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Princípios de cadeia de valor e os produtos da floresta

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19/02/2020

Fonte: Jornal do Commercio

Por Sérgio Gonçalves

19 Fev 2020, 09h34

Em meados da década de 90, iniciaram-se os primeiros fóruns no Amazonas para tratar da temática cadeia produtiva, envolvendo não somente produtos eletroeletrônicos, como também outros segmentos da economia Amazonense. Na verdade por muito tempo acreditou-se que o simples mapeamento dos fluxos produtivos e financeiro de uma cadeia produtiva e seus “gargalos” e posterior ações pontuais seriam suficientes para a promoção de iniciativas que visassem, principalmente, o aumento da eficiência técnico-operacional e gerencial dos negócios em torno de uma atividade meta.

Passado pouco mais de 20 anos, percebeu-se que para algumas atividades agro-industriais o resultado foi expressivo (leite, carne, etc.), mas para aquelas em que se buscam mercados mais diferenciados (produtos da sócio-biodiversidade; orgânicos; fármacos; comércio justo) e que trazem um apelo sócio-ambiental, em muitas oportunidades os resultados são apenas modestos em termos de Amazonas, embora não se possa questionar a sua relevância.

Não queremos avaliar esses resultados e o esforço consumido para atingi-los, mas, provavelmente isso ocorre em razão das informações que subsidiam as tomadas de decisões serem muito superficiais, e aliadas a metodologias de promoção clássicas impedem um real mapeamento de uma cadeia e suas peculiaridades, gerando quase que “um pacote padrão de ações” que certamente contribuirão pouco para mudanças mais estruturais. Neste sentido é oportuno comentar que devemos começar avaliar segmentos produtivos de mercados diferenciados de uma perspectiva de cadeia de valor e não simplesmente de cadeia produtiva.

Ressalta-se que os atores da cadeia de valor compartilham um interesse no produto da floresta (bens e serviços) porque as mudanças no mercado final os afetam coletivamente e simultaneamente. Nesse sentido é importante agregar esse conceito, pois dentro de uma cadeia de valor não tratamos de um público específico e sim da interface de muitos atores com relações distintas, que muitas vezes não se conhecem, mas possuem interesses comuns. Logo, a promoção de uma cadeia de valor representa uma abordagem sistêmica ao desenvolvimento econômico, sócio-cultural, ambiental e político-institucional. Uma cadeia de valor é um sistema econômico composto de operadores de cadeia, prestadores de serviços operacionais e seus vínculos comerciais em nível micro, prestadores de serviços de apoio em nível meso, e de promotores/facilitadores em nível macro. Todos os operadores que agregam valor a um determinado produto da floresta comercializável, em sua trajetória desde a matéria prima até o consumidor final, são considerados parte da cadeia de valor. Os limites do sistema de uma cadeia de valor são definidos pelo produto final, e a cadeia de valor em si compreende os produtores e empreendimentos que executam as funções necessárias para colocar o produto no mercado.Para que isso possa se concretizar em ações uma série de tarefas deve ser desencadeadas, inspiradas primeiramente em um foco institucional claro, para a necessária priorização de diferentes cadeias de valor, as micro-regiões estratégicas do Estado e o esforço necessário a essa implementação.

Sérgio Gonçalves é doutor em Ciências do Ambiente/Economia Ambiental da Universidade Federal do Amazonas

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