05/08/2014
Apesar dos esforços para a diversificação da atividade econômica, segundo dirigentes e trabalhadores ouvidos por A Crítica, o Polo Industrial de Manaus (PIM) segue como o grande "motor" da economia amazonense. Alguns números confirmam esse otimismo.
Conforme dados da Secretaria de Fazenda do Estado do Amazonas (Sefaz-AM), as fábricas do parque industrial renderam, apenas, no primeiro semestre deste ano, R$ 2,08 bilhões em arrecadação aos cofres do Amazonas. O número representa pouco mais da metade do total recolhido com o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no Estado.
Quanto aos ganhos do parque fabril, até maio deste ano, de acordo com dados atualizados da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) US$ 15,5 bilhões já foram faturados, com US$ 8,04 bilhões partindo do setor eletroeletrônico, que segue como o mais representativo, junto aos bens de informática.
Mais Investimentos
E apesar do clima de insegurança jurídica e crises de financiamento para um dos setores mais pujantes do Polo, o setor de Duas Rodas, os investimentos seguiram com números satisfatórios. Apenas pelo Conselho de Administração da Suframa (CAS), passaram em 2013m 221 projetos com expectativa de aportes que somam US$ 3,5 bilhões.
Segundo o secretário de planejamento econômico do Amazonas, Airton Claudino, esses números devem aumentar ainda mais até o final deste ano. "A certeza de mais 50 anos para o modelo reacenderam as tratativas de grandes investimentos. Espero que ainda este mês possamos anunciar novidades rentáveis ao Estado", apostou.
Direitos e Indiretos
Os investimentos não trazem benefícios apenas para o setor industrial. O presidente do Conselho de Economia do Estado do Amazonas (Corecon-AM), Marcus Evangelista, explicou que os efeitos da permanência do modelo vão além. "Para cada emprego direto, são três indiretos, o que significa mais de 400 mil no total", apontou.
O economista defendeu a importância das atividades do PIM para a economia do Estado. "Os Investimentos, movimentam a indústria, que geraemprego e renda aos trabalhadores. Uma população com renda significativa mais consumidores de produtos além de serviços em geral como alimentação e hotelaria. Todos saem ganhando", comemorou.
Meta é achar novas matrizes
Para representantes da economia local, a conquista da prorrogação é apenas o primeiro passo a ser dado nesta próxima etapa. "É de suma importância termos conseguido pôr fim a esta etapa. Agora precisamos pensar mais na frente", avaliou o presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco.
Segundo ele, a emenda constitucional que estendeu os benefícios foi o primeiro passo para o desenvolvimento de novas matrizes econômicas. "Com a certeza da indústria como o grande pilar da nossa economia, poderemos trabalhar com mais tempo para erguer outros pilares como a atividade mineral, o Polo Naval e o setor de cosméticos", exemplificou.
Já para o vice-presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas (Fecomércio-AM), Anderson Frota, a trajetória pela frente é mais longa. "A rigor temos mais 50 anos, mas contando a partir de 2015, são 58 anos. A nova etapa nos obriga a avaliar tudo o que já foi feito e aperfeiçoar os pontos falhos. Esse é o desafio", enfatizou.
Trabalhadores comemoram
A vitória não foi comemorada apenas por dirigentes da indústria ou empresários locais. Trabalhadores de fábricas do Distrito Industrial também celebraram a conquista. A indústriaria Kátia Chevi, 50, que há 14 anos trabalha na fábrica de eletroeletrônico Le Novo (antiga CCE), já trabalha no Distrito Industrial há 32 anos. "Comecei trabalhando com soldagem de bicicletas e hoje sou líder de produção", lembra.
Ela diz dever ao Polo Industrial seus sucessos profissionais. "O PIM representa para mim a possibilidade de ter criado meus filhos. Sua permanência significa, acima de tudo, a garantia de prosperidade para as próximas gerações", avaliou.
Kátia não é a única a comemorar. Para o funcionário da qualidade da Moto Honda da Amazônia, Sidney Silva, 50, a prorrogação é uma grande conquista. "Tenho orgulho de fazer parte dessa história. Com meu desempenho e a oportunidade que me foi dada conquistei casa, carro e conhecimento", enumerou.
Ele recorda que iniciou em 1997 no chão da fábrica da empresa, como auxiliar de montagem. Em seguida, conquistou o posto de inspetor do setor de qualidade e atualmente é líder da área. "Me esforcei, busquei cursos de aperfeiçoamento, mas sei, com certeza, que boa parte das minhas conquistas se devem, sobretudo, à existência desse modelo industrial", concluiu.
ZFM: motor da economia
120 mil empregos diretos são gerados nas fábricas de Manaus, principalmente no setor de eletroeletrônicos.
R$ 2,08 bilhões é o total arrecadado pela indústria aos cofres estaduais entre janeiro e junho deste ano; o número é 86,67% superior em relação ao mesmo período do ano passado.
US$ 38,51 bilhões é o faturamento das fábricas do Polo Industrial de Manaus em 2013. Este ano, os ganhos do parque fabril já somam US$ 15,5 bilhões, nos primeiros cinco meses.
119.560 é o número de empregos preservados pelas indústrias da ZFM até maio deste ano. Deste total, 11.852 são efetivos, 2527 são temporários e 5.181 são terceirizados.
US$ 8,04 bilhões é o faturamento do setor eletroeletrônico, o mais representativo do Polo. Juntamente com o setor de bens de informática, representa 51,76% do total de ganhos da indústria local.
7,7 milhões de unidades de televisores foram produzidas pelo PIM em 2014. Deste total, 6,65 milhões foram de televisores de cristal líquido (LCD).
Fonte: Jornal A Crítica