22/01/2020
Fonte: Jornal do Commercio
Marco Dassori
A indústria brasileira reduziu ociosidade e apresentou seu melhor número desde agosto de 2018, ao avançar 0,3 ponto percentual entre outubro e novembro e subir para 78,2% de uso de capacidade instalada. O setor, contudo, perdeu faturamento (-0,6%), rendimento médio do trabalho (-0,3%) e massa salarial real (-0,1%). Lideranças da manufatura local apontam que, a despeito de seus diferenciais, o PIM seguiu trajetória parecida, no período Pelo segundo mês consecutivo, as horas trabalhadas na produção ficaram estáveis em relação ao mês anterior na série dessazonalizada. No acumulado de janeiro a novembro frente ao mesmo período de 2018, recuaram 0,4%. O emprego também permaneceu estável em novembro em relação a outubro e, apresenta queda de 0,3% no acumulado. Os dados estão na pesquisa Indicadores Industriais, da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
Em relação ao recuo de 0,6%
no faturamento, a pesquisa ressalva que a queda é mais do que
compensada pelo crescimento
acumulado nos cinco meses
anteriores (+4,3%). “Ou seja, o
resultado não representa uma
reversão da recuperação dos últimos meses, mas, possivelmente, uma acomodação no ritmo de
crescimento”, assinalou o texto
do estudo. No acumulado de
janeiro a novembro, o faturamento registra queda de 0,9%.
A massa real de salários e
o rendimento médio do trabalhador foram os indicadores
que registraram as maiores
retrações no acumulado do
ano. De janeiro a novembro de
2019, a massa real de salários
diminuiu 1,5% e o rendimento
médio real do trabalhador teve
queda de 1,3%.
“Momento de recuperação”
Os números são de âmbito nacional, mas lideranças do
PIM avaliam que a indústria
incentivada de Manaus deve
ter seguido de perto a tendência
da média brasileira. Vice-presidente da Fieam e presidente
do Sindicato
das Indústrias
Metalúrgicas,
Mecânicas e
de Material
Elétrico de
Manaus, Nelson Azevedo,
ressalta que o
percentual de
uso da capacidade instalada nas indústrias do PIM,
em novembro
de 2019, variou de 65% a 70%, conforme
segmento e linha de produção.
O dirigente lembra que, em
razão de sua cesta de produtos,
o Polo Industrial de Manaus é
sensível às crises e retomadas
da economia brasileira. Ressalta, portanto, que o setor ainda
atravessa um momento de recuperação, apontando que fábricas de grande porte trabalham
atualmente com 50% a 65% de
seu contingente de trabalhadores registrado cinco anos atrás,
quando o país ainda estava no
período pré-crise.
“As empresas não estão com estoques cheios. Em janeiro, já vemos uma boa melhorada nas fábricas, com a antecipação do retorno ao trabalho. As encomendas do comércio não pararam e até aumentaram em relação ao ano passado. Há aquecimento principalmente nas linhas de duas rodas, condicionadores de ar e aparelhos de fitness. Esperamos que 2020 seja um ano melhor, assim como 2019 foi mais positivo do que 2018”, ponderou.
Crescimento e emprego Na mesma linha, em entrevista concedida à Rádio Mix de Manaus, o presidente do Cieam e do Sinaees (Sindicato da Indústria de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares de Manaus), Wilson Périco, lembrou que as fábricas do PIM seguraram demissões, mesmo em meio à crise, gerando um hiato entre a atual taxa de crescimento econômico e o ritmo de contratações no Distrito.
“Veja o exemplo do polo de
duas rodas. Estamos comemorando a produção de mais de 1,1
milhão de motocicletas. É um
crescimento muito grande, se
olharmos para o passado recente, nos últimos três, quatro anos.
Mas, em 2007, fabricamos 2,2
milhões de motos. As empresas
seguraram o ritmo de demissões e existe uma certa ociosidade na
capacidade instalada e na mão
de obra também. Espero, com
muito otimismo, o andamento
da economia neste ano, e que
voltemos a gerar mais postos
de trabalho”, afiançou.
“Ritmo frustrante”
No texto distribuído pela assessoria de imprensa da CNI, o
economista da entidade, Marcelo
Azevedo, calculou que a utilização da capacidade instalada
deve ter fechado o ano passado
com resultado positivo, embora
o ritmo de crescimento da indústria tenha sido “frustrante”,
especialmente no início de 2019.
“Com isso, o faturamento, o emprego e as horas trabalhadas na produção devem ter fechado o ano com pequenas quedas na comparação com a média de 2018. A massa salarial e o rendimento médio do trabalhador devem ter quedas mais acentuadas”, concluiu, acrescentado que o setor deve iniciar o ano mantendo a tendência de recuperação do segundo semestre.