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Polo relojoeiro segue produzindo mais e faturando menos no PIM

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25/02/2019

Notícia publicada pelo Jornal do Commercio

Marco Dassori

O polo relojoeiro da ZFM (Zona Franca de Manaus) – único parque industrial do segmento em todo o país – faturou menos e produziu mais, no acumulado de janeiro a novembro. A conclusão vem dos dados mais recentes dos Indicadores de Desempenho do PIM, compilados e divulgados mensalmente pela Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus).

Em relação aos 11 meses iniciais de 2017, o faturamento em dólares encolheu 16,81%, ao passar de US$ 374.87 milhões (2017) para US$ 311.85 milhões (2018). Convertido em moeda nacional, o resultado das vendas dos fabricantes de relógios do Polo Industrial de Manaus foi 4,70% menor, com R$ 1.14 bilhão (2018) contra R$ 1.20 bilhão (2017).

Em contrapartida, a quantidade de relógios de pulso e bolso manufaturados pelos dez fabricantes do Polo Industrial de Manaus listados na Suframa subiu 7,68% na mesma comparação, passando de 8.031.821 (2017) para 8.648.884 (2018) unidades.

Boa parte dessa produção foi vendida em Manaus, conforme indica a mesma base de dados. O número de relógios, de todos os modelos, direcionados ao mercado local disparou estratosféricos 488,75%, totalizando 1.318.636 (2018) contra 223.972 (2017).

O volume de encomendas nacionais para o polo relojoeiro de Manaus, por outro lado, foi na direção contrária e despencou 75,57%. As vendas para o Brasil não passaram de 798.066 peças – contra 1.054.597, no mesmo acumulado de 2017. Pior resultado mesmo foi verificado nas exportações, que desabaram de 8.670 (2017) para 252 (2018), uma diferença de 97,09%.

Sazonalidade e sobrevivência

“Esse crescimento nas vendas locais é um ponto fora da curva. Acreditamos que houve erro de alguma empresa, porque o mercado de Manaus não tem como absorver uma quantidade tão grande de produtos. Como tivemos uma fusão de empresas recentemente, arrisco dizer que pode ter ocorrido uma venda de uma fábrica para outra. Mas, não temos como confirmar”, destacou o presidente do Sindicato das Indústrias de Relojoaria e Ourivesaria de Manaus, Amilton Cestari.

O dirigente minimizou o crescimento exponencial das exportações de relógios made in ZFM, ressaltando que a fatia da produção reservada ao mercado externo é tradicionalmente residual. “Deve ter ocorrido alguma sazonalidade. Ninguém do nosso segmento trabalha explorando uma marca nacional no mercado estrangeiro. O que costuma ocorrer é o contrário”, justificou.

Cestari diz que o contraste entre faturamento e produção ocorre em função de um tradicional acúmulo de estoque nas fábricas, no fim do ano. Isso porque, diferente do que acontece em outros subsetores industriais do PIM, o polo relojoeiro não produz mediante vendas fechadas, mas em cima de expetativas. A ideia, segundo o executivo, é evitar que a indústria fique sem produtos para atender o varejo, na hipótese de aquecimento. Mas, a dinâmica do mercado brasileiro vem trabalhando contra as empresas.

“O ano de 2018 foi muito ruim para o segmento, em todos os sentidos. Relógio é um artigo considerado supérfluo e sensível à retração econômica. Se você verificar na Receita, vai ver que os números de importação de produtos acabados também foi menor. E estes dois primeiros meses estão sendo catastróficos. Temos que ser otimistas, mas confesso que nossa expectativa para este ano é de sobrevivência, não de crescimento”, lamentou

Queima de estoque

Ex-titular do mesmo sindicato e atual presidente do SIMMMEM (Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Manaus), Nelson Azevedo não descarta que a maior concentração de vendas em Manaus tenha decorrido de uma tentativa de queima de estoque, quando indagado sobre essa hipótese.

“Tivemos um Black Friday aquecido e com período mais longo. Diferente do que se via nos meses anteriores, o pessoal visitava os shoppings para comprar e não apenas para passear. Não sei como foi em outras praças, mas vi que as lojas de Manaus ofereceram muitas promoções”, salientou.

O dirigente, que também é um dos vice-presidentes da Fieam (Federação das Indústrias do Amazonas), avalia que, em linhas gerais, a diferença entre produção e faturamento acontece, paradoxalmente, em função de um aumento de confiança do consumidor, após os resultados das urnas.

“As empresas estão refazendo estoques e aumentando a produção porque a economia já está respondendo melhor. O consumo aumentou com a volta da confiança do consumidor. E já vemos os efeitos em outros segmentos da indústria. Um bom exemplo disso é o investimento da Moto Honda na ampliação de suas atividades no PIM, anunciado nesta semana”, encerrou.


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