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Otimismo sobre consumo

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25/02/2022

Marco Dassori

A confiança do consumidor de Manaus aumentou em fevereiro, puxada por uma melhor avaliação sobre emprego, renda e perspectivas de consumo. Foi o quarto mês consecutivo de alta e o reforço veio em dose redobrada em relação à média nacional. É o que apontam os dados regionais do índice de ICF (Intenção de Consumo das Famílias) da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo). A melhora, no entanto, não foi suficiente para elevar o indicador ao mesmo patamar de fevereiro de 2021, quando a cidade enfrentava a segunda onda da Covid-19 e seu comércio estava quase que inteiramente fechado.

Segundo a pesquisa, a intenção de consumo das famílias de Manaus teve uma melhora relativa de 0,9%, entre janeiro (37,1 pontos) e fevereiro (37,5 pontos). A despeito do aumento, a pontuação ficou bem distante da marca atingida no período pré-pandemia -ou mesmo do placar de 12 meses atrás (56,6 pontos). O indicador permanece na zona de insatisfação (de 0 a 100 pontos) há 22 meses consecutivos, sendo que as famílias com renda acima de dez salários mínimos mensais (61 pontos) ainda são bem menos pessimistas do que as que contam com renda abaixo dessa marca (35,2 pontos).

O Estado teve alta superior à da média brasileira, mas segue com pontuação muito menor. No Brasil, o indicador subiu na variação mensal 0,4% e atingiu 77,6 pontos (-0,8%). Foi o maior nível desde maio de 2020 (81,7 pontos), mas seguiu abaixo do nível de satisfação -onde está desde abril de 2015. Na comparação com fevereiro de 2021 (74,2 pontos), o incremento foi de 4,6%. A região Norte (-1,2%) voltou a ser a única com queda mensal e teve a pontuação mais baixa (58,3 pontos). Em contraste, o Sul (+1,9%) teve a maior variação e o índice de confiança (87,7 pontos) mais elevado. Quatro dos sete componentes do ICF subiram na variação mensal, embora todos sigam na zona de insatisfação. A alta foi efetivamente puxada pela percepção sobre nível de consumo atual (+6,2%). As avaliações sobre perspectivas de consumo (+1,6%), emprego atual (+2,4%), e até mesmo sobre compras a prazo/acesso ao crédito (+0,7%) melhoraram. Mas, o consumidor demonstra preocupação em relação às perspectivas profissionais (-1,3%) e renda atual (-0,6%), e foge do risco de endividamento e inadimplência, ao reduzir suas apostas para "momento de compra de duráveis" (-0,1%).

Renda e emprego


Em termos absolutos, as intenções de compras do manauense ainda são puxadas para baixo pelo nível de consumo atual das famílias. Embora venha registrando melhora gradual, o subindicador tem o pior escore da lista (13,1 pontos). Nada menos do que 91,4% dizem que estão comprando menos do que no ano passado, sendo que a restrição é maior entre os que recebem abaixo de dez salários mínimos (92,1%). Apenas 4,5% dizem que estão comprando mais -com predomínio das famílias mais ricas (8,5%) -e 4% apontam empate.

Outro entrave significativo vem da perspectiva de consumo (25,3 pontos) e das avaliações sobre a renda familiar atual (25,5 pontos). Para 82,8%, o consumo familiar e da população como um todo deve ser menor nos próximos meses. Uma parcela de 8,1% arrisca dizer que será maior e outros 7,9% aguardam estagnação. Em paralelo, 79,2% dizem que a renda familiar piorou em relação ao cenário econômico de 12 meses antes. Só 4,7% viram melhora e os outros 16,1% avaliam que está igual.

A despeito do fim da rodada de contratações temporárias, e do começo das demissões sazonais, o entendimento sobre a situação atual do emprego (60 pontos) teve nova melhora e ainda é a melhor pontuação da lista -embora ainda siga no patamar de insatisfação. A maioria ainda se diz "menos segura" (46,3%). Os consumidores que não veem mudanças (26,2%) e os desempregados (20,9%) vêm na sequência, enquanto só 6,3% se dizem "mais seguros". Na perspectiva profissional (33,8 pontos), a percepção majoritária sobre os próximos seis meses é negativa (80,9%), em detrimento dos otimistas (14,7%) e indecisos (4,4%). Nos dois casos, o pessimismo é muito maior entre os que ganham menos.

A insatisfação voltou a arrefecer em relação à situação atual do crédito (48,3 pontos). Mas, 64,1% ainda dizem que o acesso ficou mais difícil, quando comparado ao panorama do ano passado. Apenas 12,4% dizem que ficou mais fácil e 23,3% apontam estabilidade. O cenário para o "momento de aquisição de bens duráveis" (56,2 pontos) piorou. Pelo menos 70,2% garantem que esta não é a melhor hora para isso, só 26,4% têm opinião contrária e 3,1% dizem que não sabem. Em ambas as situações, as dificuldades e cautela são predominantes nas famílias de menor renda.

Efeito sazonal


O presidente em exercício da Fecomércio-AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas), Aderson Frota, observa que fevereiro já tem tradição de apresentar melhora sazonal para o comércio, em razão das férias, Carnaval e mesmo o período escolar, que ajudam a aumentar o consumo. O dirigente lamenta, contudo, que o comércio ainda esteja enfrentando uma crise em paralelo com a resiliência do nível de confiança no estágio de insatisfação, tanto na cidade, quanto no restante do país.

"Ainda estamos vivendo um momento de dificuldades, com muitos preços subindo e sacrificando o consumidor. Isso acaba sendo um desestímulo às compras. O período de chuvas, assim como o aumento dos juros bancários também acabam freando o consumo. Não obstante, vivemos um momento de recuperação e isso é saudável. Crescemos, ainda que em baixos índices, no número de empregos. E a oferta de crédito melhorou, apesar de os juros estarem mais altos", ponderou.

“Ambiente estabilizado”

Em âmbito nacional, a sondagem mostrou que o único subíndice a apresentar retração em fevereiro foi o de momento para duráveis (-7,7%), que sofreu declínio pela sexta sessão consecutiva. Em texto distribuído pela assessoria de imprensa da CNI, a economista responsável pela pesquisa, Catarina Carneiro da Silva, apontou que a alta da inflação e dos juros encareceram os produtos. Mas, observa que a mudança de cenário já está sendo absorvida, já que houve avanço no subíndice de acesso ao crédito (+0,7%), após quatro meses de queda. "Apesar de a Selic ter alcançado patamar de dois dígitos, o crédito continua sendo importante indutor do consumo", ponderou.

No mesmo texto, o presidente da CNC, José Roberto Tadros, avalia que os números apontam uma percepção mais positiva dos consumidores brasileiros em relação às suas rendas, o que traria notícias melhores para as vendas do setor. "É possível observar uma evolução do poder de compra no curto prazo. O crescimento do índice Consumo Atual dá sinais de um ambiente para compra mais estabilizado", finalizou.

A melhora, no entanto, não foi suficiente para elevar o indicador ao mesmo patamar de fevereiro de 2021

Fonte: JCAM

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