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Piscicultura do Amazonas avança e é destaque nacional no ano passado

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29/09/2022

Marco Dassori

Twitter: @marco.dassori Face: @jcommercio

A piscicultura do Amazonas avançou no ano passado, apesar da pandemia. O valor de produção obtido foi de R$ 105,6 milhões, apontando elevação de 22,65% ante 2020 (R$ 86,1 milhões). A expansão foi liderada pela produção de pirarucu (+25,4%), mas peixes importantes para o Estado, como tambaqui (+9,8%), matrinxã (+2,1%) e alevinos (+22,3%) também colecionaram altas significativas. Em contrapartida, a oferta de curimatã e de pirapitinga desabou 48,6% e 56,7%, respectivamente, no mesmo período. É o que revelam os dados da PPM (Pesquisa da Pecuária Municipal) 2021, divulgada pelo IBGE.

O levantamento mostra ainda que o Amazonas apresentou mais uma vez o maior valor de produção de matrinxã do país, com R$ 23,4 milhões, em 2021. O mesmo não ocorre, no entanto, com os demais pescados, a despeito do potencial do Estado. O valor de produção de pirarucu foi o quarto maior do ranking nacional, com R$ 2,4 milhões. Já a produção de tambaqui (R$ 72,7 milhões) ocupou a quinta posição do ranking brasileiro. O maior produtor de tambaqui e pirarucu em 2021, por outro lado, foi Rondônia, repetindo o desempenho de anos recentes.

A criação de peixes em cativeiro cresceu 0,9% em todo o país, totalizando 559 mil toneladas em 2021, um recorde da série, conforme o IBGE. O aumento foi puxado pela região Sul, que responde pela maior produção nacional (35,4%) e obteve crescimento de 4,2% em relação à 2020. Foi ajudado pelo Centro-Oeste, que tem a menor participação (13,2%), mas apresentou o maior crescimento em 2021, de 7,5%. Entre os municípios, Nova Aurora (PR), com 20,1 mil toneladas (3,6% da produção nacional) seguiu liderando. Logo atrás, Morada Nova de Minas (MG), com 2,3%, e Ariquemes (RO), com 2,2%.

Apesar do acréscimo de 22,65% nos valores da produção aquícola de peixes no Amazonas (R$ 105,6 milhões), o Estado ficou na 20ª posição do ranking entre as 27 unidades federativas do país. O ranking nacional foi liderado por Paraná (R$ 1,05 bilhão), Rio Grande do Norte (R$ 756.93 milhões) e Ceará (R$ 704,06 milhões). Em contraste, Amapá (R$ 11,19 milhões), Distrito Federal (R$ 20,52 milhões) e Rio de Janeiro (R$ 24,58 milhões) ficaram nas últimas colocações.

Tambaqui e matrinxã

A produção de peixes no Amazonas veio principalmente de Rio Preto da Eva (R$ 23,2 milhões), Manaus (R$ 15,5 milhões) e Iranduba (R$ 12,7 milhões). O ranking dos 10 maiores produtores municipais amazonenses se completa com Presidente Figueiredo, Itacoatiara, Manacapuru, Coari, Careiro, Benjamin Constant e Envira.

Em 2021, a produção de tambaqui e de matrinxã carreou a aquicultura do Amazonas. O primeiro superou 6,88 mil toneladas, totalizando R$ 72,7 milhões, o que equivale a 68,85% da atividade no Estado. O matrinxã, por sua vez, encostou nas 2,03 mil toneladas e somou R$ 23,4 milhões, representando uma fatia de 22,17% dos valores globais de produção.

Os maiores municípios do Estado, em valor de produção de matrinxã, foram Rio preto da Eva (R$ 10,2 milhões), Manaus (R$ 5,3 milhões), Guajará e Presidente Figueiredo (ambos com R$ 1 milhão) e Iranduba (R$ 840 mil). A oferta majoritária de tambaqui veio de Rio Preto da Eva (R$ 12,1 milhões), Manaus e Iranduba (R$ 10,0 milhões, cada um), Manacapuru (R$ 6,4 milhões) e Presidente Figueiredo (R$ 4,2 milhões).

Em relação aos municípios produtores de pirarucu, Coari (R$ 540 mil), Codajás (R$ 300 mil) e Manicoré (R$ 241 mil) obtiveram os maiores valores de produção do Estado, em 2021.

“Demanda reprimida”

O supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, enfatizou à reportagem do Jornal do Commercio que, a despeito do crescimento de produção, os dados da Pesquisa da Pecuária Municipal demonstram que a criação de pescados em cativeiro, uma atividade que faz parte da “vocação natural” do Amazonas, ainda se encontra aquém do seu potencial no Estado.

“Temos uma forte demanda interna por esse produto, que se encontra reprimida, levando o Estado a importar o pescado de outras unidades da federação. Por outro lado, não conseguimos atender o mercado externo, o que geraria divisas para o Amazonas. O pirarucu, que obteve o maior crescimento, é o melhor exemplo: somos apenas o quarto produtor nacional desse peixe. O destaque ainda é a matrinchã, enquanto no tambaqui não conseguimos os primeiros lugares”, lamentou.

Regularização e licenciamento

Mais otimista, o presidente da Faea (Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas), Muni Lourenço, comemorou os números apresentados pela pesquisa do IBGE, ao lembrar que a confirmação de um crescimento de dois dígitos em ano de pandemia é importante. O dirigente acrescenta que a atividade ainda apresenta um “potencial enorme” de evolução, embora o Estado ainda precise avançar em alguns quesitos para que o mesmo seja exercido em sua plenitude.

“Na piscicultura, temos vantagens importantes, como abundância de água e tecnologias de manejo das principais espécies. É relevante que nosso Estado tenha mantido a liderança nacional na produção de matrinchã. Para potencializarmos a piscicultura em nosso Estado, é fundamental que seja efetivada a aceleração das políticas de regularização fundiária e de licenciamento ambiental, bem como, o contínuo investimento em infraestrutura e assistência técnica”, finalizou.

Em entrevistas anteriores à reportagem do Jornal do Commercio, o presidente da Faea também havia apontado que um dos entraves para que a atividade deslanche são a insuficiência de oferta de ração para pescado no Amazonas, assim como o consequente aumento de seu custo.

Boxe ou coordenada: Tilápia lidera ranking nacional

Desde o início da série histórica, a tilápia segue liderando entre as espécies. Em 2021, foram 361,3 mil toneladas, ou 64,6% da produção total de peixes. A região Sul foi a principal produtora, com Paraná liderando o ranking estadual da espécie e, em nível municipal, Nova Aurora (PR). A segunda espécie mais produzida foi tambaqui, que apresentou queda (5,9%) e chegou a 94,6 mil toneladas (16,9% do total da piscicultura). Essa espécie concentra-se principalmente no Norte, origem de 71,6% da produção nacional. Somando-se ao Nordeste (22,6%), ambas acumularam se 94,2% do total nacional.

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