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Previsão é de 3,8% de alta

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26/11/2021

Marco Dassori

A Black Friday deste ano deve ter recorde de movimentação financeira em todo o Brasil, ao somar R$ 3,93 bilhões, conforme prevê a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo). O montante estimado equivale a uma elevação de 3,8% em relação a 2020, em preços correntes. Mas, descontada a inflação, aponta para uma queda de 6,5%, a primeira em cinco anos. Em paralelo, sondagem do Ibevar (Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo), por outro lado, concluiu que apenas cinco entre 28 grupos de produtos sinalizam mais vendas no período.

A inflação é justamente um dos motivos para o resultado aquém do desejado, por comprometer a renda do consumidor e a capacidade dos lojistas de concederem descontos. O dado mais recente do IPCA indica um avanço 10,67% nos preços, nos 12 meses encerrados em outubro. Outro obstáculo é o desabastecimento gerado pelo nó logístico e estrangulamento de produção surgidos logo após a primeira onda da pandemia. Embora concordem que o cenário é adverso, lideranças do varejo amazonense ouvidas pela reportagem do Jornal do Commercio ainda apostam em um crescimento nominal de dois dígitos, ou pelo menos em uma alta real de 2% a 2,8%.

Pesquisa da CDL-Manaus (Câmara dos Dirigentes Lojistas de Manaus) informa que as promoções mais procuradas pelos consumidores da capital amazonense são TVs, notebooks, condicionadores de ar, fogões, geladeiras e lavadoras, e até passagens aéreas. Sondagem da Fecomércio-AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas) lista vestuário (47%), calçados (39%), eletrodomésticos (19%), perfumaria (13%) e brinquedos (11%), entre outros, como os preferidos para compras.

O Ibevar sinaliza, contudo, que a perda de poder de compra deixou o consumidor ainda mais criterioso. Só cinco entre 28 grupos de produtos estão mais presentes nas intenções de compra deste ano. Apenas o Nintendo Switch (+25,7%), bicicletas (+18,1%), fones de ouvidos (+20%), consoles de vídeo game (+0,8%) e calçados (+0,5%) estão com crescimento previsto para o período. Na outra ponta, PS4 (-46,2%) e Xbox 360° (-45,7%), home theater (-45,5%), impressoras (-31,2%), chuteiras (-16,2%) e camisas de times de futebol (-17,1%) apresentam os maiores índices de redução de interesse.

Desconto menor

Um reflexo das dificuldades do comércio, e motivo para o afunilamento na escolha dos consumidores, é visto no alcance mais acanhado das promoções de 2021. Especialmente para produtos que contam com componentes importados e precificados em dólar, a exemplo dos eletroeletrônicos e bens de informática, as estrelas da Black Friday. A sondagem da CDL-Manaus mostra que o teto dos descontos deve se situar na casa dos 50% neste ano -contra os 80% de abatimento, de 2020, e os cortes de 70% de 2019.

Pesquisa nacional da CNC informa que, entre mais de 2.000 preços de itens agrupados em 34 linhas de produtos, ao longo dos últimos 40 dias encerrados em 16 de novembro, 26% revelaram tendência de redução. É um percentual bem mais baixo do que o de 2020 (46%), que registrou inflação menor (+3,9%). "Um produto com altas expressivas, superiores a 10%, por exemplo, no preço mínimo praticado durante as semanas que antecedem a Black Friday, tende a apresentar um baixo potencial de desconto efetivo durante o evento promocional", observa o economista responsável pelo estudo, Fábio Bentes.

De acordo com o levantamento da CNC, os produtos com as maiores chances de descontos efetivos nos últimos 40 dias são headsets (-13%), perfume feminino (-10,4%), creme hidratante (-7,2%), protetor solar e bronzeador (-4,2%) e caixas de som bluetooth (-3,4%). Por outro lado, dado o reajuste recente de preços, as chances de descontos efetivos em consoles de video-games e jogos eletrônicos seriam reduzidas.

“Repasse inevitável”

O presidente do Ibevar, Claudio Felisoni de Angelo, pontua, em texto de sua assessoria de imprensa, que o desarranjo logístico e produtivo gerado pela pandemia pode ser sentido pelo aumento do frete, demora ou até cancelamento das entregas. Segundo o dirigente, diante desse cenário, o repasse dos custos aos preços é inevitável, sendo que o consumidor também pode se preparar para esbarrar novamente na falta de produtos.

"Até agora, 2020 foi o melhor ano para muitas categorias de produtos, mais precisamente em 13 grupos. Sem o mesmo incentivo financeiro que ocorreu no ano passado, inflação de dois dígitos, deterioração do poder real de compra do consumidor e, considerando que muitos produtos comprados em um dado ano só serão recomprados depois de um longo período, 2021 dificilmente poderia quebrar recordes", lamentou. A despeito dos entraves econômicos, o presidente da CNC, José Roberto Tadros, assinala, em texto de sua assessoria de imprensa, que as expectativas ainda são positivas para a Black Friday, que já é a quinta data mais importante do setor, depois do Natal, Dia das Mães, Dia das Crianças e Dia dos Pais. "A facilidade de comparação de preços online, em um evento caracterizado pelo forte apelo às promoções, incentiva a competitividade e influencia o aumento expressivo da data no calendário do varejo", ponderou.

Decretos e caminhos

A sondagem da CDL-Manaus prevê um crescimento de 18% nas vendas do Black Friday deste ano, comparadas com as de 2020. Em relação à base mais forte de 2019, a expectativa é avançar 9%. Indagado se os dados levam em conta ou não a inflação, o presidente da FCDL-AM (Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Amazonas), Ezra Azury, disse que " é crescimento real, já que no ano passado não houve Black Friday por aqui", em virtude da diretiva de distanciamento social nos decretos. O dirigente admite, no entanto, que a inflação e o desabastecimento podem comprometer a meta.

O presidente em exercício da Fecomércio-AM, Aderson Frota, concorda que o cenário econômico preocupa, quando se leva em conta a escalada dos custos e o comprometimento e os "aspectos" logísticos. Mas, garante que o setor encontrará caminhos para sair da crise, e diz que as apostas dos lojistas na formação de estoques para a data comemorativa podem ser percebidos pelo aumento da arrecadação estadual.

"Estamos entrando na melhor data do varejo. Pode ser que nós sejamos surpreendidos por uma retomada no comércio, que está mostrando o alcance de suas expectativas, com a oferta de parcelamentos e descontos expressivos. Nossa expectativa é de ter um crescimento pequeno, mas positivo, que se colocaria entre 2% e 2,8% sobre o ano passado, mesmo considerando a inflação. Temos de ter a esperança de reverter esse quadro", afiançou.

Já o presidente da assembleia geral da ACA (Associação Comercial do Estado do Amazonas), Ataliba David Antonio Filho, se mostra mais reticente. "O calendário maior do comércio se aproxima e diversos fatores realmente contribuem para um menor desempenho, como a alta da inflação, aumento do combustível e juros altos. Não tenho esse otimismo todo. Creio que o aumento vai ser de um dígito mesmo, possivelmente de 2%", arrematou.

Apesar da inflação, que mina o poder de compra do consumidor, entidades ainda esperam crescimento e bom faturamento.

Fonte: JCAM

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