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Polo Industrial cresce 11,29%, mas perde quase 35 mil empregos

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28/05/2019

Notícia publicada pelo Jornal Em Tempo

Quando se fala em indústria, a primeira coisa que vem na mente dos amazonenses é o Polo Industrial de Manaus (PIM) ou, simplesmente, Zona Franca de Manaus. Com mais de 62 anos gerando oportunidade de emprego, o PIM fechou o ano de 2018 com 86.047 trabalhadores entre efetivos, temporários e terceirizados. Embora o número pareça expressivo, neste sábado (25), Dia da Indústria, os funcionários do setor podem não ter o que comemorar já que a indústria local apresenta queda no número de empregos nos últimos seis anos.

A Zona Franca reúne atualmente 500 indústrias, segundo dados da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa). Dentre os segmentos que atuam no Polo Industrial estão o eletroeletrônico, duas rodas, naval, mecânico, metalúrgico, termoplástico, entre outros.

A produção do PIM é direcionada majoritariamente para o mercado brasileiro. De 2013 para 2018, o número de mão-de-obra empregada caiu de 121,6 mil para 87,7 mil. Uma redução de 33.899 postos de trabalho durante esse período. Por outro lado, o faturamento das indústrias do PIM saltou de R$ 83,2 bilhões em 2013, para R$ 92,6 bilhões, em 2018, o que representa um crescimento de 11,29%.

Para o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Nelson Azevedo, a queda no número de empregos está seguindo o quadro econômico do país. Segundo o representante, a geração de empregos apresentou um crescimento desde 2017, mas cenário ainda é de incerteza.

“A redução nos postos de emprego vem em decorrência da situação econômica do país. Embora tenha ocorrido uma estabilidade a partir do segundo semestre de 2017, ainda é muito incerto. A redução foi substancial, mas de qualquer forma houve um pequeno crescimento. É um momento de instabilidade que tem repercutido no consumo local. A ZFM tem sido atacada pelo Ministro. Hoje, há mais de 105 projetos pendentes para discussão”, afirma Nelson Azevedo.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a indústria do Amazonas apresentou a quarta maior retração do País em março deste ano, atrás apenas de Pará (-12,5%), Mato Grosso (-12,3%) e Espírito Santo (-11,1%). O índice do Estado está, inclusive, acima da média nacional para o período que foi 6,1%.

O setor amazonense também sofre queda em todos os outros períodos analisados na pesquisa do IBGE. A indústria do Amazonas recuou -5,1% no primeiro trimestre do ano; -2,1% no acumulado dos últimos 12 meses e -0,5% no comparativo de março e fevereiro de 2019.

Menos empregos com a crise econômica

Nos últimos seis anos, a oferta de postos de trabalho no Polo Industrial de Manaus reduziu com a crise econômica e política brasileira. O número de trabalhadores empregados no PIM chegou a atingir média mensal de 122.177 mil, em 2014. Embora tenha tido a baixa no número de oferta de empregos, o faturamento nos últimos anos só cresceu. A diferença no faturamento entre 2017 e 2018 mostra um crescimento de 12,92%, um total de R$ 82,070 bilhões.

Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Indústrias de Plástico, Francisco Brito, o aumento do faturamento das Indústrias do PIM é atribuído a flexibilização da reforma trabalhista e ao grande número de contratações terceirizadas.

“Nós sentimos na pele a redução dos empregos. Na quinta, nós tivemos uma reunião com uma empresa que anunciou que fecharia as portas e demitiria todos os trabalhadores. O lucro das empresas aumentou nos últimos anos devido ao crescente número de terceirizados contratados. A reforma trabalhista estabelece que quem tem dinheiro ganha mais dinheiro, quem não tem dinheiro, sofre. Os terceirizados vivem um regime precário”, afirma o representante.

Os dados divulgados pela Suframa, em fevereiro de 2019, mostram que o PIM vem apresentando um gradual crescimento no trabalho terceirizado. Em especial nos últimos dois anos, graças à Reforma Trabalhista e à Lei de Terceirização (nº 13.429/2017) – que permite terceirizar a força de trabalho para atividades-fim e meio.

Entre os 110.133 trabalhadores na ativa em novembro de 2008, 4.262 eram terceirizados (3,87% do total), 7.317 eram temporários (6,64%) e 98.554 eram efetivos (89,49%), conforme os Indicadores de Desempenho do Polo Industrial de Manaus.

Já em novembro de 2018, o número de efetivos era de 77.037 (89,72% do total), 5.096 temporários (5,92% ) e 5.106 de terceirizados (5,93%). O que representa um aumento nos últimos dez anos de 2,2% no número de terceirizados na Zona Franca de Manaus, no mesmo período analisado.

Embora em 2018, a média mensal de empregos diretos do PIM estivesse estabelecida entre a melhor dos últimos três anos, com 87.732 trabalhadores, no momento mais acentuado da crise, em 2015, foram 33 mil contratações contra 58,7 mil desligamentos. O saldo negativo foi de 25,6 mil vagas.

Se todas as indústrias saíssem da Zona Franca de Manaus, o Estado perderia não só uma das maiores matrizes econômicas, mas ficaria sem perspectiva de geração de emprego para mais de 86 mil amazonenses. É o que afirma o vice presidente da Fieam.

“Nós não temos outra matriz econômica que gere emprego nos próximos 10 anos. Algo que represente pelo menos 1/3 dos empregos do PIM. Não temos perspectiva da criação de um modelo para gerar emprego. Nós temos que trazer investidores para o Polo Industrial para continuarmos explorando o setor”, afirma Nelson Azevedo.

Segmentos e produtos

Com faturamento de R$ 29,92 bilhões no final do ano passado, o segmento Eletroeletrônico segue sendo o setor com maior representatividade no faturamento global do PIM, atingindo 28,27% de participação.

Na sequência, aparecem os setores de Bens de Informática, com faturamento de R$ 19,89 bilhões e 21,39% de participação; Duas Rodas, com R$ 12,95 bilhões e 13,98%; Químico, com R$ 11,05 bilhões e 11,88%; e Termoplástico, com R$ 5,76 bilhões e 6,19%.

No acumulado de janeiro a julho, os televisores com tela de cristal líquido – principal produto fabricado pelo PIM – tiveram 7,37 milhões de unidades produzidas, um crescimento de 24,72% ante o mesmo intervalo de 2017.

Indústria 4.0

O economista Salomão Neves explica que o crescimento no setor de Eletroeletrônico está diretamente relacionado com a atual indústria 4.0 – conceito que engloba as principais inovações tecnológicas dos campos de automação, controle e tecnologia da informação, aplicadas aos processos de manufatura.

“Estamos falando do conhecimento e da melhoria dos processos com a Indústria 4.0. É preciso que os funcionários das indústrias tenham a expertise para lidar com o avanço, senão é difícil de se manter. Esse novo conceito surgiu para trazer melhoria. No ponto de vista do consumidor, os produtos são entregues com mais qualidade, já para as empresas a preocupação maior é sobre um aumento de produtividade e os ganhos com a internet das coisas. O setor eletroeletrônico é pungente devido, principalmente, aos celulares”, afirma o economista.

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