CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas

Notícias

PALAVRAS DE DESPEDIDA: Que não ousem ameaçar a nossa Amazônia

  1. Principal
  2. Notícias

17/04/2016

Neste momento epílogo de minha permanência no cargo de Comandante Militar da Amazônia, divido minhas palavras de despedida em duas partes: DESABAFO e AGRADECIMENTO.

DESABAFO por não ter feito mais pela Amazônia. Por não ter conseguido firmar compromisso e criar comprometimento do restante do país com esta região tão rica e, paradoxalmente, tão carente. Infelizmente, não obtive êxito em mostrar que o pré-sal está aqui em nossas mãos e aos nossos pés. Que não precisamos de mais nada a não ser uma soberania efetiva para explorarmos de forma sustentável o que é nosso, pois o extrativismo agressivo não dá certo desde a época das drogas do sertão e dos ciclos da borracha. Desejava ter feito mais, muito mais!

O nosso desafio começou em 2012, por ocasião de uma viagem ao município de São Gabriel da Cachoeira, quando o comandante nos apresentou um vídeo sobre a epopeia do gás. Ali, vimos que até Maturacá, havia 8 cachoeiras e um enorme esforço para ultrapassá-las. Com a força das mãos, heróis anônimos do século XXI transportavam botijas de gás, motores de popa, combustível, armamento, equipamento, alimentos e a própria embarcação. Isso, repetindo-se a cada 2 meses.

Além disso, encontramos militares e familiares vivendo nos Pelotões Especiais de Fronteira em condições muito aquém do ideal. As restrições de ÁGUA, ENERGIA e COMUNICACÕES dificultavam sobremaneira o cumprimento de suas missões e a garantia da trilogia dos PEF - VIDA, COMBATE e TRABALHO - PROTEÇÃO. Faltava-lhes dignidade!

Senhores, não podemos confundir preservação com desenvolvimento zero. Muito menos devemos aceitar que pessoas sem compromisso com o Brasil ditem normas e regras sobre como administrar a Amazônia.

Vou me valer de trechos do livro do Ministro da Defesa, intitulado Raposa-Serra do Sol – O índio e a questão nacional. “A moralidade da sentença é que quem tem uma propriedade deve logo tratar de delimitar e de ocupar as fronteiras. O interior pode ser desocupado, a raia precisa ser ocupada, sobretudo se o vizinho é nação poderosa.”

Orlando Villas-Bôas, no início deste século, acusou ONGs americanas de aliciarem Ianomâmis para criar um “contencioso internacional” com o objetivo de fazer com que a comunidade internacional declare a criação de um Estado Índio, e indagou: “Vocês pensam que eles fazem isso por amor aos ianomâmis? Não. Fazem isso porque em Roraima estão as maiores reservas de urânio do Mundo”.

Lembremos do discurso do Barão do Rio Branco, patrono das Relações Exteriores, feito no Clube Militar, em 11 de outubro de 1911: “Não se pode ser pacífico sem ser forte”.

Quando recebemos um favor, ou qualquer outra coisa, e agradecemos com o termo "obrigado", queremos dizer que ficamos obrigados a devolver este favor recebido a qualquer tempo em retribuição, e, quando dizemos simplesmente "agradecido", estamos simplesmente a agradecer pelo favor sem nenhuma promessa de retribuição. REFLITAM!.

Ser do Amazonas é brigar pela SUFRAMA, CBA, BR 319, linhão do Tucuruí, navegação, aviação, transporte, rodovias, biodiversidade, recursos minerais, índios, caboclos, preservação com desenvolvimento, energia, água, comunicações, Amazônia conectada, ProAmazônia, Amazônia protegida, saúde, educação, pesca, INPA, DNPM e cidade de Manaus.

Seis anos se passaram, começando pelo Mato Grosso e terminando em Rondônia, Acre, Roraima e Amazonas. Posso dizer que conheço algo dessa imensidão amazônica. Muita gente não sabe nem a diferença de AMAZONAS para AMAZÔNIA, 9 estados, 60% do território nacional e tantos outros gigantismos. Iniciei ainda quando tínhamos o Pará, Amapá e parte do território de Tocantins, hoje Comando Militar do Norte. Meu eterno reconhecimento a esse povo que luta por sua independência da cobiça exterior.

Por fim, o AGRADECIMENTO. Desejo começar agradecendo ao antigo e atual Comandante do Exército, aos integrantes do Alto Comando do Exército (de ontem, de hoje e de sempre), a todos os generais que comigo ombrearam na difícil missão de defender nossa Amazônia. Aos comandantes de todas as organizações militares do CMA. Todos os oficiais e praças que, diuturnamente, guarnecem nossas fronteiras, de forma silente, anônima, sem o conhecimento por significativa parcela deste país.

Aos poderes executivos, judiciário e legislativo dos 4 estados nas esferas estaduais e municipais: Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima. Aos Órgãos de Segurança Pública. Agências Governamentais, Grupo Suçuarana, Associação dos Oficiais da Reserva do Amazonas, Ordem dos Advogados do Amazonas, Federação das Indústrias do Estado do Amazonas, Federação do Comércio, Câmara de Dirigentes Lojistas, a toda imprensa falada, escrita e televisiva: Diário do Amazonas, Jornal Acrítica, Jornal Em Tempo e Jornal do Comércio. Tv Bandeirantes, SBT, Rede Amazonas, Tv Cultura e Amazon sat, em especial. Rádio Difusora. Iomar representações. Asmir.

Aos meus pais, irmãos e irmãs, cunhados e cunhadas. À minha esposa, filhos e filha, noras e neta. Ao bondoso Deus por ter me dado saúde nestes dois anos, conduzindo meus passos sempre com muito cuidado para trilhar o bom caminho com justiça e retidão de conduta.

Ao general Miotto rogo que seja muito feliz, com sorte, saúde e felicidade, pois competência você tem de sobra. Extensivos a digníssima família.

Encerro minhas palavras com uma citação de meu amigo Dr Luiz Renato França: “Maior do que a Amazônia são os nossos sonhos e idealismo de vê-la desenvolvida e em equilíbrio consigo mesma e com o planeta que com singular afeição a abriga.”

A selva nos une! Tudo pela Amazônia! Selva!

General Guilherme Cals Théophilo Gaspar de Oliveira

Comandante Militar da Amazônia

Coluna do CIEAM Ver todos

Estudos Ver todos os estudos

Diálogos Amazônicos Ver todos

CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas © 2023. CIEAM. Todos os direitos reservados.

Opera House