03/02/2020
Fonte: Amazonas Atual
O presidente do Cieam (Centro das Indústrias do Estado do Amazonas), Wilson Périco, considerou “infeliz” e “ignorante” o posicionamento do ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente) de que a produção de bicicletas em Manaus com renúncia fiscal é a “fundo perdido”. Salles defendeu que o dinheiro perdido com a isenção de impostos deveria ser usado em educação e saúde.
Périco disse que se sentiu surpreso com a declaração. “Primeiro, surpreso com a infelicidade. Ele fala de substituir o modelo Zona Franca, o que nós não concordamos. E foi muito infeliz ao usar o modelo da bicicleta falando em produzir esse produto a fundo perdido. Primeiro, que esse produto se utiliza de recursos da floresta que é a própria borracha e está no PPB (Processo Produtivo Básico) que isso deve ser gerado aqui, esse insumo, e a fábrica cumpre com o PPB, então nós geramos empregos dentro dessa atividade”, disse.
Conforme o empresário, a bicicleta é o meio de transporte que mais cresce no mundo exatamente porque ela não polui. “Hoje, o mercado de bicicletas elétricas está em franco crescimento no mundo. E o ministro vem e usa esse exemplo de produto para desmerecer o que o modelo Zona Franca dá de riqueza e contribuição social para o país como um todo”, afirmou.
Wilson Périco disse que o ministro causou vergonha. “Eu senti vergonha porque esse é um ministro de estado. Decepcionado, porque em se tratando de meio ambiente ele deveria saber que a borracha é um insumo que vem daqui da nossa floresta. E surpreso com o desconhecimento e a ignorância conveniente porque esse segmento de bicicletas gera quase 10 mil empregos”.
O presidente do Cieam espero que Ricardo Salles tenha condições de rever seu posicionamento, “que tenha interlocutores que leve essas informações até ele”. “O que nós mais queremos é debater o modelo zona franca para levar ao país informações que ele demonstra não conhecer”, disse.
Sobre a Secretaria da Amazônia, com sede em Manaus, anunciada pelo presidente Jair Bolsonaro, Wilson Périco vê com bons olhos, mas defende que o gestor tenha conhecimento sobre a região. “Tem que ser alguém que conheça e tenha autonomia. Não pode vir pra cá alguém que vá cumprir determinações de Brasília sem levar em consideração o conhecimento necessário para tais decisões. Conheça das nossas potencialidades”, afirmou.