04/04/2019
Jornal A Crítica
A bancada amazonense na Câmara dos Deputados e no Senado fechou questão sobre o preço que vão cobrar do governo para apoiar a reforma da Previdência. Eles pretendem negociar diretamente com o presidente, que terá agenda em Manaus no dia XX, pedindo o restabelecimento da competitividade do setor de concentrados, um dos mais importantes da Zona Franca, responsável por nosso principal produto de exportação, as preparações para fabricação de bebidas.
A prioridade será dada ao segmento. Os parlamentares afirmam ter abrido mão de cargos no segundo e terceiro escalões do governo – que é a moeda oferecida abertamente pelo Planalto com o parte da “nova forma” de fazer política – embora haja quem mostre disposição em fazer indicações, primando, porém, por critérios de ordem técnica.
Vale lembrar que a mudança no decreto do IPI dos concentrados já foi discutida com o ministro da Economia, Paulo Guedes, levada pelo governador Wilson Lima, juntamente com toda a bancada.
O resultado não poderia ser mais insatisfatório para o Estado, que não viu qualquer disposição de Guedes em alterar o decreto que prejudica o segmento.
Na ocasião, o ministro chegou a argumentar que a bancada pedia bilhões para “produzir xaropinho”. Desta vez, a negociação pode tomar outro rumo, já que o governo está empenhado em buscar os votos necessários para aprovar o texto da reforma da previdência sem grandes alterações. No que tange à Zona Franca de Manaus, o compromisso do governo á “manter o que já existe”, ou seja, não haverá incentivo para novos setores industriais, e o modelo terá que fortalecer os setores já consolidados. Os parlamentares podem cobrar esse compromisso nas negociações a respeito do IPI dos concentrados.
É preciso convencer Bolsonaro de que, se o decreto que alterou a alíquota de IPI no ano passado não for revisto, já no segundo semestre, o segmento de concentrados estará inviabilizado na Zona Franca, o que significará a saída de empresas, não só do polo do Amazonas, mas do Brasil, com perda de empregos e de investimentos. O prejuízo não será só do Amazonas. Mais do que isso, é preciso ver a atitude concreta acontecer, já que o governo frequentemente manifesta uma decisão e muda de idéia logo em seguida. Não basta a promessa de edição de um novo decreto.