CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas

Notícias

Pela primeira vez em 25 anos, Zona Franca de Manaus fica sem encomendas para o Natal

  1. Principal
  2. Notícias

07/11/2016

O Natal para os fabricantes de eletrodomésticos e eletrônicos, que normalmente ocorre em outubro, por conta das encomendas feitas pelo comércio, neste ano está atrasado. Com estoques ainda elevados no varejo e na indústria e uma perspectiva desfavorável de vendas no final de ano, as lojas estão fazendo os pedidos a conta-gotas.

O resultado dessa maior cautela aparece no ritmo de produção das fábricas do PIM (Polo Industrial de Manaus), que concentra a produção de aparelhos de áudio e vídeo. Hoje as indústrias do polo, que em épocas normais estariam trabalhando a todo vapor, ocupam cerca da metade da capacidade de produção, segundo o presidente do Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas), Wilson Périco. Também as empresas praticamente não contrataram trabalhadores temporários para o fim de ano.

“A demanda de produtos para o Natal não aconteceu. É a primeira vez em 25 anos que presencio isso”, diz o presidente do Cieam. Normalmente, observa Périco, o quadro de pessoal nas indústrias cresce entre 6% e 7% de outubro a janeiro para atender ao aumento da produção de fim de ano.

Périco diz que a economia do Amazonas não pode ficar refém do setor eletroeletrônico de Manaus. “O polo industrial de Manaus é importante, é. Mas precisamos buscar novas matrizes econômicas para não ficarmos fragilizados diante da crise econômica”, disse o empresário. “A nossa atividade depende muito do ânimo do país. A confiança do consumidor ainda é baixa e do investidor está melhorando e não estamos percebendo um aquecimento na demanda de produtos para o Natal. As lojas ainda têm estoques”, disse Périco.

Além de não contratar temporários, o emprego dos trabalhadores que ocupam vagas regulares nas indústrias da Zona Franca deu marcha à ré. O segmento de eletroeletrônicos, que encerrou 2015 com 41,2 mil empregados, tinha em agosto deste ano 31,4 mil trabalhadores, segundo a Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus). A reportagem apurou também que há empresas que reduziram turnos de trabalho.

Outro sinal de fraqueza da atividade aparece nas quantidades fabricadas de produtos, que caíram em quase todos os segmentos de eletrônico. De janeiro a agosto – o último dado disponível da Suframa-, o volume fabricado de aparelhos de ar condicionado split recuou 60% em relação ao mesmo período de 2015. No forno de micro-ondas, a retração foi 40% e nas TVs, item tido como o carro-chefe de consumo da linha de áudio e vídeo, a queda foi de 20%, nas mesmas bases de comparação.

Dia a dia

Um executivo de uma grande indústria confirma que os varejistas estão comprando os produtos “no dia a dia”. Segundo ele, os lojistas enxergam na Black Friday, a megaliquidação do varejo marcada para a última sexta-feira deste mês, a oportunidade para aliviar os estoques que estão elevados nas lojas.

Já na opinião de Domingos José Alves, supervisor-geral da Lojas Cem, o acúmulo de estoque está na indústria. “Estamos comprando de acordo com a necessidade”, afirma o executivo, que dirige uma rede varejista de 243 lojas especializadas em móveis e eletroeletrônicos.

Alves conta que neste ano encomendou um volume de produtos equivalente ao pedido feito no fim de 2015. Segundo ele, a sua rede foi a única que, até agora, fez a programação de compras para o fim de ano, de acordo com relatos de indústrias.

Procuradas, a rede Magazine Luiza, a fabricante de eletrodomésticos Electrolux e a Samsung, de eletrônicos, disseram não tinham porta-voz disponível para falar sobre o tema. A Whirlpool, dona das marcas Brastemp e Consul, alegou que está em período de silêncio por causa do processo de fechamento de capital no Brasil.

Exceção

Enquanto a produção da maioria dos eletrônicos despenca nas fábricas da Zona Franca de Manaus, há produtos que conseguem ter desempenho positivo este ano. De janeiro a agosto, as quantidades fabricadas de celular nas indústrias instaladas no polo de produção da Amazônia cresceram quase 6% no período em relação ao ano anterior, segundo a Superintendência da Zona Franca de Manaus.

“Para o celular, a fase é bastante boa, cada vez mais há acessibilidade no preço”, afirma diretor de vendas de celulares da LG, Marcelo Perin. Ele explica que os preços estão recuando e isso impulsiona as vendas. Fora isso, existe um forte apelo para compra do celular pelas facilidades que o equipamento proporciona.

Segundo o executivo, um modelo de celular fabricado pela sua empresa que em 2015 custava R$ 1.199, sai hoje por R$ 999. Perin atribui o recuo de preços à evolução tecnológica e ao câmbio, já que a cotação do dólar acumula queda de quase 20% neste ano. “No começo do ano o dólar bateu R$ 3,80 e hoje está R$ 3,20”.

Para este fim de ano, que inclui a Black Friday, Natal e saldão de janeiro, a empresa tem expectativa de crescimento de 10% a 15% nas vendas. “Para nós, este ano será melhor. Mas isso não quer dizer que será para o mercado”, diz. Ele observa que a previsão do mercado é de estabilidade de vendas sobre o ano anterior.

No caso de TVs, a companhia diz que o varejo fez encomendas no mesmo volume do ano passado. No segmento de áudio, houve um acréscimo de 30% no número de peças. “De julho para cá, estamos vendo que o consumidor tem voltado para a loja para pesquisar preço. Estamos um pouco mais otimistas”, diz Roberto Barbosa, diretor de vendas da LG para áudio e TV.

Barbosa lembra que o primeiro semestre foi muito sofrido em termos de vendas e,desde de meados do ano, o mercado está voltando gradativamente. Mesmo assim, será insuficiente para recuperar as perdas do ano. A expectativa de mercado é de que as vendas de TVs fechem 2016 com queda de 25%.

Fonte: Amazonas Atual

Coluna do CIEAM Ver todos

Estudos Ver todos os estudos

Diálogos Amazônicos Ver todos

CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas © 2023. CIEAM. Todos os direitos reservados.

Opera House