04/12/2018
Notícia publicada pelo Portal D24AM
Uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea) revela que 23% dos jovens brasileiros não trabalham e nem estudam
(jovens nem-nem), na maioria mulheres e de baixa renda, um dos maiores
percentuais de jovens nessa situação entre nove países da América Latina
e Caribe. Enquanto isso, 49% se dedicam exclusivamente ao estudo ou
capacitação, 13% só trabalham e 15% trabalham e estudam ao mesmo
tempo.
As razões para esse cenário, de acordo com o estudo, são problemas com
habilidades cognitivas e socioemocionais, falta de políticas públicas,
obrigações familiares com parentes e lhos,
entre outros. No mesmo
grupo estão o México, com 25% de jovens que não estudam nem
trabalham, e El Salvador, com 24%. No outro extremo está o Chile, onde
apenas 14% dos jovens pesquisados estão nessa situação. A média para a
região é de 21% dos jovens, o equivalente a 20 milhões de pessoas, que
não estudam nem trabalham.
O estudo Millennials na América e no Caribe: trabalhar ou estudar? sobre
jovens latino-americanos foi lançado, ontem, durante um seminário no
Ipea, em Brasília. Os dados envolvem mais de 15 mil jovens entre 15 e 24
anos de nove países: Brasil, Chile, Colômbia, El Salvador, Haiti, México,
Paraguai, Peru e Uruguai.
Nem-nem
De acordo com a pesquisa, embora o termo nem-nem possa induzir à ideia
de que os jovens são ociosos e improdutivos, 31% deles estão procurando
trabalho, principalmente os homens, e mais da metade, 64%, dedicam-se a
trabalhos de cuidado doméstico e familiar, principalmente as mulheres.
“Ou seja, ao contrário das convenções estabelecidas, este estudo
comprova que a maioria dos nem-nem não são jovens sem obrigações, e
sim realizam outras atividades produtivas”, diz a pesquisa.
Apenas 3% deles não realizam nenhuma dessas tarefas nem têm uma
deficiência
que os impede de estudar ou trabalhar. No entanto, as taxas
são mais altas no Brasil e no Chile, com aproximadamente 10% de jovens
aparentemente inativos.
Para a pesquisadora do Ipea Joana Costa, os resultados são bastante
otimistas, pois mostra que os jovens não são preguiçosos. “Mas são jovens
que têm acesso à educação de baixa qualidade e que, por isso, encontram diculdade
no mercado de trabalhos. De fato, os gestores e as políticas
públicas têm que olhar um pouco mais por eles”, alertou.
Os pesquisadores indicam a necessidade de investimentos em treinamento e educação e sugerem ações políticas para ajudar os jovens a inserir no mercado de trabalho.