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"O mercado do Brasil é muito duro para as chinesas", diz presidente da Yamaha no Brasil

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10/02/2014

Em 2013, o mercado de motocicletas do Brasil amargou uma queda de 2,4% nas vendas no atacado. E 2014 não começou melhor. Só em janeiro, o setor já registrou queda de 9,5% nas vendas, segundo divulgou a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo).

O resultado já era esperado pelo setor, que se mantém cético frente a manutenção das restrições ao crédito e ao número reduzido de dias úteis deste ano, devido à Copa do Mundo. Apesar disso, o presidente da Yamaha Motor do Brasil, Shigeo Hayakawa, afirma ter confiança no mercado nacional e vem apostando no segmento de baixa cilindradas de uso misto, como receita para manter as vendas estáveis, principalmente no primeiro semestre do ano.

Para o executivo, 2014 será um ano de desafios, onde as grandes montadoras terão que provar o seu valor.

Nos últimos dois anos, o mercado de motocicletas do Brasil vêm alcançando resultados ruins de vendas. Qual a expectativa para 2014?

Este ano, o mercado não vai subir muito, por todas as questões que a gente tem enfrentado nesses anos que se mantém, como o financiamento. Os bancos ainda não estão liberando o crédito. Por isso, nossa expectativa é crescer entre 2% e 3%. Devemos considerar também que este é um ano de Copa do Mundo de Futebol, que será um período em que o consumidor não investirá na compra de uma moto, mas em outros gastos. Por tudo isso, estamos com uma expectativa bem conservadora, pois isso pode ser um problema. De qualquer maneira, estamos trabalhando para aumentar em até 25% as vendas nestes primeiros meses, o que deve acontecer com os lançamentos de 150 cilindradas.

Mas o segmento de baixa cilindrada não é o que tem enfrentado mais dificuldade? Não é arriscado investir em lançamentos neste nicho? Ou o senhor acredita no potencial deste mercado?

Este é um segmento que tem futuro no Brasil. Especialmente no caso de motos com uso misto. A Fazer 150 cc, por exemplo, em janeiro, vendemos 4,5 mil unidades. Se mantivermos esta média, de 4,5 mil unidades ao mês, será um resultado muito bom. E faltam motos neste segmento. A Crosser tem um designer mais urbano, mas pode ser utilizada em qualquer terreno. É um modelo muito adequado para o Brasil, pois todas as cidades estão cheias de buracos. Hoje, o cliente se preocupa mais com a funcionalidade da moto, com seu uso na vida real.

Este último lançamento foi desenvolvido em uma parceria, entre engenheiros japoneses e brasileiros. O que isso muda no jeito de fazer motos da Yamaha?

Nas questões de técnica e mecânica, o Japão é imbatível. É o melhor do mundo. Mas a máquina, especialmente a moto, não pode ser só mecânica, ela tem que combinar com as pessoas. A moto tem que ser compacta e tem que se ajustar com a personalidade e as características do povo local. Por isso, é preciso ter equipes que conhecem esta realidade. No Japão, por exemplo, são todos magros. Se fizermos o mesmo assento que fazemos para lá o brasileiro vai achar muito duro, muito pequeno. Cada país tem um jeito diferente, mesmo utilizando o mesmo mecanismo, o ‘sabor’ tem que ser diferente. E é preciso conhecer a realidade do local, não podemos usar a mesma suspensão que usamos no Japão, que tem vias muito boas, em motos que serão vendidas no Brasil, onde o estado das estradas é muito ruim. Os engenheiros também precisam conhecer e supervisionar os fornecedores daqui. Então, para unir a melhor parte do Japão e do Brasil, para fazer motos melhores para o País, implantamos nossa engenharia aqui. Isso já faz aproximadamente seis anos.

A Yamaha sempre foi tradicionalmente a segunda em market share no mercado brasileiro, mas tem perdido espaço com a entrada das motos chinesas. Como o senhor vê essa concorrência?

Nós já temos experiência, com o exemplo de outros países, como a Indonésia e Tailândia, que formam um mercado de 7 milhões de unidades, onde existia concorrência com as chinesas, que foi logo suplantada. Na Indonésia, Honda e Yamaha detêm 95% do mercado. Na Tailândia estas duas marcas respondem por 85% do mercado. Acontece que a moto não é como o carro, onde o produto chinês é muito mais barato. O que tornava as motos mais baratas era o câmbio, mas a produção da China se desenvolveu e já não é mais tão barata assim. Pelo contrário, as motos chinesas já estão custando quase o mesmo que as motocicletas da Honda ou da Yamaha. A inflação na China esta subindo muito, não é mais um país barato. Além disso, o mercado brasileiro é muito rígido. Para alcançar nossa tecnologia, estas fabricantes terão que investir muito em pesquisa de emissões e outros fatores, coisa que já fizemos. Assim, podendo comprar uma Yamaha ou uma moto chinesa, com preço similar, qual você acha que o consumidor vai escolher?

Fonte: Portal D24am.com

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