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Municípios conseguiram gerar mais empregos formais no primeiro semestre

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02/08/2022

Marco Dassori

Twitter: @marco.dassori Instagram: @jcommercio

O interior do Amazonas registrou seu quinto mês seguido de saldo positivo de empregos formais, em junho. As contratações (+1.703) voltaram a superar as demissões (-1.134), gerando acréscimo de 569 postos de trabalho com carteira assinada e alta de 1,44% sobre o estoque anterior. Foi um resultado acima do registrado em maio de 2022 (+506 e +1,30%), mas bem superior ao de 12 meses atrás (+294 e +0,75%). Com isso, os municípios também conseguiram ampliar o quadro de trabalhadores formais no primeiro semestre (+2.096) e no acumulado dos últimos 12 meses (+3.156). Os dados são do Novo Caged.

A nova alta nas contratações dos municípios foi sustentada pela maior oferta de vagas nos setores de construção, comércio e serviços, sendo seguidos um pouco mais de longe pela indústria. Tradicional motor de contratações no interior, a agropecuária conseguiu fechar no azul, mas o saldo não passou de um dígito. A quantidade de municípios com saldo positivo aumentou, com destaque para Itacoatiara, Humaitá e Iranduba. Presidente Figueiredo recuperou vagas mas, em sintonia com o aumento dos custos dos insumos agrícolas e das incertezas no polo de concentrados em decorrência da crise do IPI, se mantém no vermelho no acumulado do ano.

Em junho, 36 dos 61 municípios do interior do Amazonas tiveram mais admissões do que desligamentos –contra as 41, de maio. Ao menos nove pontuaram estabilidade e os 16 restantes extinguiram empregos. Mas, o volume de vagas geradas na maioria das cidades foi novamente irrisório. Em termos absolutos, os melhores resultados vieram de Itacoatiara (+99 vagas e +1,51% de alta), Humaitá (+74 e +2,87%) e Iranduba (+62 +2,48%). A maior expansão proporcional veio de Santo Antônio do Içá (+13,50%), que criou 22 postos de trabalho. Em contraste, os cortes se concentraram principalmente em Boca do Acre (-15 e -0,90%) e Manacapuru (-13 e -0,42%).

No semestre, 47 prefeituras comemoram geração de empregos, duas ficaram na mesma e 12 amargaram destruição de empregos. Parintins (+315 e +11,51%), Humaitá (+281 e +11,87%), Itacoatiara (+219 e +3,40%) e Iranduba (+206 e +8,76%) encabeçaram a lista. Embora tenha esboçado reação no mês, Presidente Figueiredo (-141 e -4,24%) ainda é o único com cortes de três dígitos. Em 12 meses, o rol de municípios com empregabilidade no azul sobe para 53. Somente três estancaram e cinco fecharam no vermelho. Humaitá (+377 e +16,60%) e Codajás (-30 e -18,63%) ficaram nos extremos.

Estoques e atividades

Os números de junho confirmaram ainda que a oferta de trabalho formal no interior segue concentrada. A soma dos estoques de empregos –que é a quantidade total de vínculos celetistas ativos –dos seis municípios mais populosos do interior respondeu por mais da metade de todo o volume de vagas contabilizadas fora da capital (40.049). A lista inclui Itacoatiara (6.652), Presidente Figueiredo (3.180), Manacapuru (3.095), Parintins (2.961), Tabatinga (2.862) e Humaitá (2.603).

Assim como ocorrido no mês anterior, todos os setores econômicos conseguiram saldos positivos, na passagem de maio para junho de 2022, em sintonia com o registro da capital. As contratações nos municípios do interior foram carreadas por construção (+155) e comércio (+153). Os serviços (+144), que vinham encabeçando a lista ao longo dos últimos meses, ficaram na terceira posição, seguidos pela indústria (+108) e pela agropecuária (+9) –após a estagnação apresentada no levantamento precedente. Os motores das contratações em Itacoatiara foram as indústrias de transformação (+40) e o varejo (+33).

De janeiro a junho, a agropecuária (-273) é a única atividade econômica a eliminar empregos no interior. Serviços (+847), comércio (+808) puxaram as contratações, mas indústria (+569) e construção (+276) também fecharam no azul. No ano, Parintins foi alavancado pelo varejo (+286) e por serviços de organizações associativas (+159). Humaitá teve suas contratações sustentadas pelo comércio (+77) e pela administração pública (+65). As demissões de Presidente Figueiredo, por outro lado, se concentraram principalmente na de lavouras temporárias de cana-de-açúcar (-379).

“Sede por crescimento”

O economista, consultor empresarial e professor universitário, Leonardo Marcelo Braule Pinto, concorda que o aumento de empregos no interior é uma boa notícia, até porque ajuda a desconcentrar um pouco a geração de renda e riqueza no Estado –que hoje se concentra em Manaus, em razão do PIM. “Temos diversos municípios vivendo praticamente de dinheiro público de repasses e outras cidades que conseguem se manter e sustentar o surgimento de microempresas, além de atrair mão de obra de localidades vizinhas economicamente menos ativas”, comparou.

Braule Pinto avalia que as contratações se devem ao gradual degelo da economia amazonense, em face da melhora no panorama pandêmico, embora destaque que o ritmo de recuperação poderia ser melhor. O economista avalia que o próprio quadro de incertezas em torno da Zona Franca de Manaus, em razão da crise do IPI e do contencioso com o governo de São Paulo em torno do ICMS, entre outras questões, também ajudou a desencadear a atividade nos municípios. “Isso ajudou a conter o êxodo para a capital e a sede por crescimento econômico acaba ajudando a gerar empregos. Além disso, o governo do Estado vem asfaltando estradas e fazendo obras no interior”, completou.

Na análise do economista, a despeito das instabilidades e oscilações trazidas pela guerra, pandemia e altas de juros, o panorama de curto prazo é positivo para a economia e empregabilidade do interior, assim como no restante do país. “É de se esperar, como em qualquer parte do Brasil, uma incerteza de longo prazo. Mas, com essa diminuição do combustível e das obras estaduais, há de se esperar mais vagas nos próximos meses. Os efeitos cascata, principalmente por essas políticas keynesianas do governo do Amazonas podem contribuir para geração de riqueza mais significativa e empregos formais”, concluiu.

Fonte: JCAM

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