05/05/2014
A medida, anunciada pela Receita Federal no último dia 29, prevê um aumento de até 2,25% do preço da bebida para o consumidor final. No entanto Antonio Silva acredita que esse aumento não irá ocorrer e que as empresas arcarão com os novos custos. “O mercado já não aceita aumento nem repasse de aumento de impostos. Quem está absorvendo é a indústria e vai acontecer o que estar acontecendo. A desaceleração em massa do segmento industrial em função dessa alta carga tributária”, lamenta.
O aumento é o segundo anunciado para o setor em menos de 2 meses. No dia 1º de abril, a antiga tabela de preços sobre os produtos e embalagens foi reajustada em 0,4% pela Receita, com exceção dos refrigerantes. “A falta de segurança jurídica provocada pelas mudanças nessas regras, que ocorrem praticamente todo mês, impactam no planejamento e investimento das empresas. A empresa deixa de investir por que não consegue prever seu faturamento”.
Segundo a Receita Federal o objetivo é corrigir uma defasagem em função da alta dos preços no mercado verificada nos últimos dois anos e é esperado um aumento de 1,5% na arrecadação até dezembro. A medida passa a valer a partir de 1º de junho. No entanto, Antonio Silva afirma que a medida é equivocada “O segmento é penalizado, pois estamos pagando a conta das desonerações de outros segmentos, o que não é correto. Está na hora de fazermos uma reflexão sobre certas medidas do governo”, criticou. A grande crítica é que o governo estaria aumentando a tributação para arcar com a ajuda de R$ 4 bilhões que o Tesouro Nacional dará ao setor energético do país.
A AmBev, que chegou a registrar queda superior a 5% em suas ações na Bolsa desde o anúncio, garantiu que não haverá aumentos no preço das bebidas até o fim da Copa do Mundo. Segundo a associação a medida é adotada em respeito a acordos feitos e ao consumidor de que o preço não aumentaria em virtude do mundial.
Na contramão da Ambev, os fabricantes de cerveja filiados à Cervbrasil (Associação Brasileira da Indústria da Cerveja) ameaçaram reajustar os produtos entre 5% a 10%. Em nota, a Cervbrasil se queixou da falta de diálogo com o governo e resaltou que as mudanças tributárias ocorridas no segmento desde 2013, “somam um aumento superior a 30%, quatro vezes acima da inflação geral no período, e três vezes maior que a específica do setor. Os aumentos seguidos de tributos federais comprometeram o crescimento do setor, que vem registrando estagnação nos últimos três anos” e que podem impactar na geração de empregos.
Desempenho do segmento
Os indicadores da Suframa mostram que o segmento teve uma redução de -3,20% no faturamento em 2014, o menor no primeiro bimestre do ano desde 2010. Foram US$ 36,7 milhões em janeiro de 2014, contra US$ 38 milhões em igual período do ano passado. Segundo Antonio Silva, mesmo com o advento da Copa do Mundo de Futebol, quando o consumo de bebidas costuma aumentar,o faturamento não deve superar o do ano passado.
“O desempenho deve conseguir repetir o do ano passado, por causa da Copa do Mundo. Mas diminuindo a margem de lucro das empresas. Era para ser um ano de crescimento, mas agora vamos tentar empatar com o ano passado e já será considerada uma condição favorável”.
Fonte: JCAM