30/06/2014
Com uma redução acumulada de 1,5% nos emplacamentos até maio deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado, as vendas projetadas para o período ‘pré-Copa’ não atingiram o nível necessário para segurar o resultado deste ano, influenciado pela concorrência com outros bens duráveis e pela dificuldade na liberação de crédito, que continua restritiva, afirma o diretor executivo da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), José Eduardo Gonçalves.
“Apesar do esforço das montadoras e suas redes de concessionários para alavancar as vendas no período pré-Copa do Mundo, os negócios de maio não mantiveram o ritmo desejado de 6.200 unidades vendidas por dia”, disse.
De acordo com dados da Abraciclo, em maio deste ano a média de unidades vendidas por dia foi de 6.033 motocicletas, número 2,69% menor que a média de maio de 2013. De janeiro a maio foram emplacadas 616.751 motocicletas, frente às 623.239 unidades do mesmo período de 2013.
Considerando o número de unidades vendidas no atacado, a redução foi ainda maior, de 5,9% no período.
Em janeiro deste ano, o diretor-presidente da Yamaha no Brasil, Shigeo Hayakawa, já projetava dificuldades para o setor em 2014, devido, principalmente, à Copa do Mundo. “Será um período em que o consumidor não investirá na compra de uma moto, mas em outros gastos”, afirmou, referindo-se a itens como televisores, que atingiram recordes de vendas e produção este ano. Na ocasião, o executivo esperava aumentar em 25% suas vendas ‘pré-Copa’, para conseguir assegurar um crescimento entre 2% e 3% em 2014. Meta não alcançada, embora o incremento de 20% nas vendas do período seja considerado “dentro das expectativas” pela empresa.
A Yamaha informou que ainda não é possível avaliar o impacto das eleições no consumo do segundo semestre. Mas as estimativas da Abraciclo não são animadoras. “Nos próximos dois meses, o varejo deverá ser impactado negativamente pela redução da demanda – situação típica de anos em que ocorre esse evento (Copa do Mundo)”, disse Gonçalves.
O diretor da entidade ressalta, no entanto, que historicamente o segundo semestre costuma apresentar melhora. “De qualquer forma, 2014 será um ano atípico para o varejo em geral, com Copa do Mundo e eleições. Os fabricantes já trabalham com a hipótese de ocorrer nova queda em 2014”, avalia.
Um dos fatores que deve contribuir para isso é a dificuldade na liberação de crédito, que se mantém desde 2012. Segundo José Eduardo Gonçalves, apenas 20% dos pedidos de financiamento para motocicletas são aprovados pelas instituições financeiras.
A Moto Honda da Amazônia foi procurada para comentar o cenário, mas segundo informações da assessoria, não foi possível enviar uma resposta, pois a fabricante antecipou as férias coletivas deste ano. De janeiro a maio de 2014, o número de motocicletas fabricadas pela empresa, que possui a maior participação no mercado nacional, caiu 7,13%, passando de 576.715 unidades, em 2013, para 566.712 nos cinco primeiros meses de 2014.
Modelos de alta potência
Enquanto o cenário para as motocicletas de baixa cilindrada, com potência entre 100 e 400 centímetros cúbicos (cc), continua dramático, devido a dificuldades na liberação de crédito, os modelos de alta potência vêm se destacando, proporcionando um ‘suspiro’ às fabricantes.
“A venda dos modelos premium (acima de 450 cm³, ou seja, motocicletas de alta cilindrada) é constituída, em grande parte, por compradores pertencentes às classes socioeconômicas A e B, que têm mais facilidade para a comprovação de renda e obtenção de crédito, além de poderem pagar entradas de até 50% nos financiamentos”, avalia o diretor executivo da Abraciclo, José Eduardo Gonçalves.
Foi o que aconteceu com a Yamaha nestes primeiros cinco meses, segundo informou a companhia, onde o melhor desempenho de vendas ocorreu justamente no segmento de alta potência.
De acordo com os dados de vendas no atacado da Abraciclo, de janeiro a maio do ano passado a Yamaha havia comercializado 1.012 unidades da motocicleta XT 660 R, que tem preço médio de R$ 27,7 mil. No mesmo período deste ano a fabricante vendeu 1.225 unidades do modelo, um crescimento de 20%.
Já no caso da Factor YRR 125 cc, um dos modelos mais populares da marca, que tem custo aproximado de R$ 55 mil, foram vendidas 28.225 unidades nos primeiros cinco meses de 2013, enquanto que, até o momento, 16.385 exemplares do modelo foram para o mercado. O número corresponde a uma queda de 41% nas vendas, na comparação com o mesmo período deste ano.
Deve-se ressaltar, no entanto, que a entrada de novos modelos de 150 cilindradas, como a Crosser e a Fazer, também podem ter exercido alguma influencia neste resultado.
Fonte: Portal D24am.com