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Pacote é insuficiente para impulsionar indústria

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20/06/2014

O pacote de incentivos à indústria, anunciado pelo governo na última quarta-feira (18), pode ser insuficiente para alavancar a atividade, avaliam especialistas consultados pelo DCI. Problemas como inflação, alta carga tributária e incertezas abalam a confiança e, consequentemente, afastam os investimentos.

"Os estímulos são bem-vindos, porém, não acredito que sejam suficientes para alavancar a competitividade da indústria", afirma o economista da Pezco Microanalysis, João Costa. Ele diz que o governo percebeu que a política econômica adotada no passado não surtiu o efeito desejado. "Em alguns momentos, até desestimulou", destaca.

O economista explica que a inflação continua muito alta, os custos estão pressionados e o ambiente de incertezas só contribui para um cenário de desestímulos ao investimento. "As empresas estão botando o pé no freio", acrescenta Costa.

Ele lembra ainda que, geralmente, estes pacotes de bondades transferem o ônus para alguém. "O governo precisa explicar de onde virão os recursos. Alguém vai pagar a conta", avalia.

Uma das medidas anunciadas pelo governo visa estimular a compra de bens de capital - termômetro do apetite do País por investimentos - através da extensão do financiamento do BNDES, o PSI Finame, até o final de 2015. Porém, de acordo com Costa, a medida não deve ser suficiente. "Existem outras variáveis que estão pressionando os investimentos", diz o economista.

O pacote prevê ainda o retorno permanente do Reintegra, programa de incentivos às exportações. "Este estímulo também é bem-vindo, mas a participação das vendas externas no País é relativamente baixa, o que não ajuda muito", diz Costa.

A Pezco trabalha com uma previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) entre 1% e 1,5% para 2014, com viés de baixa. "Acho difícil que estas medidas tenham um impacto significativo ainda neste ano", diz Costa. Ele afirma também que a possibilidade de reajustes das tarifas de combustível e energia podem agravar ainda o problema da inflação. "Com a economia patinando, a inflação deve se manter alta, o que atrapalha os investimentos", destaca.

Para Costa, somente a contenção de gastos do governo e a redução da carga tributária podem realmente deslanchar a indústria. "Só com regras claras e austeridade que as empresas poderão ser competitivas", diz.

Essa opinião é compartilhada também pelo economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito. Ele acredita que, além da necessidade de alcançar estabilidade em certas variáveis macroeconômicas importantes, como câmbio e inflação, é preciso investir em medidas de caráter microeconômicas com o intuito de simplificar os negócios no País.

"Para a indústria, quanto mais incentivos melhor, por isso, eles são vistos com bons olhos", diz. "Mas o problema da economia brasileira é maior e vai além da questão fiscal", reforça Perfeito.

Na visão do especialista, além de reformas na carga tributária, é preciso desburocratizar alguns importantes processos. "Quando falamos sobre carga tributária, observamos a necessidade de uma simplificação do sistema", explica o economista ao DCI.

Uma regressão dos tributos atuais seria comemorada. "Deve pagar mais quem tem mais", diz. De acordo com Perfeito, a queda de gastos por parte do estado nos próximos anos, também ajudaria a melhorar o cenário econômico ao longo dos próximos anos.

"A questão burocrática deve ser simplificada também, pois se fazem necessários regimes mais ágeis para abertura de empresas", diz o economista da Gradual.

Ainda segundo o especialista, o governo está na direção certa. "Agora é necessário construir um projeto. Um amplo plano que seja capaz de melhorar as condições da indústria", acrescenta.

O economista da Gradual também citou que o recente anúncio pode soar como uma manobra política para alguns, devido a proximidade das eleições presidenciais marcadas para o segundo semestre do ano. "Mas isso não deve gerar impacto no processo eleitoral", finaliza.

Benefícios


O chamado Pacote da Copa, um conjunto de benefícios para as empresas, em geral, do setor industrial, foi anunciado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, após reunião com 25 empresários no Palácio do Planalto. A presidente Dilma Rousseff também participou do encontro.

Entre as medidas estão a redução à metade da adesão ao Refis (programa de parcelamento de débitos fiscais) conforme o DCI já havia antecipado e a manutenção do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) em 2015, o que representa crédito com juros subsidiados para investimentos. Mantega anunciou também que o governo federal vai recriar e tornar permanente o Reintegra, que devolve parte dos impostos pagos por exportadores de manufaturados. A alíquota de devolução vai variar de 0,1% a 3,0%. Para este ano, segundo Mantega, a tarifa será de 0,3%.

"Queremos que a indústria esteja preparada e competitiva, seja na exportação ou na produção doméstica", declarou Mantega.

Eleições


Os incentivos ao setor produtivo anunciado na quarta-feira fazem parte da estratégia do Planalto de recuperar a imagem da presidente junto ao empresariado, que cada vez mais critica um possível segundo mandato de Dilma e frequentemente é assediado pelos principais concorrentes dela - o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB).

Ao ser questionada sobre o significado das medidas em termos eleitorais, a presidente negou essa relação. "Se for assim, tudo será eleitoral neste País. A lei é clara: não se toma certas medidas após determinados prazos. Estamos perfeitamente no uso da legalidade. Não pode o País parar. O que temos que discutir é se é necessário ou não. A intenção é melhorar a situação de competitividade da nossa indústria", afirmou Dilma.

Fonte: DCI

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