11/12/2019
Fonte: Jornal do Commercio
O governo federal confirmou, na manhã desta
terça (10), o aval ao
texto substitutivo do
Projeto de Lei que altera a Lei de
Informática (4.805/2019), resguardando as vantagens comparativas
do polo componentista da ZFM e
evitando que os benefícios fiscais
fossem estendidos a fabricantes instalados
em outras partes do país.
Acordado
anteriormente
com a equipe econômica
do governo,
o texto do relator, senador
Plínio Valério
(PSDB-AM),
foi aprovado
o n t e m , e m
sessão conjunta
da CCT (Comissão de Ciência e
Tecnologia) e CAE (Comissão de
Assuntos Econômicos), e deve ser
votado no plenário nesta quarta
(11), em caráter de urgência. A
previsão anterior era que votação
ocorresse ainda ontem, mas acabou sendo adiada para hoje, em
função de sessão do Congresso.
A confirmação do acordo trouxe alívio para os envolvidos, apesar do prazo para sua tramitação ser curto, diante da proximidade
do recesso parlamentar e da urgência da pauta. A nova versão
tem que ser aprovada antes de
31 de dezembro, prazo definido
pela OMC (Organização Mundial
do Comércio), em tempo de adequar a nova lei e evitar sanções
ao Brasil.
A meta é que, logo após a
votação no plenário do Senado,
o projeto retorne à Câmara, para
ser apreciado
e m a l g u m a
comissão e ser
votado novamente em plenário. A casa legislativa pode
até suprimir
alguns pontos
do projeto, mas
fica impedida
de fazer acréscimos.
O processo
inteiro deve
ocorrer antes
do recesso parlamentar, marcado para o final da
próxima semana. Caso isso não
aconteça, e o PL não seja aprovado até o último dia do ano,
o presidente Jair Bolsonaro terá
que editar uma Medida Provisória
com as mudanças exigidas pela
OMC para evitar medidas repressivas ao interesse do país, que
poderiam incluir outros setores,
além da indústria -em especial o
agronegócio brasileiro.
Importações e PPB
As modificações que constam
do substitutivo ao texto da Câmara dos Deputados, negociado
com o governo e as assessorias
técnicas de Valério e do presidente da CAE, senador Omar Aziz
(PSD-AM), garantem a competitividade de empreendimentos do
polo de componentes da ZFM.
“Queremos uma lei em que o
Brasil cumpra as determinações
da OMC e a Zona Franca fique
protegida, principalmente no caso
do polo componentista. Porque, se
você muda o PPB (Processo Produtivo Básico), como eles tinham
mudado, as empresas não precisavam mais comprar nenhum
componente brasileiro”, justificou Omar Aziz, em vídeo divulgado
por sua assessoria de imprensa.
Do jeito que estava, segundo o
senador, os fabricantes poderiam
importar os bens de informática
produzidos no Brasil e na ZFM,
sendo ressarcidos pelo governo
federal pelos 15% pagos a título
de IPI (Imposto sobre Produtos
Industrializados), e gerando uma
renúncia fiscal de quase R$ 20
bilhões.
O político destaca que o acordo foi costurado pela “união de
forças” dos ministérios da Economia e de Ciência e Tecnologia,
bem como do governo do Amazonas e da bancada parlamentar
do Estado no Congresso. O vice-governador do Amazonas, Carlos Alberto Almeida, participou do
fechamento do acordo e acompanhou a votação nas comissões.
Emendas supressivas
“Podemos garantir, no novo
texto, o tratamento diferenciado
e a competitividade da Zona
Franca. Não somos salvadores
da pátria, só cumprimos nossa
missão de defender e lutar pela
ZFM. Como relator, depois de
muitos estudos com os técnicos
do meu gabinete, do governo e
do Omar, conseguimos um texto
que preserva o modelo”, comemorou Plínio Valério, que também é
vice-presidente da CAE, em texto
distribuído por sua assessoria de
comunicação.
Indagado pelo Jornal do Commercio sobre a possibilidade de
mudanças indesejáveis para o
polo componentista da Zona
Franca de Manaus, durante a
apreciação da nova versão do
texto do PL 4.805/2019 na Câmara
dos Deputados, Plínio Valério se
disse otimista e descartou a possibilidade de turbulências para a
ZFM no processo
“Não creio que haja mudança
para pior. A Câmara dos Deputados pode até fazer emendas supressivas, tirando um ponto ou
outro. Mas não estamos apontando nenhuma benefícios adicionais
para a Zona Franca, que continua
do jeito que estava. Nossa briga
era para não conceder as mesmas
vantagens competitivas da ZFM
aos outros e isso ficou garantido
na Lei de Informática. Saiu melhor do que planejamos. Tivemos
muita solidariedade dos outros
senadores”, arrematou.
O Jornal do Commercio tentou
ouvir também o senador Eduardo
Braga (MDB-AM), por intermédio
de sua assessoria de imprensa,
para ouvir sua posição a respeito
da questão. Na segunda (9), ao
voltar a Brasília, o parlamentar
mandou sua equipe levantar todas as informações a respeito e
disse que se pronunciaria sobre
o assunto apenas nesta terça (10).
Procurada, a assessoria ficou de
dar uma resposta e não se pronunciou até o fechamento desta
edição.