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PIB do Amazonas avança em maio, considerado mês negativo para a economia brasileira

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22/07/2022

Marco Dassori

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O PIB do Amazonas reagiu e voltou a crescer em maio, seguindo na contramão da média nacional. A passagem de abril para maio rendeu alta de 1% para a economia estadual. O crescimento foi puxado principalmente pela indústria e pelos serviços, sendo mais que suficiente para superar a virtual estagnação do mês anterior (-0,04%). O Estado avançou 3,64% em relação ao patamar do quinto mês de 2021 e acumulou expansão de 3,69%, de janeiro a maio deste ano. É o que apontam os números mais recentes do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central).

A economia amazonense aparece com 154,19 pontos em maio, no melhor desempenho desde dezembro de 2014 (155,64 pontos), conforme a série histórica do BC. O PIB do Amazonas subiu 2,48%, na média móvel trimestral, e cresceu 2,14%, no acumulado de 12 meses. Os dados são dessazonalizados e desconsideram diferenças de feriados e de oscilações da atividade econômica, típicas de determinadas épocas do ano. Economistas ouvidos pela reportagem do Jornal do Commercio dizem que o crescimento era esperado, mas se dividem em relação às expectativas para os próximos meses.

O Amazonas foi no sentido contrário da média brasileira (141,97 pontos), que encolheu 0,11% na variação mensal – depois de tombar 0,64% em abril, em dado já revisado. O confronto com maio do ano passado rendeu incremento de 3,74%, enquanto o acumulado do ano subiu 2,08%. A economia brasileira subiu 0,92% no confronto do trimestre encerrado em maio de 2022 com os três meses anteriores. Já a variação anualizada de 12 meses teve variação positiva de 2,66%. Vale notar que estes dois tipos de comparação são os mais usados para indicar eventuais tendências.

Setores e arrecadação

O IBC-Br tem metodologia de cálculo distinta das contas nacionais do IBGE – cuja próxima divulgação nacional está prevista para 1º de setembro. O indicador do BC leva em conta estimativas para os setores econômicos, acrescidos de recolhimentos de tributos. Mas, não inclui o desempenho de cada rubrica. Dados do órgão federal de pesquisa informam que, em resumo, a indústria reagiu, o comércio aqueceu e os serviços recuperaram o fôlego. Mas, Receita e Sefaz confirmam que as arrecadações desaceleraram.

Segundo o IBGE, a indústria amazonense retornou ao campo positivo, após dois meses de queda, e obteve a maior alta mensal do ranking brasileiro (+6,6%), além de avançar 9,1% em relação ao maio de 2021. Os segmentos de bebidas, plástico e duas rodas seguiram na liderança, enquanto bens de informática esboçaram recuperação e eletroeletrônicos seguiram no vermelho. O setor conseguiu crescer 2,1% nos cinco meses iniciais de 2022, mas fechou o acumulado dos últimos 12 meses (-1,8%) no vermelho.

Favorecido pelo Dia das Mães, o varejo local aqueceu 1%, mas o confronto com o mesmo mês do ano passado mostrou retrocesso de 4,3%, impactando nos aglutinados do ano (+6%) e dos 12 meses (-2,5%). Segmentos dependentes de crédito tiveram resultados ainda piores. Já o setor de serviços avançou 3,7% ante abril, alavancado pelos segmentos de transportes e tecnologia de informação. O desempenho foi ainda melhor na comparação com o mesmo mês de 2021 (+14,8%) e nos acumulados (+11,2% e +10,9%).

Receita e Sefaz tiveram pior sorte. A arrecadação federal (R$ 1,68 bilhão) caiu 1,38% em relação a maio de 2021. As baixas vieram do IRPJ, CSLL e Cide sobre combustíveis, enquanto o IPI escalou, no mesmo mês em que a ZFM conseguiu medida cautelar do STF. Já a receita tributária estadual do Amazonas recuou 0,83% na mesma comparação, ao somar apenas R$ 1,31 bilhão, puxada pelos decréscimos do ICMS, e das contribuições de FTI, FPMES a UEA, em um período de menor recolhimento na indústria.

Volatilidade e melhora

A ex-vice-presidente do Corecon-AM, e professora universitária, Michele Lins Aracaty e Silva, avalia que o desempenho do PIB estadual ficou dentro do esperado, diante da “turbulência” dos decretos federais de IPI, da “desorganização produtiva” gerada pela política chinesa de ‘covid zero’, e dos choques de oferta decorrentes da guerra na Ucrânia. “Para os próximos meses, já podemos enxergar uma melhora relativa, em virtude das datas de final de ano e do efeito positivo da política do Banco Central de combate à inflação. Mas, em um cenário futuro, ainda podemos sentir os impactos do mercado internacional, pois o conflito europeu ainda parece se estender”, estimou.

Segundo o consultor econômico e coordenador regional da Abed (Associação Brasileira de Economistas pela Democracia) no Amazonas, Inaldo Seixas, os números confirmam o desempenho positivo da indústria nos meses iniciais do ano. O economista ressalta que os próximos meses são uma incógnita. Embora considere que o aumento dos “gastos federais em ajudas sociais” pode aquecer a economia, estima que o cenário é “volátil” e contribui para um crescimento mais ameno nos próximos meses.

“O emprego parece estar dando algum resultado. O número de famílias do Amazonas que recebem o Auxilio Brasil é significativo e isso dá capacidade de consumo. Tivemos também novo adiantamento do 13º dos aposentados e liberação de saques de FGTS. Mas, essa expansão pode ter os dias contados. A alta dos juros pode frear o consumo de bens duráveis. Talvez haja alguma melhora na inflação, mas isso não será muito notado pelas famílias de baixa renda”, ponderou, acrescentando que o FMI anunciou estagnação mundial para os próximos meses, especialmente para os países emergentes.

ZFM em questão

O ex-presidente do Corecon-AM, consultor empresarial e professor universitário, Francisco de Assis Mourão Junior, estima que a queda de arrecadação se deve a estoques elevados e salienta que a expansão do PIB foi sustentada pela indústria, em razão de a economia estadual ser ancorada na ZFM. “Sempre que a economia brasileira dá sinais positivos, o modelo reage e acompanha o crescimento, ainda que pouco. Apesar de continuarmos com juros e inflação altos, o Auxílio Brasil e o ‘pacote federal de bondades’ devem estimular nosso PIB, pois nossos produtos são destinados ao mercado interno”, frisou.

A consultora empresarial, professora e também integrante da seção regional da Abed, Denise Kassama tem visão diferente. Ela diz que vê o crescimento com “naturalidade” e lembra que a pandemia depreciou as bases de comparação de 2021 e 2020, embora o PIM não tenha parado. A economista reforça o peso das importações industriais na economia local e observa que a alta do dólar encarece os produtos e eleva a arrecadação, mas não favorece a produção e as vendas da indústria incentivada, em um cenário ainda de crise.

“Houve uma ligeira redução do desemprego, mas esse problema ainda vai nos acompanhar por algum tempo, em função da pandemia. Vejo perspectivas de crescimento, já que estamos recebendo muitas empresas novas. Mas, ainda não estamos tendo aumento significativo de produção, em função da demanda. Produzimos bens finais e considerados supérfluos em um Brasil onde a extrema pobreza e a fome aumentaram. A prova é que estamos em ano de Copa do Mundo, mas o brasileiro está mais prudente e prefere garantir a cesta básica, ao invés de trocar de TV”, finalizou.

Fonte: JCAM

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