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Nem a solidariedade é simples

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16/03/2021

Fonte: Brasil Amazônia Agora

O problema é que o glamour não é grande e a geração de riqueza do alimento é da ordem de 0,2kg de celular para 10ton de soja. Precisamos de mais narrativas que nos unam pelo crescimento próspero e menos narrativas que nos desunam pelo poder da destruição, para a riqueza de pouquíssimos.”

Augusto César Barreto
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Augusto César é professor da UFAM

A solidariedade entre as pessoas é uma prioridade para construção de uma sociedade. Yuval Noah Harari, historiador israelense, reitera em entrevistas o quanto as democracias de vários países vêm sendo ameaçadas pela falta de solidariedade e com o excesso de agressividade, colocada como um falso nacionalismo. Ao contrário do que alguns políticos pregam, o nacionalismo é uma união pelos interesses do país. A realidade é complicada e precisa construir histórias simples para a união e o desenvolvimento das sociedades.

Nossas realidades regionais são complexas e sequer conseguimos construir solidariedade entre as elites dominantes. No país, convivemos com um excesso de mortes, como se fosse natural, com cerca de 10,4% das mortes por Covid-19 no mundo, apesar de termos apenas 3% da população. No Amazonas, 1,84% da população do Brasil e 4,2% das mortes nacionais. Há uma constante competição pelos poderes independentemente do custo. Provavelmente há um enorme benefício associado com estas lutas. Temos elites de causas pequenas, e não elites de interesses coletivos. Como é possível ser indiferente com mortes?

Em nossa região, as elites padecem de problema adicional: como parecer relevante em meio à grandiosidade da Amazônia? Qualquer um fica minúsculo frente a imensidão da floresta, sua complexidade e biodiversidade. Nossas elites ficam ainda menores quando não conseguem se unir dentro dos Estados e, consequentemente, temos dificuldades nas relações interestaduais. Nossa realidade é complicada, se tentamos entender com profundidade, mas uma coisa é certa: a incompetência é nossa, por não sair desta condição em que pessoas passam falta de comida ou oxigênio ao lado de uma imensidão de vida.

Se não conseguirmos simplificar esta complexidade, por meio de histórias compartilhadas entre nós, construindo narrativas que nos unam, nunca conseguiremos juntar nossos interesses. Precisamos de propósitos comuns, que unam os habitantes de Manaus, Manacapuru, Humaitá, Silves, São Gabriel da Cachoeira ou Belém. Enquanto não existir esta pauta, não faremos a transposição da sub-humanidade e subdesenvolvimento que nos persegue.

O Agronegócio, sem os holofotes das elites urbanas, conseguiu construir uma grande história de sucesso no Brasil. A Embrapa, com os pés no chão, conseguiu inserir tecnologias na agricultura nacional. Os agricultores, com níveis baixíssimos de impostos e menor pressão fiscalizatória, conseguiram construir uma indústria competitiva internacionalmente. Já existe um modelo para um dos celeiros do mundo. O problema é que o glamour não é grande e a geração de riqueza do alimento é da ordem de 0,2kg de celular para 10ton de soja. Precisamos de mais narrativas que nos unam pelo crescimento próspero e menos narrativas que nos desunam pelo poder da destruição, para a riqueza de pouquíssimos.

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