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Produção fecha ano no azul

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17/02/2023

Aprodução industrial do Amazonas emendou um segundo mês de alta em dezembro, e fechou o ano no azul. A sazonalidade favoreceu expansão de 5,6% ante novembro, o segundo maior índice do Brasil –que estagnou na média do setor. Foi um desempenho muito melhor do que o do levantamento anterior (+0,2%). A comparação com dezembro de 2021 indicou recuo de 0,4% para a manufatura estadual, acompanhando a tendência da maior parte das unidades federativas. O mês foi de avanço só para os fabricantes de combustíveis e motocicletas, em detrimento de eletrônicos e bens de informática. A recuperação na reta final do ano permitiu à indústria amazonense encerrar os 12 meses de 2022 com incremento de 3,8%.

Em contraste, a média nacional encolheu 0,7%. O leque de atividades com saldo positivo foi maior nesse tipo de comparação, e incluiu não apenas os segmentos de duas rodas e combustíveis, mas também os de bebidas, borracha e plástico.

Linhas de produção de mídia digital, bens de informática e aparelhos de ar-condicionado, contudo, fecharam no vermelho. É o que apontam os dados mais recentes da Pesquisa Industrial mensal, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A progressão mensal de 5,6% no ritmo de atividade industrial fez o Amazonas decolar do nono para segundo lugar do ranking das 14 unidades federativas investigadas mensalmente pelo IBGE, em um mês em que a média nacional não saiu do ponto morto (0%). Perdeu apenas para o Mato Grosso (+5,8%), ficando logo à frente do Ceará (+4,3%).

Em contraste, os piores resultados vieram do Espírito Santo (-6,8%), Minas Gerais (-4,9%) e Goiás (-3,7%), em uma lista com cinco desempenhos negativos. Considerando o tropeço na comparação com dezembro de 2021 (+0,4%), manteve o Estado na quinta posição. Os melhores resultados vieram de Rio de Janeiro (+5,7%), São Paulo (+2%) e Mato Grosso (+1,2%), enquanto os piores se situaram no Espírito Santo (-21,9%), Pará (-10,3%) e Goiás (-10,2%).

Com o acréscimo detectado nos 12 meses de 2022 (+3,8%), o Amazonas se segurou na terceira colocação, sendo precedido por Mato Grosso (+19,4%) e Rio de Janeiro (+4,6%), em sete unidades federativas no vermelho e encerrado pelo Pará (-9,1%). Combustíveis e motocicletas Na comparação com dezembro de 2021, a indústria extrativa (óleo bruto de petróleo) encolheu 6%, enquanto a indústria de transformação superou a média da indústria amazonense, ao praticamente estagnar (-0,1%) –em performance mais modesta do que a anterior (+2,1%). Mas, apenas dois de seus segmentos conseguiram acompanhar o movimento ascendente, um a menos do que em novembro. A lista se limitou a petróleo e combustíveis (gás natural, com -50,1%) e “outros equipamentos de transportes” (motocicletas e suas peças, com +13,9%).

Em sentido inverso, a lista de subsetores em baixa foi liderada novamente por “impressão e reprodução de gravações” (DVDs e discos, com -93,3%). Na sequência estão as divisões de bebidas (-20,3%); produtos de metal (lâminas, aparelhos de barbear, estruturas de ferro, -17,4%); equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (celulares, comp u t a d o r e s e máquinas digitais, com -13,9%); máquinas, aparelhos e materiais elétricos (conversores, alarmes, condutores e baterias, com -12,9%); e máquinas e equipamentos (condicionadores de ar e terminais bancários, com -1,7%).

O acumulado do ano, por outro lado, mostrou um quadro um pouco mais favorável para o setor, no Amazonas. A indústria de transformação (+4,1%) e suas divisões de bebidas (+14,5%); “outros equipamentos de transporte” (+9,9%); derivados de petróleo e combustíveis (+6,1%) e de borracha e material plástico (+3,9%) avançaram. Na outra ponta estão os subsetores de impressão e reprodução de grava - ções (-86,9%); máquinas e equipamentos (-37%); produtos de metal (-11,9%); m á q u i n a s , aparelhos e materiais elétricos (-7,1%); e equipa - m e n t o s d e informática e produtos eletrônicos e ópticos (-1,3%). A indústria extrativa (-2,4%) também se consolidou no vermelho.

“Baixa demanda” O supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, enfatizou à reportagem do Jornal do Commercio que os números confirmaram um “bom” resultado para o Amazonas, diante da performance do indicador durante o ano. “O fato de fechar o ano com uma média móvel trimestral positiva, traz boas perspectivas para os próximos meses. No entanto, precisamos levar em consideração que algumas de nossas plantas industriais enfrentam baixa demanda de seus produtos”, ponderou.

Em matéria postada no site da Agência de Notícias IBGE, o analista da pesquisa, Bernardo Almeida, destaca que a indústria nacional passou por “resfriamento de produção” no segundo semestre, após ter começado 2022 com uma sequência de taxas positivas. “A aceleração da inflação e o consequente aumento dos juros afetaram diretamente o poder de compra das famílias. A geração de empregos com baixa remuneração também impactou nisso. Houve ainda, em grau menor, o desabastecimento de alguns insumos e o aumento de preços de matérias-primas”, analisou.

“Branda retomada”

O presidente da Aficam (Associação dos Fabricantes de Insumos e Componentes do Amazonas), Roberto Moreno, comemorou o resultado da indústria do Amazonas, principalmente diante dos entraves gerados pelos “problemas de logística mundial” e pelo rescaldo da pandemia, além das flutuações de demanda nos segmentos do PIM.

Mas, o dirigente diz que ainda é cedo demais para falar de expectativas para o setor, em um ano que promete ser marcado pelos debates em torno da reforma Tributária. “Há muitas variações no desempenho entre os diversos setores da economia. Ainda não existe um cenário que mostre a tendência da economia. E temos visto várias opiniões e discussões sobre qual proposta da reforma Tributária será aprovada.

A grande questão é contarmos que nossas autoridades encontrarão uma solução que mantenham as vantagens competitivas da ZFM, sem trazer insegurança jurídica ao modelo. Há muitas discussões, mas ainda é cedo para previsões”, frisou.

Na mesma linha, o presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Antonio Silva, considerou que o resultado global da indústria amazonense foi positivo, desconsiderados os períodos sazonais e de falta de insumos.

O dirigente avalia que mudanças de hábito do consumidor foram cruciais para o desempenho –especialmente no subsetor de duas rodas –e acrescenta que, passado o período mais grave da crise sanitária e econômica, já era esperada uma “branda retomada” do consumo e produção.

“O ano de 2023 ainda se apresenta a partir de um complexo cenário: temos crises econômicas a nível mundial, conflitos na Europa e uma taxa de juros básica alta que desestimula o investimento. Ademais, o governo federal precisa propor uma política industrial e fiscal clara que possa garantir segurança jurídica a novos investimentos”, arrematou.

Fonte: JCAM

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