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Perfil do Conselheiro | Conheça: João Miori Filho

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27/11/2019

O Conselho do Cieam foi renovado em 40% de sua composição para o quadriênio 2019-2023. E, para apresentar seus novos membros, a entidade lança hoje em seus canais de comunicação uma série de posts semanais para apresentar os membros desta nova gestão.

Composto por 25 membros efetivos, o Conselho Superior realiza uma reunião mensal e é convocado por seu presidente para extraordinárias para deliberar sobre decisões relacionadas às ações da entidade dentro de sua atuação institucional.

João Miori Filho

Diretor da Alpha Assembly Solutions Brasil Soldas LTDA, João Miori Filho tem 19 anos de história no Distrito Industrial de Manaus, passou pela área de Qualidade da Philips em São Paulo, cidade onde nasceu. Ele conta que ingressou na companhia por meio de um programa de Trainee e revela uma curiosidade. “Comecei a trabalhar antes de entrar na indústria, fui professor de colégio estadual, onde ensinava matemática, física e eletrônica".

Depois Miori foi para São Bernardo do Campo estudar Engenharia Industrial, no Centro Universitário FEI. No último ano participou de um processo seletivo de estágio na Philips, “para você ter uma ideia, o Celso Piacentini (conselheiro do Cieam) fez esse programa também no ano anterior ao meu, foi meu veterano há mais de 40 anos”.

Depois de concluir o Trainee e ter adquirido uma visão ampla da empresa passando por todas as áreas, optou trabalhar na área de laboratório de desenvolvimento, “eu entrei na fábrica de desenvolvimento de TVs, o Celso trabalhava na mesma área, só que na fábrica de áudio que ficava em outra cidade, fomos colegas por muitos anos”.

Nessa fábrica chegou a ser o chefe de Desenvolvimento e Confiabilidade, Desenvolvimento de Produtos, área em que os testes como jogar o televisor no chão e atear fogo para testar a performance eram realizados, permaneceu na área até o ano de 1992, em Guarulhos, até ser convidado para criar a mesma competência em Manaus. “Era uma ideia provisória na época, eu ia ficar por volta de três a quatro anos, só que os negócios lá no sul de alguns produtos já não eram viáveis e competitivos se comparados com a Zona Franca de Manaus. Então, quando eu vim para cá, a intenção já era transferir essa competência e logo depois, a unidade de São Paulo que ficou focada em exportação, se extinguiu.

O contexto conspirava para que o atual conselheiro do Cieam, João Miori ficasse radicado na capital do Amazonas. “Nessa época entrei em um programa de qualificação da empresa, em normas de qualidade internacional, na época a ISO 9000 era uma grande novidade no mercado e aí entrei também participando na parte de implantação da Philips aqui em Manaus. Estendi a minha estada em Manaus, daí a atividade em São Paulo cessou e me convidaram para ficar. Assumi a gerência da área da Qualidade da Philips e desenvolvi todas as outras competências na área da qualidade em Manaus para tornar a fábrica independente de qualquer outro site, trabalhamos na expansão de outras tecnologias e linhas de produto”.

Sem expectativas de voltar para São Paulo, João Miori assumiu uma parte da engenharia e qualidade da divisão de montagem de placas da empresa. Já permanente em Manaus, Miori participou de vários desafios nos quais liderou a implantação de novos projetos e fábricas no Polo Industrial de Manaus, ainda na Philips, participou da associação da empresa à Jabil, “a Philips já tinha um plano de sair desse mercado e buscar parceiros para trabalhar com ela na parte de subcontratação de serviços, fornecedores de serviço com maior competência do que a própria empresa, a Jabil viu uma grande oportunidade global de adquirir toda a competência de produção de placas para a Philips e ela como tinha uma fábrica em Manaus também iniciou a atividade no Polo Industrial, e algumas pessoas na época que estavam na atividade de montagem de placas foram transferidas da Philips e foram pra Jabil”.

Implantações

A Jabil foi implantada no PIM e conseguiu contratos enormes, o diretor participou de todas as partes nas implantações, participou da implantação da primeira fábrica da Nokia no Amazonas, localizada na Avenida Torquato Tapajós. Em função das expansões dos negócios, ele ainda continuava na engenharia da qualidade, e com o crescimento da empresa começou a se dedicar à implantação dos novos negócios.

A Jabil conseguiu um contrato de montagem de placas para a Nokia, e o engenheiro teve a oportunidade de criar uma fábrica nova, “desde a identificação de um prédio, reforma e adequação para uma tecnologia nova, que era a fabricação de celulares, tudo isso nós tivemos a felicidade de participar, um grupo pequeno implantou negócios em velocidades terrivelmente espantosas, para você ter uma ideia, o projeto da Nokia foi o mais desafiador e mais marcante em toda essa fase, quando nós precisávamos fabricar 5 mil celulares por dia. Nós chegamos a fabricar 15 mil celulares por dia, na época existiam conceitos de máquinas que não existiam nas Américas, nem nos Estados Unidos, nem no México, nem em lugar nenhum”. A empresa tinha oito clientes na época em que a equipe implantou em dois anos, produzindo projetos para a Gradiente, Nokia e Emerson.

Durante a crise econômica que atingiu o Brasil em 2006, a Jabil se reorganizou e manteve o seu núcleo aqui para depois partir para novas atividades, “quando eu saí da Jabil fui para a Flextronics daqui de Manaus, nós começamos também uma nova linha, um novo conceito, acho que muito daquilo que eu trouxe de conceitos da fábrica nós levamos para essa fábrica nova de carregadores, ela trazia um conceito antigo das fábricas asiáticas e em razão do que nós tínhamos aprendido, nós conseguimos fazer, por exemplo, uma linha com a melhor produtividade mundial desse carregador na própria Flextronics melhorar a eficiência e dobrar a produção em um turno só para atender toda a demanda da Dell em Manaus. Saber esse conceito de aprender e aplicar, aprender e conhecer pessoas competentes, trazer as pessoas certas nos lugares certos, dar chance pras pessoas fazerem as suas coisas, aprenderem a se desenvolver, então são coisas que eu tenho bastante orgulho de dizer, foi talvez a minha contribuição”.

A Flextronics de Manaus após a aplicação de novos conceitos conseguiu ser a melhor de todas as unidades da empresa a nível global em produtividade, “nossos índices de produtividade por pessoa foram melhores que os da China, porque não eram soluções caras, não enchemos a linha de robô, mas as pessoas conseguiam fazer simplificações, melhorias em processos”.

De gerente de operações na Jabil em Manaus, foi para a Flextronics também na área de operações, até que foi convidado para ser gerente de operações na Alpha, onde trabalha até hoje.

“Na época a Alpha se chamava Cookson Eletronics, fábrica de soldas, é a primeira empresa do Distrito Industrial, temos fotos dessa empresa quando estava em construção no meio do mato”. O primeiro nome da Alpha foi Best Cia Industrial Amazonense, começou as atividades como refinadora de estanho, então começou a produzir solda devido a demanda da Zona Franca recém instalada, até que uma empresa inglesa chamada Cookson Eletronics adquiriu os equipamentos em Manaus porque ela queria introduzir os seus produtos e ocupou o mesmo prédio, que existe até hoje em frente ao Novotel. O prédio já não tinha mais condições e tinha que sair de lá, era uma metalúrgica que tinha algumas deficiências de produção e os responsáveis da empresa já me conheciam, fizeram o convite para eu trabalhar na construção de uma nova fábrica, fizemos todo o projeto, instalação e implantação da empresa. O melhor modelo de negócios na época não foi construir o prédio, mas foi fazer uma construção sob encomenda, contrato de longo prazo para viabilizar melhor o negócio e melhorar os resultados da empresa, os indicadores financeiros, então nós deixamos uma solução diferente na época que foi a construção sob encomenda, achamos um lugar extremamente adequado onde estamos localizados hoje”.

"Nós tivemos a oportunidade de mostrar para as pessoas, a competência que nós temos aqui, às vezes o pessoal tem um preconceito, “poxa, o pessoal daqui, o que eles sabem?”. É impressionante a forma como as pessoas não conseguem enxergar o valor do homem do norte. Porque as pessoas daqui tendo tão pouco, conseguem se superar".

João Miori, Conselheiro do CIEAM

Análise

Por João Miori

A Reforma Tributária hoje é o grande desafio, no início quando se começou a falar sobre reforma tributária, ela era vista como aquele desastre que viria e iria devastar a nossa região, “a Reforma Tributária vai acabar a Zona Franca”. Essa resistência que nós estamos mostrando, tem que ter uma solução, a própria atitude que o CIEAM está liderando, “não vamos entregar os pontos não, vamos lutar porque a Zona Franca é um modelo que soma ao país, não pode ser enxergada infelizmente como ainda é, como uma organização que drena recursos e não traz nada de mal, ao contrário, nós trouxemos essa concentração para Manaus foi porque aqui se mostrava viabilidade para manter o modelo industrial no Brasil e em alguns lugares do Brasil não seria mais viável, traz valor e consegue alavancar as outras regiões do país.

Uma das coisas que a gente não consegue enxergar, se nós daqui do Amazonas não mostrarmos é que o país precisa da Zona Franca hoje para ter uma industrialização nacional, senão, daqui nós não vamos ter outro lugar dentro do país para continuar com o modelo industrial com o desenvolvimento dos talentos e das tecnologias que nós desenvolvemos aqui.

Toda essa história sobre a implantação de várias empresas é a história de uma superação do próprio pessoal daqui, pessoas daqui, que vieram do nordeste, do sul, do centro-oeste, hoje você tem uma miscelânea de pessoas no Amazonas que eu acredito ser a fórmula certa para trazer a criatividade, pessoas com a experiências e culturas diferentes e que se concentraram aqui e cada uma contribui para achar uma solução melhor.

Essa reação de todos os grupos da sociedade de lutar e buscar uma solução para a manutenção da Zona Franca , o setor industrial, o grupo do comércio está se juntando e a classe política que faz parte do Amazonas e da região norte, também tem se sincronizando com a indústria está se formando em um excelente grupo. Acredito que agora com essa junção que tá acontecendo, temos muita chance de fazer uma reforma tributária que seja positiva para o país e para a Zona Franca. Temos tudo para dar certo mais uma vez.

A expectativa é positiva, apesar de acreditar que a luta é desafiadora, mas, é mais um desafio como todos os outros que nós enfrentamos até agora e todos do Conselho têm a sua história de desafios e acho que todos que vieram para Manaus já enfrentaram o primeiro desafio de mudar e ir para uma terra distante, deixar a sua zona de conforto, essas pessoas que vieram para Manaus são meio que desbravadoras, todos tem exceção, independente de terem vindo nessa década ou na década passada, 50 ou 60 anos atrás, todas já vieram motivadas pelo desafio, acreditavam que podiam vir para cá e fazer algo melhor - e a cada desafio que encontraram, elas conseguiram conquistar algo e trazer para o nosso status tecnológico.

O nosso conhecimento tecnológico hoje é fantástico, você pega a indústria automobilística de duas rodas, o desenvolvimento da parte econômica e os outros polos e você pode ter certeza de que temos um domínio tecnológico grande que foi aquele passo a passo, um desafio… “vamos implantar uma linha, vocês são bons”... eu acho que agora estamos no modelo certo, cuidando mais da nossa cidade, finalmente estamos cuidando do distrito industrial com infraestrutura também, trabalhado melhor a parte da infraestrutura e se tudo der certo nós vamos ter toda uma logística melhor dentro de alguns anos, falando da BR-319, tudo isso vai somar pra nós termos aquilo que atrapalha e que é a nossa dificuldade logística, que entre a burocracia e a dificuldade logística, os dois são grandes desafios. Como você atrai novos investimentos e pessoas que estão procurando lugares viáveis com uma má apresentação e má estrutura, na descida no aeroporto, na visita às potenciais áreas mal conservadas? Tudo isso faz parte da nossa aparência.

Como uma pessoa do sul, faço a mea culpa, eu também tinha preconceito. Existem muitas pessoas que entendem profundamente de Zona Franca, da Amazônia e não tem nem ideia em qual lugar do País está localizada, nunca vieram para cá, são pessoas que até têm uma boa imagem, mas quando se arriscam não se aprofundam para conhecer a realidade regional. A nossa região é cativante, você tem aqui 100% de uma floresta, uma área de alta tecnologia, você sai 10 minutos, em 20 e está no meio da floresta, você vê aquela exuberância, não existe mata que nem a daqui, é uma força, é algo diferente que você sente, é essa combinação que nós temos entre a área de tecnologia e uma preservação ambiental, uma natureza que está preservada, você conhece, eu conheço e temos alguma condição de falar, mas quando pessoas de fora falam, elas infelizmente trazem um preconceito enorme e emitem opiniões pouco embasadas.

A UEA não existiria sem o Polo Industrial, foi uma ideia do governo que pensou, “a Zona Franca precisa devolver algo pra sociedade”, essa parte é muito bonita, eu acho que a visão social, a devolutiva da indústria e seu benefício para a sociedade é muito importante, é muito mais do que o governo nos obriga, é muito da própria consciência da empresa que dando para a sociedade vai ter um retorno, a devolutiva é grande, você começa a ter depois de alguns anos, excelentes profissionais. É isso que vai fazer a nossa região, não aquela visão antiga, tacanha.

Hoje diversos funcionários que trabalharam conosco na Jabil foram para outros países implantar a mesma filosofia que desenvolvemos aqui, eles continuam lá, tem profissionais que estão na Europa, Ásia, no México, funcionários que até hoje se radicaram lá, amazonenses. Nós tivemos a oportunidade de mostrar para as pessoas, a competência que nós temos aqui, às vezes o pessoal tem um preconceito, “poxa, o pessoal daqui, o que eles sabem?”. É impressionante a forma como as pessoas não conseguem enxergar o valor do homem do norte. Porque as pessoas daqui tendo tão pouco, conseguem se superar.

Nós tivemos, infelizmente, uma situação econômica ruim no Brasil de 2006 a 2008, essa situação fez que os nossos volumes reduzissem e provocou uma migração de volumes de produção para o México e para a Hungria também, a Hungria na época era a nova frente de desenvolvimento de produtos e produção da Jabil, tem muito amazonense lá e por nossa performance no Polo Industrial de Manaus estão na Hungria até hoje. Se mudaram para lá, e essas pessoas tiveram a oportunidade nessa empresa, e na época o grupo de engenharia se destacava muito em função dos níveis de produção, então, esse é um dos pontos que eu acredito que a precisam ser divulgados.

Uma das coisas que nós dizemos aqui no CIEAM e o Wilson Périco repete: “Nós não devemos nada para nenhum lugar do mundo em termos de tecnologia”, é uma frase com uma visão muito boa. Da porta pra dentro da fábrica nós não devemos nada para o mundo, ao contrário, nós ensinamos muita coisa e somos utilizados como exemplo, como Benchmarketing para muitas atividades e muitas performances e nossas eficiências para muitos lugares no mundo.

É um orgulho que o povo amazonense tem que ter, a dificuldade traz essa superação, de acesso à tecnologia, de informação e logística. Os desafios logísticos que nós temos aqui na Zona Franca de Manaus nós dá superação, quando você enfrenta dificuldades que não existem em lugar nenhum do mundo, você acha soluções criativas que podem ser divididas em outros lugares do mundo. A nossa logística aqui é uma 'maluquice', foi desenvolvida um modal que o pessoal chama de Sea Air, nós fazemos transições de modais, mudamos de um modo aéreo para um modo marítimo para poder otimizar o custo e atender preço e prazo de produção na melhor forma.

Das tecnologias, montagens, modo de trabalhos e linha de produção, ergonomia desenvolvidas em Manaus, foram tantas as soluções de ergonomia que nós conseguimos fazer aqui. Tudo isso vem da própria dificuldade que nós enfrentamos e a gente consegue superar, então quando nós falamos que muitas pessoas acreditam que aqui é uma maquiagem, ainda, coisa de trinta, quarenta anos. No começo da Zona Franca há 40 anos, nós tivemos algum evento, algumas empresas não tão corretas, fizeram isso, mas isso infelizmente pegou de uma forma que virou o conceito, e hoje, quem visita as nossas fábricas, as nossas matrizes se surpreende.

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