03/12/2013
Menos de seis meses depois a briga, desta vez entre LG G2 e Xperia Z1, se repete, mas com um resultado diferente. A empresa sul-coreana estudou o adversário, tomou as decisões certas e virou a mesa: o G2 oferece um melhor custo-benefício, e sem abrir mão do conforto.
Design e Hardware
No design o LG G2 é notavelmente diferente de seu ancestral, o Optimus G. Para começo de conversa a traseira de vidro com um padrão cintilante foi substituída pelo bom e velho plástico, com um padrão de listras diagonais que parece mudar de acordo com a luz. E as bordas são arredondadas, o que o torna mais confortável na mão.
Em comparação ao Xperia Z1 (7,4 x 14,4 x 0,85 cm, 170g) o G2 é menor e mais leve, embora seja um pouquinho mais grosso (7 x 13,8 x 0,89 cm, 143 gramas). Um detalhe: o G2 tem uma tela maior, 5.2 polegadas. Ao manusear ambos os smartphones a diferença é notável, principalmente graças às bordas muito mais finas no modelo da LG, tanto dos lados quanto acima e abaixo da tela. O G2 “aproveita melhor” o espaço, e reproduz aquela sensação de estar segurando “só a tela” que tive quando conheci o Xperia ZQ no início do ano.
Nas laterais não há um botão sequer, nem o controle de volume e o liga/desliga. Eles migraram para a traseira, em um conjunto logo abaixo da lente da câmera. Segundo a LG é uma questão de ergonomia, já que eles estão justamente na posição onde o dedo indicador da maioria dos usuários fica quando o aparelho é segurado com uma mão, facilitando seu acionamento. À primeira vista é um arranjo estranho, mas é fácil se acostumar com o tempo.
Na parte de baixo ficam a saída para fones de ouvido, porta micro USB e alto-falante. Não há uma porta HDMI, mas é possível usar um adaptador SlimPort (o mesmo usado pelo Nexus 4, vendido separadamente) para ligar o smartphone diretamente à uma TV. O SIM Card (micro SIM) fica em um slot no canto superior esquerdo, que deve ser aberto usando um clipe de papel ou a ferramenta inclusa na embalagem. Como em muitos outros aparelhos no mercado, a bateria e fixa e não há um slot para cartões microSD. Do 16 GB de memória interna, pouco mais de 10 GB estão disponíveis ao usuário.
A tela LCD IPS tem 5.2 polegadas e resolução Full HD, e não há do que se queixar em termos de ângulo de visão, nitidez ou fidelidade de cor, Só há um porém: o controle automático de brilho tende a deixar a tela mais escura do que eu gostaria, e demora demais para reagir a mudanças súbitas na luminosidade ambiente, como quando você está ao ar livre e sai da sombra para a luz direta do sol. Falando em ar livre, a visibilidade sob a luz do sol é boa, depois que a tela se ajusta a ela.
Em termos de conectividade o LG G2 tem suporte a todas as tecnologias de rede que você possa imaginar: redes 4G e 3G, todas as cinco gerações de Wi-Fi (802.11 a, b, g, n e ac) e Bluetooth 4. Também há NFC, GPS e Rádio FM, embora não haja um sintonizador de TV Digital como no Xperia Z1.
Software
O sistema operacional do LG G2 é o Android 4.2.2, com modificações feitas pela LG. Entre elas estão os “Aplicativos QSlide”, uma série de “mini-apps” (player de vídeo, navegador, discador, mensagens, calendário, e-mail, bloco de notas, gerenciador de arquivos e calculadora) que rodam em uma janela sobre os outros apps, em qualquer parte do sistema operacional, possibilitando uma espécie de multi-tarefa.
Por exemplo, se você está escrevendo um e-mail e precisa fazer uma conta, basta abrir a versão QSlide da calculadora, sem sair do cliente de e-mail. A posição e transparência da janela de cada mini-app pode ser controlada pelo usuário. A lista com todos os aplicativos QSlide fica no painel de notificação e a ordem dos apps, e quais aparecem na lista, pode ser personalizada pelo usuário.
O LG G2 também pode ser usado como um controle remoto universal para seus eletrônicos, graças ao app Quick Remote. Funciona com TVs, decodificadores de TV a cabo, aparelhos de som, players de Blu-Ray e DVD, projetores de vídeo, aparelhos de ar condicionado e mais, de diversos fabricantes. Basta seguir as instruções na tela para configurar um aparelho, e é possível agrupá-los de acordo com as áreas da casa, por exemplo, ter um conjunto de controles para a sala e outro para o quarto.
Já o Safety Care é um pacote de utilitários para auxiliar o usuário em emergências. Por exemplo, é possível disparar um SMS com a localização do aparelho para uma série de contatos pré-definidos assim que uma chamada para um número de emergência (como o 190 da Polícia) for feita. Ou fazer o mesmo caso o aparelho não tenha sido usado por um período específico de tempo, ou caso ele saia de uma área geográfica pré-definida. Também é possível permitir que um contato autorizado consulte a localização do aparelho, use as câmeras dianteira e traseira pra monitorar os arredores ou dispare uma sirene pra auxiliar numa busca.
O utilitário LG Backup permite fazer backup das informações no aparelho, incluindo configurações, apps baixados e dados (músicas, fotos e vídeos) armazenados no cartão, e restaurá-las mais tarde caso necessário. Também é possível agendar backups, e há uma opção para fazer a transferência do histórico de chamadas, mensagens, alarmes, favoritos, contatos e anotações para um outro aparelho.
A LG adicionou ao G2 um recurso muito prático: você pode “acordar” o aparelho dando dois toques sobre a tela, o que é útil para ver que horas são ou que mensagem chegou sem sequer precisar tirar o smartphone da mesa. Parece um recurso bobo, mas é algo com que você se acostuma rápido. Tanto que me peguei tentando usá-lo em outros aparelhos.
Câmera
Quando fiz o review do LG Optimus G, cinco meses atrás, a câmera foi a maior decepção. Apesar da alta resolução do sensor (13 MP), as fotos em ambientes pouco iluminados tinham ruído excessivo, que acabava estragando a imagem. O LG G2 também tem uma câmera com um sensor de 13 MP que desapontou na qualidade. Mas desta vez o problema é ruído “de menos”.
Explico: na tentativa de minimizar o ruído o aparelho aplica um algoritmo de processamento que “suaviza” a imagem, tornando o ruído menos visível. O problema é que ele exagera na dose, o que prejudica a nitidez e acaba destruindo os detalhes. Numa foto noturna paredes de prédios perdem a textura, folhas de árvores viram uma massa verde, e tudo fica com cara de aquarela.
Por outro lado, tenho que admitir que o sensor do G2 capta mais luz que seus concorrentes, produzindo imagens mais claras. Só gostaria que não fosse necessário abrir mão dos detalhes para isso. O processamento agressivo é algo que pode ser resolvido com uma atualização de software e gostaria que a LG repensasse sua abordagem, como a Motorola fez com o Moto X.
Felizmente nas fotos diurnas o G2 se sai muito melhor. O software da câmera tem recursos similares aos do Samsung Galaxy S4, como um modo HDR, dois modos panorâmicos (um tradicional e outro com fotos em 360 graus), captura dupla (fotos com a câmera traseira e frontal na mesma imagem), disparo contínuo (Burst) e outros.
Na hora de filmar é possível produzir vídeos com resolução Full HD (1980 x 1020 pixels) ao mesmo tempo e usar as duas câmeras na mesma cena (uma num quadro menor, como nas fotos). Não há um modo de câmera lenta, algo que está se tornando comum em muitos aparelhos nos últimos meses.
Desempenho e autonomia de bateria
O LG G2 é baseado num processador quad-core Qualcomm Snapdragon 800 (MSM8974) rodando a 2.2 GHz, acompanhado por 2 GB de RAM. É a mesma plataforma usada no Xperia Z1, embora em nossos testes de desempenho os resultados tenham sido um pouco inferiores.
Por exemplo, no AnTuTu foram 31.021 pontos, contra 33.951 no aparelho da Sony. E no 3DMark, que testa o desempenho gráfico, ele gabaritou o teste Ice Storm e conseguiu impressionantes 9.910 pontos no Ice Storm Extreme, enquanto o Z1 se saiu melhor e gabaritou ambos.
A diferença pode ser devido à detalhes de implementação do hardware ou otimizações no sistema operacional. O fato é que na prática ela é nula, e não há absolutamente nada do que reclamar do LG G2 no dia-a-dia. De navegadores e redes sociais a jogos sofisticados como Asphalt 8 (na qualidade gráfica máxima) ele rodou tudo com perfeição.
A autonomia de bateria também agradou bastante: em nosso teste de uso típico a bateria ainda tinha 34% de carga depois de 11 horas e 24 minutos fora da tomada, com uma autonomia total estimada em mais de 16 horas, isso sem ativar os recursos de economia de energia do sistema. É um resultado muito bom, porém menor que o do Xperia Z1, que depois de 13 horas fora da tomada ainda tinha quase metade da carga restante.
Veredito
Com desempenho excelente, design confortável e boa autonomia de bateria, em minha opinião o LG G2 é o melhor smartphone Android no mercado nacional. Seu concorrente direto, o Xperia Z1, pode parecer um pouco mais poderoso no papel, mas a diferença é imperceptível na prática e a melhor ergonomia e menor preço (R$ 1.999, R$ 400 a menos que o Z1) dão a vantagem ao aparelho da LG. Se a câmera fosse melhor e ele tivesse um slot para cartões microSD, seria perfeito.
Fonte: PC World