09/01/2019
*Alfredo Lopes
Há que se destacar, no Relatório de Atividades 2018, da
Suframa, sob a batuta de Appio Tolentino, além da
personalidade jurídica do Centro de Biotecnologia da
Amazônia – uma expectativa de há quase duas décadas sem
CNPJ – e do repasse nanceiro para a Prefeitura Municipal de
Manaus (não) recuperar a imoralidade esburacada do Distrito
Industrial I e II. É denso o Balanço, e nele uma notícia mais do
que alvissareira chama a atenção: a aprovação e ajustes de 48
Processos Produtivos Básicos (PPB´s), essa premissa
tumultuada de adensamento e modernização da Zona Franca
de Manaus.
Ameaçado de desindustrialização pela fragilidade jurídica de
seus direitos e de suas efetivas contrapartidas fiscais, o Polo
Industrial resiste a esse boicote insensato chamado PPB.
Temos que denunciar e remover esse veto disfarçado para
evitar o adensamento e a modernização da base central de
nossa economia, sob a alegação de que as indústrias aqui
instaladas utilizam apenas 8% do bolo de incentivos scais do
país com uma folha incomum de contrapartidas.
O que diria a doutrina liberal sobre vetos disfarçados aos
Processos Produtivos Básicos do Amazonas, empatados por
burocratas que representam, às vezes, fabriquetas de fundo de
quintal do Sul e Sudeste e alegam em seu despacho o “…risco
de esvaziamento da Indústria nacional”. Tenha santa
paciência!!! Os 48 desembaraços conquistados pela Suframa é
, em si, um número tímido diante das potencialidades
produtivas desta economia que ainda não saiu da crise.
Em termos de estabelecimentos industriais, o Amazonas é o
22º do ranking com apenas 3.302 unidades (0,64%). Está a
frente apenas de SE, TO, AC, AP, RR. Mesmo assim, mais 48
arranjos produtivos merecem aplausos e revelam um
desempenho extraordinário comparativamente aos embargos
históricos que Brasília e sua corte formalista inventaram e
impõem ao Amazonas. Foram eles que demoraram 5 anos
para autorizar a Novamed, uma empresa de fármacos que
pretende utilizar, dentro de consagrados padrões de
sustentabilidade, os insumos da biodiversidade amazônica.
Para revelar que se trata de uma anomalia constitucional, esse
tal de PPB, um entrave perverso e hostil à diversificação e
saúde da economia do Amazonas, o próprio MCTI fez um
levantamento junto à Confederação Nacional da Indústria e
sistematizou um conjunto de informações surpreendentes, a
partir das quais, a decisão de exibilizar o PPB cou mais
coerente. O Brasil possui 519.624 Indústrias. Apesar de ser um
dos mais desprovidos de Indústria, o Amazonas, com menos
de 1% das indústrias detém o 4º lugar em nível escolaridade.
Já o Sudeste, a região mais rica do Brasil, que usufrui mais de
50% da renúncia scal do país, concentra, somente em São
Paulo, 30% das empresas industriais. Ora, se apenas 5 itens
que não podem receber incentivos, de acordo com a Carta
Magna, armas e munições, fumo, bebidas alcoólicas,
automóveis de passageiros e produtos de perfumaria ou de
toucador, é absurda essa restrição consolidada na invenção do
PPB, na contramão obtusa do mandamento constitucional.
Parabéns, pois, a Suframa, a seus servidores dedicados,
capazes de consolidar a Carta de Serviços da Suframa, ”…
dando total transparência a 34 serviços ofertados à sociedade,
sistematizando e ampliando os canais de atendimento ao
cidadão, a quem devemos sempre, e insistentemente, oferecer
o melhor serviço público”. Que isso sirva de referência para
aplicar na região a riqueza aqui produzida e que seu Conselho
de Administração seja resgatado em autonomia, nanceira,
política e administrativa, para que a mudança tão esperada seja materializada a partir da ótica, inteligência e interesse de
nossa gente.
(*) Alfredo é Consultor do Centro da Indústria do Estado do Amazonas