22/07/2019
Gina Moraes
No dia 25 de julho, parece que, realmente, irá acontecer a primeira reunião do Conselho de
Administração da Superintendência da Zona Franca de Manaus – CAS. Antes tarde do que
nunca, e contamos, conforme anunciado pelo Coronel Alfredo Meneses, com a presença do
Presidente Jair Bolsonaro.
Começaram a asfaltar, com urgência, a Bola da Suframapara que o Senhor Presidente não visse
a nossa vergonha: embora aquela rotatória seja somente uma das nossas mazelas, que
poderiam ser apresentadas ao Chefe do Executivo. Fico pensando o que passaria na cabeça do
Presidente e na de sua comitiva se fizessem um pequeno “tour” por nossa cidade, considerando
que vivemos em um Estado com dois milhões e meio de habitante, onde os esforços dos
Governos Estadual e Municipal deveriam ser usados em benefício da qualidade de vida do
cidadão, principalmente na questão da mobilidade urbana, já que desperdiçamos boa parte da
vida no tráfego pesado.
Imaginemos que o Presidente e sua comitiva, no trajeto do Aeroporto Internacional Eduardo
Gomes até à Suframa, pegassem a avenida Torquato Tapajós e, dependendo do horário, fossem
apresentados ao trânsito caótico que lá é contumaz. Seguindo pela avenida Mário Ypiranga,
cruzamento com a avenida Constantino Nery, fossem confrontados com a favela que ali está
instalada para abrigar venezuelanos que deixaram o sonho vermelho para trás.
Ao lado do “acampamento” dos irmãos venezuelanos, entrassem em nossa Rodoviária para
vericar como são tratados com desrespeito e falta de dignidade os que aqui moram e
necessitam utilizar aquele lugar. Seguindo, ainda, a avenida Mário Ypiranga, cruzamento com a
Darcy Vargas veriam o Igarapé do Mindu, que deveria ser um local aprazível, mas apenas serve
para abrigar lixo, ratos e todas as espécies de podridão que o ser humano produz.
Pela Darcy Vargas, poderiam seguir direto pela Bola do Coroado e passariam em frente à UFAM,
sentido, poderiam vericar a péssima qualidade de nossa infraestrutura viária. Nesse trajeto,
eles não seriam expostos às condições perigosas do estado das vias do Distrito Industrial I e,
não vamos falar, do Distrito Industrial II.
Poderiam também levar o mito para conhecer a vista linda do porto da Ceasa, rio Negro
majestoso, rodeado por invasões de terras de propriedade da União, na maioria das vezes, sob a
administração da Suframa, o que tem sido um grande inibidor de novos investimentos, já que
estamos de joelhos para as invasões.
Pensem que, onde estava a Companhia Siderúrgica da Amazônia – Siderama, estava previsto ser
construído um porto público, extremamente necessário para melhorar a infraestrutura
logística e a competitividade das empresas aqui instaladas. Agora é hora de aproveitar e
perguntar: Em qual prateleira está escondido esse projeto? Devemos também aproveitar,
conforme anúncio prévio, a presença de todos os Governadores dos Estados que compõem a
Amazônia Ocidental, para buscar unirem forças e garantirem o pouco que ainda nos resta: O
modelo da Zona Franca de Manaus.
Preocupa-nos pensar sobre o que pode passar na cabeça do Presidente e ele se perguntar: O que
foi feito com todo o recurso gerado pelo Polo Industrial de Manaus em mais de cinquenta anos
de existência, se ainda padecemos dos mais diversos males: saúde precária, educação sem
qualidade, falta de segurança, poluição ambiental, falta de mobilidade urbana, falta de
infraestrutura, falta de tudo….?
Parece que aqui é a cidade dos esquecidos, dos desprezados, daqueles que não conseguem dar
um passo para a frente sem dar três para trás. Até quando Senhor Presidente?
*Gina Moraes é advogada, formada em Direito pela Universidade Nilton Lins.