18/06/2015
De acordo com o pesquisador Flávio Freire, a confirmação de uma nova gestão é importante para que o instituto mantenha as atividades, porém a nova parceria com o Inmetro ainda não define como serão realizados os processos que levarão os resultados das pesquisas ao mercado e à sociedade.
"O CBA ainda não tem personalidade jurídica, o que impediu a Suframa de captar diversos recursos de editais, como do CNPq e da Fapeam. A única diferença que vejo é que teremos um órgão do Rio de Janeiro tomando decisões sobre o futuro da economia amazonense", disse.
Flávio enfatizou ainda a demora para a transição da nova gestão que, segundo ele, deveria ter acontecido em março deste ano para que houvesse tempo de contratação do novo quadro com a publicação do edital. Ele afirma que não vai participar da nova escolha.
"Passei dez anos no CBA. Comecei como estagiário e cresci profissionalmente no instituto. Mesmo que o Inmetro assuma semana que vem e contrate gente, acredito que os problemas continuarão enquanto houver instabilidade jurídica, tanto para quem desenvolve as pesquisas, como para quem administra. O certo seria resolvermos essa questão para aproveitarmos nosso potencial biológico e trazer uma sustentabilidade à nossa economia", ressaltou.
O pesquisador Dácio Montenegro, que está à frente do Movimento Pró-CBA, afirmou que o grupo articula audiências públicas com políticos e senadores para tentar entender a demora na aquisição da personalidade jurídica do instituto. Garantias trabalhistas também entram em pauta.
"Como bolsistas, éramos obrigados a ficar oito horas no instituto, sem receber alimentação, rota, vale-tranporte. Pela lei, deveríamos ficar apenas quatro ou cinco horas. Se isso não for resolvido, vai acontecer o mesmo de antes. Bolsistas irão desistir", declarou.
De acordo com Montenegro, uma audiência já está marcada para o dia 30 deste mês, em Brasíla, por meio da comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) do Senado.
"Esperamos entender os motivos de não termos nos tornado empresa pública e debater sobre as consequências disso para a nossa economia. Também estamos articulando com senadores amazonenses uma audiência por meio da Comissão de Meio Ambiente (CMA) e falar da importância das pesquisas do CBA para a Amazônia", informou.
Entenda o caso
O convênio com a Fundação de Defesa da Biosfera (FDB), que garante a manutenção do Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA), foi encerrado. Pesquisadores lamentam a possibilidade de perder estudos.
"O grande problema é que tudo que tem lá é material biológico de origem microbiana - fungos, leveduras, parte de vegetal, animal - única parte que vai ficar funcionando no centro, mas por conta própria, é o pessoal do biotério, que é o centro de farmacologia. Por questão de ética eles vão funcionar até o dia 30 de junho, para poder usar todos os animais que estão lá nos experimentos, não abandonar e os bichos morrerem de fome", afirmou o pesquisador Flávio Ferrreira.
Instituição
O Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA) está instalado em uma área de 12 mil m², no Distrito Industrial da capital. Durante os 13 anos de funcionamento, o local já chegou a abrigar cerca de 200 pesquisadores. Atualmente, as dificuldades no centro diminuíram este número para 48 cientistas.
Fonte: G1.com