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Polo Digital é opção de novo modelo econômico

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28/01/2020

Fonte: Jornal A Crítica

Os polos digitais devem gerar, até 2024, 400 mil postos de trabalho em todo o País, de acordo com a Associação das Empresas de Tecnologia. E no Amazonas as primeiras tratativas para o início da criação do modelo já começam a ser debatidas por empresários do ramo e entidades vinculadas ao setor.

Um mapeamento do ecossistema do Polo Digital de Manaus mostrou que já existem mais de 100 startups no cenário manauara. Os segmentos de atuação são diversos, e vão desde a área de logística, venda de produtos e serviços, beleza, indústria, entre outros.


O líder da comunidade Jaraqui Valley, Marcelino Macedo destacou que o cenário muda constantemente. “Nunca é um valor preciso. Não há dados precisos sobre o ecossistema de startups, pois é um cenário de incertezas. Hoje posso ter 200 e amanhã podem ser 50.
Os cenários são assim.

São mais de 100 startups, pelo menos. São seis anos desenvolvendo de forma voluntária esse trabalho dentro da comunidade. Trata-se de um grande volume de empresas inovadoras sendo criadas aliado à diversidade de pessoas”, explicou.


NOVA FRONTEIRA

Segundo o presidente do Conselho de Desenvolvimento Econômico, Sustentável e Estratégico (Codese-Am), Romero Reis, é fundamental diversificar a matriz econômica da Região.

“O modelo econômico existente hoje em Manaus é extremamente dependente do Polo Industrial, onde subsídios, isenções e renuncias fiscais praticamente são palavras abolidas pela condução liberal do Ministério da Economia no Brasil.

Buscar alternativas, como a criação do Polo Digital, atividade que agrega valor em suas atividades, será capaz de suprir parte dos postos de trabalho que certamente perderemos ao longo dos próximos anos na ZFM, além de trazer faturamento de qualidade para Manaus”, disse.

Ainda segundo ele, um dos desafios para a implementação do polo diz respeito à qualificação de mão de obra, sendo necessário que haja uma reestruturação curricular de base.

“É preciso rever as grades curriculares, tanto do ensino fundamental, como do ensino médio e graduação, ministrando matérias afins e exigidas na atividade digital e de programação, onde matemática de qualidade e aprofundada é vital, permitindo o domínio dos complexos algorítimos inseridos nos softwares atuais”, concluiu.


O QUE JÁ FOI FEITO?

Evento oficial no calendário manauara, a Feira do Polo Digital de Manaus é um dos acontecimentos que tem demonstrado novas iniciativas no ramo e no desenvolvimento do polo.

Organizada pelo Codese em parceria com empresas de tecnologia, a última edição, realizada em outubro do ano passado reuniu cerca de 51 expositores e 48 startups, de acordo com a organização.

Mais de 18 mil visitantes compareceram ao local. Foram prospectados R$ 16 milhões em negócios, e aproximadamente R$ 1,5 milhão em negócios foram fechados.

CONSULTORIA

A prefeitura anunciou, na semana passada, a contratação de uma consultoria em cenários estratégicos. O contrato foi assinado pelo prefeito de Manaus, Artur Neto (PSDB) e o empresário Cláudio Marinho, diretor da Porto Marinho, empresa responsável pelo Porto Digital, em Recife (PE). O modelo de parque tecnológico visa estimular o empreendedorismo e o desenvolvimento tecnológico. Um fator levado em consideração na assinatura do contrato foi a Lei de Informática, que concede a isenção de impostos sobre produtos produzidos na ZFM.

Saiba mais

Isenção

O polo concederá a isenção do IPTU durante dez anos às startups ou segmentos empresariais e de serviços de apoio ao PDM, assim como a Taxa de Localização e de Verificação de Funcionamento das mesmas.
Serão isentas as taxas de natureza urbanística, sanitária ou ambiental.

Análise

Geraldo Feitoza

PRESIDENTE DO INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO

Modelo de negócios

A proposta do polo digital é muito boa. A região é uma região carente buscando novas oportunidades, novos negócios. A gente tem uma base muito forte na zona franca.
Mas por outro lado a gente precisa diversificar e buscar novas alternativas para a região.
A chegada do polo digital vai trazer tecnologias, trazer e gerar recursos humanos competentes, um núcleo especializado para desenvolver projetos importantes para o mercado.

Geração de empregos de tecnologia, que possuem características diferentes. Os ganhos de empregos de tecnologia são maiores do que a média do mercado, o que gera maior oportunidade. O INDT já tem investido em mais de 40 startups. São startups de tecnologia, empresas de base tecnológica. Não é possível precisar um dado específico do retorno dessas empresas, pois o mapeamento depende da quantidade de startups que forem para o mercado.

Ideias todos nós temos, mas boas ideias que estejam conectadas com a necessidade do mercado, não é um trabalho fácil. Por essa razão é necessário que a gente trabalhe muito na orientação, na capacitação das empresas, mostrando para elas como se constrói o negócio. Muitas vezes a gente deposita esperança na tecnologia. A tecnologia é importante, mas o modelo de negócio é muitas vezes superior à tecnologia.

Em números

60% É o valor do abatimento do Imposto Sobre Serviço (ISS) incidente nas atividades específicas das startups.

Existem leis de incentivo à criação do polo.
Uma delas é a nº 2.565/2019, que institui o Programa de Incentivos Fiscais e Extrafiscais (Proinfe),

Comentário

POR Glauco Aguiar ESPECIALISTA EM TECNOLOGIA

“É preciso plantar a semente da tecnologia”

Alguns pontos importantes devem ser citados ao falar do polo digital.
Referência nesse aspecto é a cidade de Florianópolis. Ano passado já contavam cerca de 900 empresas de tecnologia. E 10% do PIB deles é concentrado no bolo digital, mais ou menos R$ 5 bilhões por ano. Mas não é algo que acontece do dia para a noite.
O polo de Floripa, por exemplo, já existe há pelo menos 20 a 30 anos.
É um trabalho a longo prazo. A gente está semeando agora, mas vamos demorar alguns anos para ter o polo digital que tanto sonhamos. É interessante ver esse movimento que vem acontecendo. A gente vê grandes nomes e grandes empresas se empenhando para que isso saia do sonho. Cada ator auxilia da forma que pode para que a gente possa ter um polo digital organizado. Ainda não temos o suficiente para um grande polo, mas já temos startups que fazem um trabalho incrível na cidade, e a conexão entre elas é fundamental.
É preciso ter uma educação de base que possibilite aos alunos entender desde cedo que a solução digital pode impactar o mundo. Assim começaremos a plantar realmente para colher no futuro. Se a gente semear isso, dentro de no máximo dez anos começaremos a ter muitas ideias, muitas startups brotando.

OBSTÁCULOS PARA O POLO DIGITAL – Editorial

Novamente volta ao debate e implantação do Polo digital de Manaus, uma iniciativa com potencial de gerar 400 mil empregos em todo o País. Seria uma forma de diversificar a indústria local, em um cenário onde subsídios, isenções e renúncias fiscais não fazem parte do vocabulário do atual governo. O próprio presidente já deixou claro que é preciso encontrar formas de tornar “amena” a desativação do modelo baseado em incentivos.
O projeto, porém, esbarra na carência de mão de obra qualificada no Amazonas.

Pela natureza do produto em questão, há ainda a possibilidade de que empresas façam apenas o registro formal no Amazonas para obter o incentivo fiscal, gerando empregos em outros Estados, numa nova versão do famoso caso do “crime do colarinho verde”.
A intenção é antiga, o projeto é bastante óbvio usar incentivos fiscais para fomentar o desenvolvimento de um polo digital.

O problema é que a prática é um pouco mais complexa do que o discurso, envolve a criação, em Manaus, de uma “cultura” digital, com universidades e centros de formação superior atuando de forma integrada com a iniciativa privada, transformando o Amazonas no “Vale do silício brasileiro.

Parece uma utopia, mas é possível. É verdade que já foi tentado antes…e fracassou por diversos motivos, mas o principal foi a ausência de uma abordagem sistêmica no projeto. As grades curriculares do ensino médio e até do fundamental teriam que ser revistas, novos cursos técnicos na área de softwares teriam que ser criados e os cursos superiores teriam que ajustar suas grades para o mercado.

Algo assim não se faz em “alguns” anos. Trata-se de algo que só pode ser trabalhado em longo prazo, com um planejamento muito bem elaborado e com adoção de ferramentas que deixem a iniciativa blindada contra os humores governamentais.

O desenvolvimento do Polo Digital no Amazonas só será uma realidade se for tratado como um projeto de Estado, e não de governo. Outro problema é a insistência muito presente no atual governo federal em apagar toda e qualquer marca de um suposto socialismo que só existe na cabeça dos mais desprovidos de raciocínio.

Enquanto essa mentalidade atrasada e inaceitável prevalecer, o polo digital continuará sendo apenas um dos tantos outros projetos para diversificação da Zona Franca de Manaus que ficaram pelo caminho.

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