10/10/2022
MARCO DASSORI
As micro e pequenas empresas sustentaram a geração de empregos com carteira assinada no Amazonas pelo sétimo mês consecutivo, em agosto. Mas, o ritmo voltou a arrefecer. Puxados por serviços, comércio e indústria, os pequenos negócios abriram 2.504 novas vagas, o que correspondeu a 61,25% dos postos de trabalho abertos no Estado (+4.088), no período. As MGEs (médias e grandes empresas), por outro lado, aumentaram sua fatia para 38,77% (+1.585). É o que revela o boletim mensal do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa), a partir dos dados do ‘Novo Caged’ (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). Até maio, as MPEs vinham mantendo participação em patamar acima dos 70%, a despeito das condições macroeconômicas desfavoráveis.
A vantagem segue maior no acumulado do ano, com os empreendedores respondendo por 75,90% (+20.887) de todos os empregos gerados no Amazonas até agosto (+27.519). A quantidade de vagas, entretanto, indicou um virtual empate com o mesmo período de 2021 (+20.566). A empresas de maior porte (+6.514) também estagnaram, ao criar apenas uma em cada quatro vagas, enquanto a administração pública respondeu por apenas uma fração da oferta (76). O saldo positivo proporcional de agosto fez o Amazonas cair do segundo para o quinto lugar do ranking brasileiro. As MPEs abriram 16,29 postos de trabalho, a cada mil gerados, um dado melhor do que a média nacional (10,43 p/ mil) e da região Norte (15,85 p/ mil).
Os melhores desempenhos vieram de Amapá (31,14 p/mil), Roraima (24,88 p/mil) e Tocantins (18,1 p/mil), enquanto os piores se situaram em Piauí (4,19 p/mil), Rio Grande do Sul (6,22 p/mil) e Santa Catarina (6,82 p/mil). Em oito meses (135,87 p/mil), o Amazonas se segurou na terceira colocação, perdendo apenas de Amapá (174,56 p/mil) e Roraima (148,21 p/mil). Em termos de participação no bolo de empregos formais, o desempenho das MPEs do Amazonas ficou aquém da média nacional, que também desacelerou. Os pequenos negócios foram responsáveis pela criação de 199.659 vagas de Norte a Sul do Brasil, em agosto. O quantitativo equivale a 69,17% do saldo de empregos total no mês (+278.639), conforme o Sebrae. A fatia também aumenta no acumulado (+1.328.612), para 71,69% da soma de postos de trabalho celetistas no país (+1.853.298).
Mas, diferente do ocorrido no Estado, o total de empregos das MPEs brasileiras foi 15,55% mais fraco do que o apresentado em igual intervalo de 2021 (+1.573.275). Serviços na frente A queda nas estatísticas da Covid-19, e a flexibilização nas normas de distanciamento social seguem favorecendo os serviços em geral, assim como os segmentos de eventos, transportes, turismo, alojamento, alimentação, comunicação e informação, em particular.
Além do bônus da pandemia, o impacto da deflação e dos estímulos federais –em ano eleitoral –e a demanda reprimida seguem favorecendo o setor, a despeito do peso dos juros e do endividamento das famílias. A atividade (+1.287) voltou a liderar a abertura de vagas das MPEs do Amazonas, e com número mais forte do que o de julho (1.138). As MGEs (1.034) criaram um número pouco menor de vagas. O comércio (+640) veio novamente em um distante segundo lugar, mas sofreu decréscimo mensal de 50,50%. Em contraste, a indústria de transformação (+594) ganhou vigor na mesma comparação e encostou na terceira colocação. Na sequência estão a construção (+35), que também declinou, e a agropecuária (+5), que trocou de sinal em relação ao levantamento anterior. Os serviços industriais de utilidade pública (-39) e a indústria extrativa mineral (-18) pontuaram recuos. As empresas de maior porte só tombaram na construção (-233) e nas SIUP (-26), mas prevaleceram na agropecuária (+290).
De janeiro a agosto, os serviços também continuaram sendo o motor das contratações das micro e pequenas empresas do Amazonas, com a abertura de 9.311 postos de trabalho com carteira assinada. Foram seguidos pelas atividades de comércio (+5.722), indústria de transformação (+3.134), construção (+2.635), agropecuária (+76), atividade extrativa mineral (+18) e serviços de utilidade pública (-9).
As médias e grandes companhias criaram empregos apenas nos serviços (+6.563), na indústria (+1.168) e na extração mineral (+94). “Altos e baixos” Em texto postado no site da Agência de Notícias Sebrae, o presidente do Sebrae nacional, Carlos Melles, avalia que os números brasileiros de geração de empregos pelos pequenos negócios apresentados pelo boletim de agosto estão em conformidade com a queda da taxa de desocupação calculada pelo IBGE, em seus levantamentos nacionais mais recentes. “Em janeiro, a taxa de desemprego no Brasil era de 11,2%. Em agosto, ela caiu para 8,9%, o que representa uma considerável redução de 2,3 pontos percentuais”, comparou. Já a gerente da unidade de Gestão e Estratégia do Sebrae-AM, Socorro Correa, ressaltou à reportagem do Jornal do Commercio que a diferença entre empregos gerados e números de demissões oscilam mês a mês.
“Se for observado o saldo mês a mês do Amazonas nos últimos 13 meses, temos saldo negativo em dezembro de 2021 (-3.536) e maior saldo positivo em agosto de 2021 (+6.081). Nesses altos e baixos chegamos em agosto de 2022 com saldo acumulado de 27.519 empregos e de 4.088 postos no mês”, explanou. A executiva assinala que as oscilações resultam de diversos fatores, em um panorama econômico instável, marcado por inflação e juros altos, e coroado por incertezas de médio e longo prazo.
“Não basta estimular a economia para gerar novos postos de trabalhos, mas ter um ambiente macroeconômico que dê condições favoráveis à manutenção dos empregos existentes. Essa variação mensal pode ocorrer, faz parte do processo. Mas, no médio prazo espera-se que haja um crescimento, o que ainda não é possível ver nessa fotografia de agosto”, ponderou. Sem comemorações Ao lembrar que esta quarta (5) foi o Dia Nacional da Micro e Pequena Empresa, o coordenador de Acesso a Crédito pelo Sebrae-AM, Evanildo Pantoja, disse à reportagem do Jornal do Commercio que, para crescer e gerar mais empregos, as MPEs necessitam de políticas de estímulo ao surgimento de novas pessoas jurídicas.
A lista começa por linhas de crédito específicas para os negócios em implantação, com taxas menores de juros, dado que os dois primeiros anos seriam os mais difíceis para qualquer empreendedor. Ele sugere também políticas de recuperação de crédito e de flexibilização para regularização fiscal. “Também seria recomendável uma redução de impostos para esse período, para que as empresas possam realizar contratações formais. Eu diria que temos muito pouca coisa a comemorar, pois enfrentamos juros elevados, consumo retraído, inflação em alta, e muitas empresas ainda sem acesso a crédito. Esse cenário penaliza bastante os pequenos negócios, com queda no faturamento, aumento dos custos e redução ou até perca do lucro. Precisamos estimular o consumo, através do fortalecimento das micro e pequenas empresas, que são quem mais emprega no país”, encerrou.
Fonte: JCAM