e a gente continua vendo os problemas se repetirem, como a comunicação do governo”, resumiu Rafael Cagnin, economista-chefe do Iedi.
Entre as atividades industriais, a influência positiva mais significativa sobre o desempenho de fevereiro foi do segmento de veículos automotores, reboques e carrocerias (6,7%).
“Em veículos, o aumento de produção teve como consequência um aumento do nível de estoques do setor. É claro que isso pode trazer mais à frente algum tipo de controle do ritmo de produção dessa atividade. E muito dessa expansão pode estar diretamente relacionada a uma antecipação da produção relacionada ao feriado de carnaval (que ocorreu no mês seguinte, em março)”, ponderou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE.
Na passagem de janeiro para fevereiro, 16 dos 26 ramos investigaram registraram crescimento. Também impactaram positivamente a média global da indústria a fabricação de produtos alimentícios e derivados do petróleo.
“Embora tenha melhorado (na comparação com o mês anterior), isso não significa que a produção tenha uma trajetória ascendente ou consolidada de recuperação”, afirmou Macedo.
Para o economista Yan Cattani, da consultoria Pezco Economics, o resultado da produção industrial foi fraco e mostra que o crescimento segue bastante lento.