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Os desenhos do novo governo

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31/10/2018

Ivânia Vieira

Professora da Ufam e Articulista de A CRÍTICA

e-mail:ivvieira @uol.com.br

É difícil ter um único começo porque cada ponto do "programa" pede olhar atencioso.
O futuro superministro do presidente eleito Jair Bolsonaro, o economista Paulo Guedes está falante no pós-eleição e nessa fala começam a ser expostas as ideias do governo do capitão.

As que não foram apresentadas nem debatidas no tempo de campanha. A incorporação do Ministério do Meio Ambiente pelo do de Agricultura é uma delas e carrega conteúdos explosivos capazes de enfraquecer e diluir as questões centrais da pasta do meio ambiente, a essa postura está a ameaça de o Brasil se reposicionar sobre o `Acordo de Paris', pacto firmado em 2015 por 195 países comprometidos em adotar medidas para minimizar efeitos do aquecimento global.

Submetido ao peso esmagador do modelo de agricultura a ser reforçado, o do agronegócio, o meio ambiente tende a ser coadjuvante nas decisões cruciais a serem tomadas a partir de 2019. O Ministério do Meio Ambiente é fruto de um longo processo de mobilização e de lutas, com saldo de mortes, travadas por uma frente de coletivos dos quais participaram e participam pesquisadores, professores, organizações não governamentais, instituições, representações dos povos indígenas, dos quilombolas, dos negros, dos povos da floresta, e das comunidades que vivem em cidades ou vilarejos litorâneos.

Encolhê-lo significa retomar um perfil desenvolvimentista do século XX marcado por grandes projetos e destruição gradativa dos ecossistemas. É entregar a Amazônia sob o velho discurso de integração e a Mata Atlântica à voracidade do mercado, um dos personagens levado à consagração pelo consultor e quase ministro Paulo Guedes.
O que se anuncia nesta reconfiguração ministerial, se mantida, é a emergência de duros enfrentamentos nas ruas do Brasil e do mundo à postura do governo a ser empossado em janeiro.

Esta não é a única preocupação. A escolha de reitores das universidades públicas
federais aparece como uma das áreas de interesse presidencial no controle direto.
A lista tríplice da qual participam os candidatos mais votados ao cargo de reitor mobilizou a comunidade universitária brasileira entre a segunda metade dos anos de 1980 e 1990 na formação de um acordo em defesa
do voto direto de professores, estudantes e técnico-administrativos na escolha do reitor e vice-reitor das IES e de respeito ao nome mais votado.
Assim tem sido feito como parte da vivência democrática e do aprimoramento desta no País.

As informações que circulam na mídia apontam para um mapeamento dos mandatos de reitores afim de assegurar a "influência presidencial" na escolha dos futuros dirigentes das universidades brasileiras. Se confirmada a intenção tratar-se-á de retrocesso e mais um passo visando enquadrar o ambiente universitário ao modelo de sujeição a nova ordem
conservadora. O presidente eleito, o empresário e os generais que o cercam desenham com linhas grossas um governo de liberdades sociais mínimas e privatização máxima.
Deus exagerada e indevidamente citado nas pregações políticas está acabrunhado.

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