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Motos de alta cilindrada driblam crise

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09/10/2013

Diante de um mercado que cai para os níveis mais baixos em sete anos, duas estratégias se tornaram comuns na indústria de motocicletas para aliviar o impacto da crise. Por um lado, os fabricantes reforçaram posições em segmentos de alta cilindrada, menos expostos à seletividade dos bancos que derrubou as vendas das linhas mais populares. De outro, as marcas têm procurado preencher novas faixas do mercado, mesmo nas gamas de baixa cilindrada.

A Yamaha, por exemplo, entrou só no mês passado no segmento de 150 cilindradas, um dos mais populares do país. Porém, também começará a importar nos próximos meses motos de quase 1.700 cilindradas, que vão custar R$ 99 mil no mercado brasileiro.

Já a Honda, líder desse mercado com mais de 80% das vendas, também quer ter posição de hegemonia nas linhas de alta cilindrada. Sua meta é aumentar de 30% para 50% a participação nesse segmento. Ontem, durante o Salão Duas Rodas, principal mostra do setor, a Honda deu mais um passo nessa estratégia, ao apresentar sua nova gama de motos de 500 cilindradas, que será produzida em sua fábrica no polo industrial de Manaus, a maior unidade de produção do grupo no mundo. Só com essa nova linha, que começa a chegar nas lojas neste mês com preços a partir de R$ 22 mil, a marca japonesa planeja adicionar vendas de 20 mil motos por ano e chegar perto do objetivo de abocanhar metade do mercado de maior potência. O salão acontece no Pavilhão de Exposições do Anhembi, na zona norte da capital paulista, e vai até sábado.

Junto com a ampliação do portfólio, a rede de concessionárias da Honda tem sido treinada e adaptada para atender ao público que consome esse tipo de moto. No momento, mais de 70 lojas operam dentro desse modelo, número que a marca pretende elevar para 100 em um ano.

As motos com propulsão superior a 450 cilindradas ainda são um nicho no Brasil. Neste ano, devem chegar a perto de 50 mil unidades, ou pouco mais de 3% de um mercado que caminha para fechar 2013 com mais de 1,5 milhão de motocicletas licenciadas, conforme as projeções da Abraciclo, entidade que representa o setor. Porém, é a única faixa do mercado que tem mostrado algum crescimento neste ano.

Entre janeiro e setembro, a evolução das vendas no varejo foi de 2,4%, um desempenho que, embora longe de ser fantástico, vai na contramão da queda de 10,1% do mercado de até 150 cilindradas, onde estão os maiores volumes. Em quatro anos, o consumo das motos mais potentes praticamente dobrou de tamanho no Brasil, atraindo, inclusive, investimentos de marcas premium globais. Montadoras como a italiana Ducati e a britânica Triumph Motorcycles, que no último ano passaram a montar suas motos em Manaus, projetam o Brasil entre seus cinco maiores mercados do mundo em apenas dois anos.

Também no Salão Duas Rodas, a Harley-Davidson informou que vai ampliar sua rede de concessionárias no Brasil de 15 para 22 lojas até o fim de 2014. A lendária marca anunciou que fechará este ano com vendas de 7,5 mil motos, crescimento ao redor de 10% sobre o volume de 2012.

Já a Triumph vai abrir mais cinco concessionárias e iniciar a montagem no país de, na média, um modelo a cada mês para chegar a novas regiões, ter condições de praticar preços mais competitivos e, com isso, dobrar suas vendas no mercado brasileiro para mais de 4 mil motos em 2014.

Por outro lado, as restrições colocadas pelos bancos nas liberações de crédito - incluindo um maior rigor nos dados cadastrais que dificultou a obtenção de financiamento por profissionais autônomos, muitas vezes com dificuldades para comprovar renda - vêm derrubando desde o ano passado os segmentos mais populares da indústria de duas rodas. "A baixa cilindrada ainda é quem faz nossa escala, mas, por falta de melhores condições de crédito, esse mercado está em baixa", diz o presidente da Moto Honda da Amazônia, Issao Mizoguchi.

Fonte: Valor Econômico

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