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Números que enganam

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06/12/2022

Existem estatísticas de todos os tipos. Por exemplo, podemos verificar que o Brasil é um dos maiores produtores agrícolas do mundo – e isso é um fato. Também estamos entre os maiores exportadores. Entretanto, quais países são maiores do que o Brasil? EUA, Holanda, Alemanha e França. Se somarmos os três países Europeus da lista como um só, teremos 3,93 vezes em dólar o que exporta o Brasil. Isso provavelmente mudará a sua perspectiva sobre a competitividade nacional neste setor.

Há uma necessidade de deixarmos o ufanismo e nos alicerçarmos em bases sólidas. Há um olhar positivo para a soja e somos o maior produtor global, mas ela não é tão rentável como, por exemplo, as flores ou os tomates holandeses. Está na hora de começarmos a observar como ganhar dinheiro e não como repetir práticas históricas que talvez sejam mais interessantes para estrangeiros do que para nós.

Em qualquer questão que se faz o debate público no Brasil, são realizadas leituras superficiais e apressadas da realidade, repetindo-se verdades parciais e atacando aspectos que poderiam nos deixar mais competitivos e prósperos. Esta nossa prática é inapropriada. Serão armadilhas externas ou internas? Pensamento errado, estupidez ou estratégia deliberada de destruição? É difícil perceber os motivadores, mas é fácil perceber os efeitos.

A Amazônia e o Amazonas deveria ser o centro da atenção nacional, pois é grande, importante e possui potencial para gerar riqueza. Por outro lado, as decisões sobre a região e as deliberações sobre ela não estão centradas por aqui, voltam-se para sua destruição ou proteção preguiçosa. Pouco há voltado para a ciência, tecnologia e inovação. A Zona Franca de Manaus, que é pequena e produz alguma prosperidade é constantemente atacada. As iniciativas alternativas dos últimos anos são destruidoras e pouco interessantes.

Está na hora de começarmos a valorizar o que interessa. Como ir além da proteção pela proteção ou da destruição para fazer projetos de baixa magnitude econômica? Como mudar o foco da extração pura e simples para a grande agregação de valor e riqueza? Como entender que o Polo Industrial de Manaus poderia ser bem maior do que é? O que fazer para estimular seu crescimento, ao invés de buscar a sua destruição? Como reduzir as desigualdades regionais?

Precisamos conceber discursos que construam. Precisamos abandonar os apelos que buscam um passado de colônia e encontramos um futuro de liderança com base nas nossas brilhantes potencialidades. Fora disso, seguiremos presos numa eterna repetição dos erros do passado. Já chega. É inaceitável.


  1. Augusto César Barreto Rocha é doutor em Engenharia de Transportes (COPPE/UFRJ), professor da UFAM (Universidade Federal do Amazonas), diretor adjunto da FIEAM, onde é responsável pelas Coordenadorias de Infraestrutura, Transporte e Logística.

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