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Presidente da Transire fala sobre parceria com Poder Público no combate à Covid-19

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28/04/2020

Fonte: Acrítica

Nascido no bairro de Itaquera em São Paulo, o presidente do Grupo Transire, Gilberto Novais, se alegra ao comentar sobre acolhida que recebeu em Manaus, cidade que o empresário escolheu para expansão dos seus produtos: máquinas de cartão com tecnologia asiática e designs inovadores, que são resultados de mais de 20 anos de experiência em empresas nacionais e multinacionais do ramo de pagamentos eletrônicos.

A Transire, que atualmente emprega cerca de três mil pessoas no Polo Industrial de Manaus (PIM), é uma das empresas que estão na linha de frente para combater a crise sanitária ocasionada pelo novo coronavírus (covid-19) produzindo cápsulas ‘Vanessa’ de ventilação, protótipos de respiradores e doando alimentos e álcool em gel produzidos nos laboratórios do seu instituto.

Em entrevista concedida para A Crítica, Gilberto fala sobre a importância da união entre o poder público e a iniciativa privada, sobre a reabertura da produção em meio à pandemia, opina a respeito do isolamento social e das expectativas das indústrias para a economia pós-covid, além de criticar a utilização do momento de incerteza para fins políticos.

Quando você percebeu a necessidade de colaborar no combate à covid-19?

Eu vim da periferia de São Paulo, da Zona Leste, lá em Itaquera e lá é muito semelhante aos becos daqui. Então a gente conhece bem a dificuldade disso. Eu observei que as pessoas estavam indo muito para a briga política, politizando a maior crise do mundo e eu tinha que fazer alguma coisa para ajudar os meus semelhantes que moram em situações de precariedade.

E de qual forma eu poderia fazer? Usando o que eu tenho de recurso meu, não de políticos. Então, o que eu quis fazer? Eu quis pegar uma coisa que eu tinha nas minhas mãos e eu sou um cara muito prático e usar a praticidade que eu uso nas minhas empresas e usar nessa crise. Esse foi o maior objetivo: ajudar.

Por que você considera importante a união das empresas privadas com o poder público neste momento de crise?

Dentre muitas coisas a gente sabe e o poder público em um momento desse fica de mãos atadas porque não tem a agilidade de uma empresa privada e algumas coisas são essenciais para um determinado fim, por exemplo, o álcool em gel, a máscara, nós da iniciativa privada somos muito mais ágeis do que o mecanismo todo que existe dentro do governo.

Então o meu objetivo foi despolitizar as coisas. Eu não quero saber se foi fulano, beltrano, ciclano. Eu ajudo quem precisa, quem me procura e eu puder ajudar eu ajudo com gosto. Então, a iniciativa privada ela tem essa agilidade e é isso que eu estou fazendo.

A produção das cápsulas e respiradores para todo Brasil é possível?

A cápsula Vanessa nós estamos aumentando a produção. Hoje estamos fazendo em torno de 50 por dia e vamos fazer 100 por dia. Nós já enviamos modelos por exemplo, para Belém do Pará, Roraima e para algumas cidades aqui no interior do estado.

A ideia é em especial para que os outros estados peguem um modelo, analisem e façam eles mesmo porque não daria tempo. São coisas muito baratas cada cápsula custa com a mão de obra e tudo uns R$ 500.

Os respiradores eu não vejo isso de maneira viável, porque os respiradores precisam de certificação da Anvisa, Imetro.

Como foi feita essa adaptação da empresa para reiniciar a produção?

Na China, o problema aconteceu primeiro, então eles aprenderam primeiro e nós temos um relacionamento muito forte com várias empresas chinesas. Eles são os reis dos eletroeletrônicos, e nós falamos com mais de seis fábricas para entender o protocolo que eles usaram lá e isso foi descoberto por eles.

E foi descoberto por eles que um dos lugares que se contagiava mais era no refeitório, onde as pessoas não utilizavam as máscaras. Então o que eles fizeram? Eles colocaram um muro do lado e na frente. É um ‘murinho’ de acrílico que você consegue ver as pessoas, mas as gotículas da fala, ficam naquele acrílico.

Então nós criamos uma série de processos. O funcionário de certo está mais seguro dentro da fábrica do que na casa dele. Dentro de casa ele não tem uma alimentação balanceada e na indústria, ele tem uma alimentação que nós pedimos para o nosso fornecedor de alimentação criar uma refeição equilibrada e rica em vitaminas C, D e Z e lógico com as outras vitaminas vem junto.

Nós criamos um software que monitora não somente os funcionários na casa dele mas todo mundo que mora na casa dele, porque se alguém ficar doente ele acaba ficando doente também.

Colocamos 50% das pessoas para trabalharem mas estou atingindo 100% do meu potencial, porque eu distribuí dois turnos, então 50% trabalha em um horário 50% no outro. Dessa forma eu não estou trazendo impacto para os meus clientes, eu estou cumprindo os meus contratos em 100%.

Como ficaram os custos com a volta à produção neste formato?

Eu esvaziei a fábrica. E isso elevou os nossos custos para você ter uma ideia, a gente está falando em demissão, muitas pessoas falando em demissão e por causa dessa minha estratégia eu contratei 240 pessoas em plena crise.

Nós já voltamos com esses dois turnos e o mês que vem eu creio que contrataremos mais 400 pessoas.

Como será feita a assistência médica aos funcionários?

Não é uma assistência médica é um acompanhamento dos sintomas. Não existe teste disponível, você não vê teste por aí e o que tem que fazer?

Não adianta as pessoas tem que fazer uma tomografia. A tomografia vai dizer a verdade, se você tem ou não e se você tiver coronavírus vai fazer o nível que você está e isso se você testa o nível, sabe quais ações deve tomar.

Então as pessoas que estão com sintomas, a gente pede para ir ao hospital fazer uma tomografia.Como irá funcionar o transporte dos funcionários até a empresa? Todo o transporte é higienizado na entrada e na saída.

Na hora em que o funcionário vem o motorista verifica a temperatura dele. Todos os que entram já estão com mascará de pano e acrílico. Todos os ônibus circulam com os vidros abertos, ou seja, todos os protocolos que pedem para serem feitos nós estamos fazendo.

Como estão as expectativas das empresas locais para a crise pós covid-19?

É uma situação muito triste. Tem muitas pessoas que terão dificuldades manter abertas [as empresas] porque têm aluguel para pagar, porque o cara que aluga o imóvel não quer saber do covid-19, ele quer saber o aluguel dele. Então o empresário sofre com isso.

Eu torço para uma reabertura do mercado mas, de uma reabertura racional quando tiver vendendo máscara a vontade e álcool disponível para todo mundo.

Como você analisa o regime de afastamento social?

Eu acredito que a gente possa voltar com segurança porque para falar bem a verdade, na minha opinião, quem está cumprindo o isolamento são aquelas pessoas que tem uma condição financeira um pouco melhor. Eu vim de um bairro humilde em um apartamento da Coab que tinham 48 m², tinha cinco pessoas lá dentro.

Isso em São Paulo que é mais fresquinho que aqui, agora você consegue imaginar que muita gente não mora em 40 m² mora e 30 m² com cinco ou seis pessoas dentro, numa temperatura de 36 graus sem ar condicionado, sem ventilador.

É muito difícil para pedir para essa pessoa fazer isolamento. Então, voltar o comércio, voltar a trabalhar, mas com a segurança devida onde eu possa comprar uma máscara ou um álcool eu sou a favor disso.

Quais foram os resultados da reunião com o vice-presidente Hamilton Mourão?

Pelo que eu percebi isso será o tema de um segundo momento onde eles colocaram todos os requerimentos e vai ter agora uma reunião estratégica do que será adotado.

O que ficou bem claro foi a atuação do nosso governador Wilson Lima. Ele foi bem forte com o vice-presidente. Nosso prefeito Artur também, deixando claro para ele que nós estamos em uma situação bem complicada.

Havia também uma grande expectativa da solução disso. O vice-presidente [Hamilton] Mourão veio e muita gente não sabia que ele estaria aqui e o que eu pude perceber é que ele saiu com uma lista muito grande de solicitações para ajudar o povo manauara.

Ficou muito explícito a luta que o governador Wilson Lima e prefeito Artur Neto fizeram.

Qual recado você deixaria para promover a união entre as empresas e poder público?

Acho que a última palavra que eu poderia dar não somente para os microempresários e empresários, mas eu queria dar uma resposta uma sugestão muito especial para todos os políticos. Eu estou ajudando gente de todos os partidos. Eu não sou partidário a nada. Sou muito solidário aos meus semelhantes e as pessoas que vivem em grande vulnerabilidade. O que eu sugeriria é que todos os políticos dessem as mãos com o povo e os empresários e entendamos que a pandemia é a maior crise de todo os tempos que nós tivemos. Se nos países em que os políticos eram unidos tiveram um problema grande, imagina se a gente continuar com essa guerra política em nível nacional. Aos nossos políticos do Amazonas o recado que eu gostaria de dar é de união de todos darmos as mãos com um único objetivo, porque o único inimigo que nós temos hoje é o coronavírus.

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