28/07/2015
Cidade industrial
Nunca é demais lembrar que esta Agenda 21 foi formulada pela ONU, em 1992, no Rio de Janeiro, sendo o Brasil o primeiro signatário e seu propositor, na Conferência Rio-92, sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Essa discussão precisa considerar a base material, fator de sustentabilidade. "Não faz sentido proibir tráfego de caminhões numa cidade industrial como Manaus, basta ordenar em comum acordo com os interessados, a indústria e o cidadão",diz Augusto. A luta obstinada pela sustentabilidade do projeto de Mobilidade Urbana de Manaus deve, necessariamente, fundar-se na interação existente entre Transporte e Uso do Solo e essa relação precisa debater, escolher, socializar e respeitar um conjunto de indicadores, um deles é a demanda é rotina do Distrito Industrial, cuja competitividade está associada a transporte, de gente e de produtos. Assim, com essa métrica, dá para avaliar alcance, eficácia, eficiência técnica, transparência e permanência do Plano.
Prefeitura responde
Após a realização de nove audiências públicas para apresentação de sugestões ao Plano de Mobilidade Urbana, técnicos da Prefeitura de Manaus que coordenaram as reuniões começaram o processo de consolidação das propostas para o documento. A previsão é que esta etapa seja concluída no mês de julho. Além das audiências públicas realizadas no período de 1 a 10 de junho em todas as zonas da cidade, os acadêmicos da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e Universidade Federal do Amazonas (Ufam) também participaram com sugestões. Houve ainda uma reunião exclusiva para ciclistas. Surgiu a proposta de implantação do projeto cicloviário com o compartilhamento das vias entre bicicletas e veículos motorizados; construção de novos terminais de integração; ampliação dos corredores de ônibus; implantação de novas tecnologias para o controle de tráfego e informação aos usuários.
Coletar e partilhar informação
Com uma frota de ônibus que é quase o dobro dos ônibus em circulação, as empresas querem inserir suas questões e exigem a socialização da informação ou produção das informações necessárias, e torná-las públicas e abertas à participação de todos os atores envolvidos. "Este é o nó dessa delicada questão: coletar, sistematizar e utilizar esse conjunto de informações, estudos, cenários e desafios para a avaliação de gargalos, potencialidades e fragilidades urbanas, e todas as demais premissas, conceitos e paradigmas em jogo, à vista dos interesses comuns desta e das futuras gerações". Augusto crítica à pressa de um Plano que teve muito tempo para consultar as pessoas e fazer coletas detalhadas de informação.
Gestão e desinformação
Recentemente uma carreta tombou na passagem de nível da antiga Rua Paraíba, atual Umberto Calderaro, lembrou o professor Augusto Rocha, ocupando uma das pistas, por onde rolam dois mil carros por hora. A cidade parou, pelo estrangulamento viário provocado supostamente pelo acidente, transformado, logo em seguida, num argumento forte para reduzir/cercear a circulação de carretas numa cidade essencialmente industrial como é Manaus. "Ora, a carreta tombou – num acidente circunstancial – ocupando apenas uma pista e deixando outras duas para o fluxo rotineiro da cidade. A decisão de retirar o veículo ainda em horário de rush e não na madrugada do tráfego inexistente de veículos foi a causa – e não o tombamento da carreta – da confusão/engarrafamento infernal". E é essa interatividade que se faz necessária entre o poder público e os atores do tecido social para estreitar e evitar os equívocos e descuidos do cotidiano.
Afobado come cru
Por isso, também, é preciso compartilhar as premissas e demandas do Plano de Mobilidade Urbana de Manaus, contratado e conduzido, ao que parece, no afogadilho do cronograma de repasses de verbas federais. Que se esclareça, de uma vez por todas essa pendência, que se mobilizem os fatores e atores dessa delicada questão sob pena de condenarmos o interesse público a mais uma tragédia urbana praticada em seu nome. Não podemos avançar sem informações consolidadas. Há suspeitas de que aquelas que estão dando suporte ao detalhamento em curso são de 2005, o que seria desastroso, posto que em 10 anos a cidade multiplicou a demografia e sua estruturação urbana, agravando todos os indicadores de origem, destino, modelagens de transporte, descasos acumulados de providências urbanas na mobilidade da população e por aí vai. Ou não… !
Prioridade: transporte coletivo
Henrique Martins, diretor da ManausTrans, lembra que a realização das audiências públicas foram coordenadas por representantes do Instituto Municipal de Engenharia e Fiscalização do Trânsito (Manaustrans); da Superintendência Municipal de Transportes Urbanos (SMTU) e da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf). O Plano de Mobilidade Urbana apresentará as diretrizes para os próximos 20 anos para a cidade de Manaus. O direcionamento do Plano prioriza a diminuição da necessidade de viagens motorizadas e repensa a circulação de veículos. "O Plano apresentará prioridade para o transporte coletivo; formas de reduzir os impactos ambientais da mobilidade urbana e projetos que proporcionam mobilidade aos pedestres e às pessoas com deficiência".
Fonte: Maskate