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Interior do Amazonas tem saldo positivo de empregos formais

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09/11/2022

O interior do Amazonas registrou seu oitavo mês seguido de saldo positivo de empregos formais, em setembro. As contratações (+1.920) voltaram a superar as demissões (-1.353), gerando acréscimo de 567 postos de trabalho com carteira assinada e alta de 1,38% sobre o estoque anterior (41.095). Foi um resultado acima do atingido em agosto de 2022 (487) e setembro de 2021 (+409). Com isso, os municípios também conseguiram ampliar o quadro de trabalhadores formais no acumulado do ano (+2.657) e dos últimos 12 meses (+4.247). Os dados são do Novo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).

A geração de empregos com carteira assinada no interior foi sustentada principalmente pela indústria e pelos serviços, embora todos os setores tenham obtido saldo positivo de empregos. Em mais um mês de deflação e carregamento nas políticas de transferência de renda, e também em um período já próximo da sazonalidade positiva do comércio, municípios mais distantes da capital também se beneficiaram do incremento nas contratações. Mas, o total de vagas continuou irrisório e muito abaixo do necessário, sendo que o setor público ainda responde por uma fatia desigual e majoritária da oferta.

A quantidade de saldos positivos subiu. De agosto para setembro, 30 dos 61 municípios do interior do Amazonas tiveram mais admissões do que desligamentos, em performance acima da apresentada no levantamento anterior (+27). Ao menos 11 pontuaram estabilidade e os 20 restantes extinguiram empregos. Mas, o volume de vagas geradas na maioria das cidades não passou da casa de um dígito. Em termos absolutos, a maior parte da oferta veio de São Gabriel da Cachoeira (+169 e +45,80%), Iranduba (+145 e +5,43%) e Itacoatiara (+131 e +1,94%). Os maiores tombos vieram de Presidente Figueiredo (-33 e -0,96%) e Humaitá (-29 e -1,05%).

Em nove meses, 48 prefeituras comemoraram geração de empregos, duas ficaram na mesma e 11 amargaram destruição de vagas. Iranduba (+463 e +19,69%), Itacoatiara (+434 e +6,75%), Parintins (+392 e +14,32%), Humaitá (+360 e +15,21%) e Coari (+242, +13,44%) encabeçaram a lista. Eirunepé (-16 e -6,61%) liderou a lista de cortes. Em 12 meses, a quantidade de municípios com empregabilidade no azul sobe para 50. Somente dois estancaram e os outros nove fecharam no vermelho. Os melhores números vieram de Iranduba (+450 e +19,03%) e Manicoré (+430 e +65,15%).

Estoques e atividades

Os números de setembro confirmam ainda que a oferta de trabalho formal no interior segue estruturalmente concentrada. A soma dos estoques de empregos dos seis municípios mais populosos responde por mais da metade do volume de vagas contabilizadas fora da capital (41.662). A lista inclui Itacoatiara (6.844), Presidente Figueiredo (3.390), Manacapuru (3.153), Parintins (3.151), Tabatinga (2.881) e Iranduba (2.845).

Assim como no mês anterior, nem todos os setores econômicos conseguiram saldos positivos, na passagem de julho para agosto de 2022. Mas, desta vez, as contratações nos municípios do interior foram carreadas por serviços (+257) e indústria (+219). O comércio (+134) e a agropecuária (+52) também alavancaram o interior. Em contrapartida, a construção (-95) carregou mais nas demissões do que nas contratações. As contratações de São Gabriel da Cachoeira se concentraram quase exclusivamente na administração pública (+183). Em Itacoatiara, a indústria madeireira (+32) fez a diferença.

De janeiro a setembro, todas as atividades econômicas criaram empregos no interior. Serviços (+1.515) e comércio (+1.246) puxaram as contratações com folga. Em Parintins, por exemplo, o varejo (+75) e a saúde humana e serviços sociais (+135) foram destaque. A indústria (+1.040) veio logo em seguida, e alavancou o mercado de trabalho de Iranduba – especialmente nos segmentos de produtos alimentícios (+253) e equipamentos de transporte (+128). Foi acompanhada de longe por construção (+212) e agropecuária (+47).

Auxílio e mínimo

O ex-presidente do Corecon-AM (Conselho Regional de Economia do Estado do Amazonas), consultor empresarial e professor universitário, Francisco de Assis Mourão Júnior, avalia que um dos principais fatores que contribuíram para um novo saldo positivo nos municípios do interior em geral foi o reforço nas políticas de transferência de renda, com destaque para o Auxílio Brasil. O economista ressalta, no entanto, que há diversos fatores que contribuem para diferenciais de desempenho entre as localidades.

“São Gabriel da Cachoeira ganhou uma linha aérea, que pode contribuir para desenvolver seu turismo. Iranduba se beneficia da ponte sobre o rio Negro e a extensão de algumas atividades industriais. Em Itacoatiara, o impulso deve vir principalmente do setor primário. Já a redução de empregos em Humaitá pode estar ocorrendo em função do problema das pontes na BR-319. As perspectivas de um aumento real do salário mínimo deve contribuir para uma continuidade de saldos positivos no interior”, analisou.

Qualificação e sazonalidade

A ex-vice-presidente do Corecon-AM, e professora universitária, Michele Lins Aracaty e Silva, considera que os dados do ‘Novo Caged’ refletem os avanços no cenário da pandemia e os investimentos direcionados para aquecer a economia. Na análise da economista, as recentes movimentações no mercado de trabalho refletem as ações implementadas pelos agentes econômicos, que resultaram em geração de emprego e renda e apontam para uma tendência de retomada aos patamares anteriores à crise da Covid-19.

“A geração de emprego no interior deve ser comemorada, pois contribui para a descentralização da economia do Amazonas. Apesar dos números, uma das grandes preocupações ainda é a fraca qualificação da mão de obra, que se traduz em baixa remuneração. O último trimestre tende a favorecer a oferta de trabalho, devido às festas de fim de ano, 13º salário e Copa. Por isso, acreditamos que novembro de dezembro devem apresentar um comportamento parecido ao observado neste último levantamento”, avaliou.

Foco nas prefeituras

Em entrevista recente para a reportagem do Jornal do Commercio, a consultora empresarial, professora e integrante da seção regional da Abed (Associação Brasileira de Economistas pela Democracia) no Amazonas, Denise Kassama, ressaltou que a criação de empregos no interior tem sido mais disseminada, embora os saldos continuam acanhados e abaixo do crescimento vegetativo do mercado de trabalho das localidades. O motivo seria a virtual ausência de projetos econômicos estruturantes fora da capital. “Esse é o grande desafio para os futuros governantes: na maioria dos municípios, a atividade econômica é muito pequena e o maior empregador é a prefeitura”, frisou.

Na análise de Denise Kassama, os números configuram uma “flutuação normal”, e “dentro da curva”, embora os resultados possam ter sido comprometidos –paradoxalmente –pelas políticas anticíclicas de estímulo ao consumo. “As desonerações tributárias, promovidas direta e indiretamente pelo governo federal, como a do ICMS sobre combustíveis, reduziram os repasses às prefeituras. Mas, a tendência de curto prazo, de uma forma geral, ainda é aumento no número de vagas, em função da proximidade das vendas natalinas”, arrematou.

Por Marco Dassori

Fonte: JCAM

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