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Os perigos da complacência inativa

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10/03/2020

*Augusto Barreto Rocha

Por uma série de razões históricas, adquirimos como sociedade um hábito de complacência inativa. A “disposição habitual para corresponder aos desejos ou gostos de outrem com a intenção de ser-lhe agradável” é um comportamento tipicamente adotado em nossa região, desligando-nos de interesses coletivos. Assim, a maior parte de nós cuida de suas próprias preocupações, sem a alocação ativa de tempo para cuidar de interesses maiores. Deixamos para que “outros” tomem conta dos interesses coletivos.

Por quais razões este comportamento não muda? Porque os comandantes de plantão assim preferem. Quando temos uma sociedade ativa, tentando modificar a realidade? Quando (1) existir um incômodo com a condição apresentada e (2) credo na possibilidade de mudança a partir do ato de cada um. O que temos de maneira geral é um pequeno incômodo, aqui e acolá. Não há grandes incômodos. E, quem está com grandes incômodos e necessidades não acredita na possibilidade de mudança, pelo excesso de poder do outro. Conclusão: quem tem o (1) não tem o (2) e vice-versa.

Modificar esta dinâmica é uma responsabilidade de todos. Não há uma pessoa específica com este papel. A sociedade como um todo é responsável. Entretanto, a complacência nos persegue, porque ela é rentável para quem está nos topos das cadeias de comando. Existe uma perigosa dependência do Polo Industrial de Manaus. Alguém duvida disso? Não. Assim, tapamos os olhos e ouvidos para qualquer alternativa a ele e declaramos como inimigos quem ousa questionar esta dependência. Até quando manteremos esta prática?

Será que o Ciclo da Borracha se repetirá? Ou será que abraçaremos a grande e enorme oportunidade que se abre com a globalização em risco, por meio de um risco de pandemia e uma moeda que desvaloriza? Abre-se novamente uma enorme oportunidade para o desenvolvimento da indústria nacional, neste novo patamar cambial. Prever câmbio futuro é uma quase-impossibilidade…

Dias atrás a revista Conjuntura Econômica falava em uma relação de R$ 3,60 / US$ 1 e nesta segunda-feira a relação é R$ 4,63 / US$ 1. Esta enorme desvalorização demonstra uma grande possibilidade para o desenvolvimento da indústria nacional. A economia se move rapidamente. A redução das operações de movimentações de cargas da China para o mundo trará uma nova oportunidade para a nossa indústria. Será um perigo não aproveitar.


*Augusto Barreto Rocha é doutor em Engenharia de Transportes (COPPE/UFRJ), professor da UFAM (Universidade Federal do Amazonas), diretor adjunto da FIEAM, Coordenador da Comissão de Logística do CIEAM.

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