15/04/2020
Fonte: Jornal do Commercio
Marco Dassori
A crise da Covid-19
ainda não foi sentida nos números
de produção de
motocicletas fabricadas pelo
PIM contabilizados em março,
embora já tenham impactado
fortemente o desempenho do
varejo no mesmo mês, conforme
o mais recente levantamento da
Abraciclo (Associação Brasileira
dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas,
Bicicletas e Similares), divulgados nesta terça (14).
As montadoras de Manaus fabricaram 101.425
motocicletas,
10,8% a mais
do que em
março 2019
(91.535) e 7,4%
acima da marca de fevereiro
de 2020 (94.442). O desempenho
consolidou crescimento de 7%
para o polo de duas rodas, com
296.159 (2020) contra 276.760
(2019) unidades produzidas, em
relação ao registro dos três meses inicias do exercício anterior
As vendas no atacado foram
na direção contrária. Em março,
as fábricas repassaram 92.900
motocicletas às concessionárias,
0,8% abaixo do patamar de 12
meses atrás (93.605) e 0,9% a
menos do que o número apresentado em fevereiro de 2020
(93.757). No acumulado dos três
meses iniciais de 2020 (277.402), o volume comercializado ficou
apenas 2,5% acima do alcançado no mesmo período do ano
passado (270.724).
“O setor começou março
com forte atividade industrial.
Mas, para preservar a segurança
dos colaboradores e cumprir as
determinações das autoridades
governamentais e de saúde, cerca de 60% das associadas do
segmento de motocicletas anunciaram paralisações temporárias de suas fábricas em Manaus, em função dos impactos
da pandemia. As paralisações
ocorrem em períodos variados,
começando
em 30 de
março e se estendendo até
5 de maio”,
salientou o
presidente da Abraciclo
Marcos Fermanian, em
material distribuído pela
assessoria de
imprensa da entidade.
Varejo fechado
A Abraciclo informa que a
perspectiva de baixa atividade
comercial, devido às ações preventivas de confinamento da
população em suas residências
–assim como o fechamento dos
segmentos não essenciais do
varejo –, também foi um fator
considerado para a decisão de
suspensão temporária da produção. “Os resultados serão
sentidos no balanço de abril”,
acrescentou Marcos Fermanian.
Os números do varejo reforçam a conclusão. De acordo
com levantamento do Renavam
(Registro Nacional de Veículos
Automotores), março apresentou queda de licenciamentos na
comparação com o mesmo mês
do ano passado, de 83.798 (2019)
para 75.372 (2020) motocicletas.
Ficou também 5,6% aquém de
fevereiro de 2020 (79.812). No
primeiro trimestre, as vendas
encolheram 4,6%, ao totalizar
246.848 (2020) contra 258.652
(20190) unidades.
Março fechou com média
diária de vendas de 3.426 unidades, em 22 dias úteis. Foi o
menor número para os meses
de março desde 2004 (3.491
unidades/dia). Na comparação com o mesmo mês de
2019 (19 dias úteis), a queda
foi de 22,3% (4.410 unidades/
dia). Em relação a fevereiro de
2020 (18 dias úteis), o recuo foi
de 22,7% (4.434 unidades/dia).
A Abraciclo destaca, contudo,
que “alguns Detrans não estavam operando plenamente,
prejudicando a comparação
com outros meses”.
“Vínhamos de uma recuperação, com perspectivas excelentes para este ano. Foi assim
até o dia 20 de março. As lojas
começaram a pedir para segurar os pedidos e as indústrias
ficaram estocadas, sem ter como
transportar seus produtos para
o Sul. A previsão de algumas
empresas era voltar ao trabalho
no dia 20, mas a perspectiva é
que isso não aconteça”, desabafou o vice-presidente da Fieam
e presidente do Sindicato das
Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico
de Manaus, Nelson Azevedo.
Vendas externas
As vendas externas de motocicletas já vinham de um período negativo em função da crise na Argentina, o principal destino das exportações do produto. A ascensão gradual da demanda de demais mercados emergentes da América Latina não foi suficiente para reforçar uma retomada, comprometida pelo fechamento das economias para conter a propagação do novo coronavírus. As exportações totalizaram 2.730 unidades em março, com queda de 22,6% em relação ao mesmo mês de 2019 (3.525 unidades) e alta de 14% na comparação com fevereiro de 2019 (2.394 unidades), conforme as estatísticas de comércio exterior do site Comex Stat. A Argentina foi o principal destino, com o embarque de 905 unidades (33,9% do volume total), sendo seguida por Canadá (452 e 16,9%) e Colômbia (336 e 12,6%).
No trimestre, as exportações
somaram 6.825 unidades (2020)
contra 11.382 (2019), uma retração de 40% na comparação
com o mesmo acumulado do
ano passado, conforme a mesma base de dados. A Argentina recebeu 3.011 motocicletas
(41,9%). Na sequência, vieram
Estados Unidos (1.244 e 17,3%)
e Canadá (816 e 11,4%).
“As exportações do Amazonas correram dentro do esperado, no trimestre, e a Argentina já vem de uma crise desde 2019. O ano começou fraco e as negociações começaram a deslanchar em março, quando as medidas de isolamento social começaram a vigorar. Espero que não, mas creio que a queda vai ser inevitável, a partir deste mês. Sentimos uma redução de 15% a 20% na emissão de certificados de origem para países do Mercosul”, encerrou o gerente executivo do CIN (Centro Internacional de Negócios) da Fieam, Marcelo Lima.