31/10/2018
Notícia publicada pelo Em Tempo Online
A partir do dia 1º de novembro a tarifa de energia no Amazonas terá reajuste de 14,89%. O anúncio foi feito pela diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) que aprovou a medida durante reunião pública. A empresa atende 998 mil unidades consumidoras localizadas no Estado.
Para o vice-presidente do Sindicato dos
Trabalhadores nas Indústrias Urbanas do
Estado do Amazonas (STIU-AM), Joséirton
Pereira, essa medida foi tomada para atrair
interessados na compra da distribuidora, que está com leilão marcado para o próximo dia
27 de novembro.
“Eles fizeram isso para viabilizar a venda da
distribuidora uma vez que, na última data
tiveram que cancelar porque não tinha
interessados depois que, o Senado aprovou o
projeto de lei que dificultava o processo de
privatização. Nenhum empresário vai
querer comprar uma empresa que não
rende lucro. Por isso, continuamos na luta
para que, mais uma vez, o leilão seja
adiado”, enfatizou.
O consumidor residencial e comercial que
são atendidos com baixa tensão terão o
impacto de 16,78% no reajuste da tarifa. Já
para os consumidores industriais que são
atendidos em alta tensão o reajuste médio
será de 11,78%.
Segundo o vice-presidente da Federação das
Indústrias do Amazonas (Fieam), Nelson
Azevedo, o reajuste tarifário de quase 12% irá
trazer impactos negativos em toda a cadeia
produtiva do Estado.
“É um balde de água fria, principalmente
agora que estamos no período que a
indústria está com demandas para o fim do
ano. Esse reajuste pode afetar na geração de
empregos uma vez que os produtos vão
aumentar e com isso o consumidor vai
deixar de comprar fazendo com que a
indústria diminua a produção”, lamentou.
Azevedo informou ainda que o momento é de
espera para ver as consequências do reajuste.
“Mesmo com otimismo não podemos deixar
de ver como está a realidade. Engana-se
quem pensa que esse aumento vai afetar só a indústria. Comércio, serviços e toda a
roda econômica será afetada pois a energia
é um insumo fundamental para o processo
de produção”, explicou.
Ao calcular o reajuste, conforme estabelecido
no contrato de concessão, a Agência
considerou a variação de custos associados à
prestação do serviço. No caso da Amazonas
Energia, o que mais contribuiu para o
reajuste foram os gastos com compra de
energia. Os custos com o risco hidrológico
também impactaram o reajuste.
Consumidor
Com uma casa de oito cômodos a consultora de
turismo Sandra Nunes, 52, mostrou-se
preocupada com o reajuste na tarifa de energia.
Ela contou que atualmente paga em média, R$
250 por mês na conta de energia.
"Antes essa conta chegava com praticamente o
dobro do valor, foi então que resolvemos adotar
algumas medidas para pagar menos como lavar
a roupa duas vezes na semana e não usar todos
os cômodos da casa como, por exemplo, a sala de
TV. Com esse aumento, os cuidados precisam ser
redobrados para que a conta continue nessa
faixa", comentou.
Já o empresário Ivan Castro, 47, disse que
não vai ter como diminuir o consumo. Dono
de uma empresa de confeitaria ele contou
que se ficar pior o quadro de funcionários
terá que ser enxugado.
"Como tenho uma câmara frigorífica aqui funcionando 24 horas não tenho como economizar o consumo de energia, se apertar muito terei que mexer no quadro de funcionários de modo que o orçamento não fique mais apertado do que já está. O que não posso, é deixar de produzir mesmo que a conta de energia dobre", lamentou.