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Nível de desemprego dificulta análises

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07/05/2019

Notícia publicada pelo Estadão Conteúdo

A dimensão da deterioração na economia nos últimos anos mudou a forma como os especialistas olham para os dados de emprego. O prolongamento da crise empurrou parte importante da força de trabalho para a subutilização e, principalmente, para o desalento (quando o cidadão para de procurar trabalho), tornando a taxa de desemprego medida pela Pnad Contínua insuficiente para dimensionar a gravidade do quadro atual. No último trimestre, ambas atingiram recorde, segundo dados da última terça-feira (30), e alcançaram um patamar preocupante: um quarto da força de trabalho brasileira está subutilizada atualmente e 4,8 milhões estão desalentados.

A taxa de subutilização reúne, além das pessoas desempregadas, os desalentados, os subocupados (menos de 40h semanais de trabalho) e a força potencial de trabalho (os que poderiam estar trabalhando, mas não estão). Hoje, a taxa de desemprego deixa de fora parte desses dados e reúne apenas os desempregados que estiveram à procura de emprego nos últimos 30 dias. “A taxa de desemprego costumava ser um bom indicador, mas agora, por características dessa crise específica, se tornou insuficiente”, explicou o economista da LCA Consultores, Cosmo Donato.

Como a crise se arrastou muito, as pessoas ficaram muito tempo desempregadas. Por conta disso, elas desistiram de procurar ou buscaram ocupações que nada têm a ver com a área original de emprego, muitas vezes uma subocupação. Exemplo disso é o número crescente de motoristas por aplicativo, cita Donato. “Foi a forma como o mercado encontrou de absorver os desocupados e aqueles que precisavam recompor a renda perdida por conta de um membro familiar que perdeu o emprego”, apontou.

A consultoria Parallaxis avalia que considerados os desalentados, por exemplo, a taxa de desemprego estaria ao menos 0,6 ponto porcentual acima do nível atual, de 12,7%. Ou seja, em 13,3%. Os dados da Pnad Contínua dão conta de que 4,8 milhões de trabalhadores desistiram de procurar emprego, 4,4% da força de trabalho, também um recorde.

“Observamos em março de 2017 a taxa de desemprego atingir o pico histórico de 13,7%, adentrando trajetória mais ou menos estável de baixa desde então. Ao mesmo tempo, neste período o contingente de desalentados passa a elevar-se de maneira mais intensa, pari passu com a redução do desemprego, atingindo os maiores valores da história”, aponta relatório da empresa.

O especialista em mercado de trabalho Rodolfo Torelly pondera que a taxa de subutilização pode estar computando como “subocupação contratos menores de trabalho que foram criados pela reforma trabalhista, entre eles o intermitente ou por prazo determinado. Ele destaca, no entanto, que esse tipo de trabalho ainda é pouco significativo no montante total.

Torelly afirma que a expectativa criada com o discurso do governo sobre a reforma da Previdência pode estar levando empregadores a não tornar disponíveis novas vagas. Com isso, o número de desalentados tende a crescer enquanto a situação não for resolvida.

Segundo a Pnad, um quarto da força de trabalho está subutilizada (Foto: José Cruz/ABr)

Desempregado longevo vira ‘obsoleto’, dizem especialistas

O longo período fora do mercado deve afetar os trabalhadores pelos próximos anos, mesmo quando o desemprego voltar a cair. De acordo com economistas ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, os profissionais mais experientes que ficaram muito tempo desempregados vão retornar defasados, enquanto os jovens que tentam entrar no mercado, largam em desvantagem em relação às gerações anteriores.

No primeiro trimestre, o morador da Grande São Paulo estava, em média, há 46 semanas buscando trabalho, sem nem conseguir fazer um ‘bico’. No mesmo período de 2014, quando o País vivia o chamado pleno emprego, esse tempo era de 21 semanas, segundo pesquisa da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Os resultados acompanham a deterioração do mercado de trabalho. O medo do desemprego também voltou a subir no País. O índice mais recente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) bateu em 57 pontos, acima de média histórica de 49,9 pontos.

O economista do Insper Sergio Firpo, que estudou o impacto da perda de emprego nos chefes de domicílio, é um dos que concordam que o aumento do tempo de recolocação de um profissional no mercado é muito preocupante. “Quem fica muito tempo desempregado tem uma depreciação de capital humano. Toda experiência antes acumulada fica obsoleta e, quando ele voltar ao mercado, a tecnologia terá mudado”.

Ele lembra que os jovens hoje também estão em desvantagem, em relação às outras gerações. “Muitos pararam a formação e não vão conseguir achar bons empregos lá na frente”.

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