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Potencialidade menosprezada

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09/08/2018

Notícia publicada pelo Jornal do Commercio

Pequenos produtores do interior do Amazonas deixam de arrecadar cerca de R$ 50 milhões na venda de juta e malva para indústrias do segmento. Para especialistas, a falta de incentivos e apoio do governo para a produção no estado, faz com que cerca de 30 mil empregos nos municípios deixem ser gerados. O cenário, tem ocasionando um grande desperdício de potencialidade do produto em gerar emprego e renda para a população, além da perda de mercado para outras cidades do exterior.

Para especialistas, além dos entraves não contribuírem para movimentar a economia, o repasse dos recursos para a compra de sementes para a safra 2019, podem estar comprometidas devido ao período eleitoral deste ano. Segundo Thomaz Meirelles, especialista na gestão da informação ao Agronegócio, o Amazonas tem todo potencial e condições climáticas para produzir fibra de juta e malva. E destacou, que além da cadeia de fibra natural ser altamente sustentável é a atividade que mais gera renda para família do juticultor.

"É um potencial regional que é produzida naturalmente. É a atividade que mais gera renda para família do juticultor que quer continuar produzindo. Não faz sentido ter indústrias na região que quer essa matéria prima - e um interior que está precisando de emprego - importar juta e malva do outro lado do mundo. Essa importação gera um recurso em torno de R$ 50 milhões. Porque não investir isso na economia do estado? ", explicou.

Segundo o presidente da Faea (Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas), Muni Lourenço, a cadeia produtiva das fibras naturais no Amazonas, tem grande importância social, econômica e ambiental. "Deste segmento, que milhares de pequenos produtores vivem. Essa cadeia produtiva tem característica estratégica para a fixação de população no interior e para o atendimento da demanda nacional do parque fabril de fibras para a produção de sacaria para embalar o café brasileiro, exportado para o mundo inteiro", disse.
Thomaz explicou, que em termos de produção, o estado colheu este ano, cerca de 6 mil toneladas de safra, números muito abaixo para atender a demanda interna, que é de 16 mil toneladas. Ele ressaltou, que devido a situação, importantes indústrias da região Norte do país deixaram de comprar de produtores locais para investir no mercado externo, ocasionando prejuízos ao trabalhador do campo e desperdiçando oportunidade de gerar cerca de 300 mil empregos nos municípios.

"Nós importamos porque não temos produção. Estamos produzindo cerca de 5 a 6 mil toneladas e precisamos produzir 16 mil. Temos 10 mil de defasagem que precisamos correr atrás, para evitar que as empresas importam matéria prima do outro lado do mundo, impedindo de colocar esse dinheiro no bolso do juticultor local. O Governo do estado precisa colocar semente na mão do produtor. Essa situação vem se arrastando há anos e não vem funcionando adequadamente. É um grande problema, porque o Amazonas não produz semente, é preciso comprá-la no Pará" explicou.

Outro fator que tem prejudicado o segmento, é a ausência do repasse de R$ 5 milhões em incentivos para o juticultor, que segundo Meirelles, tem sido atrasado pelo governo desde 2015. No encontro da Câmara Setorial de fibras naturais, que ocorreu na última segunda-feira (6), no auditório da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), o representante da Sepror (Secretária de Produção Rural do Amazonas), Eduardo Rizzo, explicou aos representantes do setor, que o pagamento dos recursos para o pequeno produtor, talvez ocorra no mês de setembro, no valor de R$ 700 mil.
"Não aceitamos a justificativa do governo de que não tem R$ 5 milhões para pagar o juticultor. Recentemente o governo divulgou o investimento de R$ 85 milhões para compra de implementos agrícolas para distribuir no interior. E agora não tem R$ 5 milhões para pagar a subversão do agricultor? Para mim essa conta não fecha. Isso desanima o produtor que está trabalhando no sol", frisou Meirelles.

Na ocasião, um dos assuntos discutidos na pauta, foi o projeto de inovação tecnológica da cultura da malva no Amazonas, que de acordo com o presidente do Sinditêxtil-Am (Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem do Amazonas), Sebastião Guerreiro Sebastião, foi encaminhado a Sepror em 2012, onde foi reprovado pelo governo da época. Segundo ele, o projeto é de suma importância para o fortalecimento da cadeia produtiva no estado, pelo fato de orientar no melhoramento da semente, bem como o seu manejo e mecanização.

"É um projeto de aproximadamente de R$ 3,5 milhões para cinco ou seis anos. Com demanda de recurso anual por volta de aproximadamente R$ 600 mil. Esse projeto é imprescindível para o fortalecimento da cadeia de juta e malva. Precisamos fazer o melhoramento desses produtos, para aperfeiçoar o seu manejo e mecanizar o seu processo de produção, métodos que já existe na índia e Bangladesh. Isso ajudará a criarmos fios mais resistentes e competitivos no mercado", explicou.

Safra 2020 sob risco

Segundo Sebastião, os entraves enfrentados pelo segmento, podem ocasionar a dependência da importação e consequentemente gerar a perda de arrecadação por parte do produtor, causando prejuízos significativos para a safra de 2020.

"Não temos semente para formar a safra de 2020. A semente existente é em volta de 20 toneladas que pertence a indústria. Com esse volume a safra será em volta de no máximo 1.500 toneladas. As indústrias terão que importar de 12 a 15 mil toneladas de fibras. O calendário agrícola de semente de malva é de agosto a novembro, se a liberação de recursos não começar agora com o processo de compra no Pará corremos o sério risco de ter uma safra perdida. Não sabemos se teremos semente para a produção de 2020 e ficaremos 100% dependente das importadas", destacou.

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