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Michelin investe no mercado de duas rodas

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29/12/2020

Fonte: Valor Econômico

“Foi uma tragédia melhor que a esperada”, resume Feliciano Almeida, presidente da francesa Michelin no Brasil, ao se referir ao ano que termina. Com a pandemia, as vendas de pneus para automóveis caíram cerca de 20% em relação a 2019, compara o executivo, citando informações do setor. E só devem se recuperar plenamente em 2022. Já o segmento de pneus para motos e bicicletas continuou a se expandir mesmo em meio ao cenário econômico adverso.

“Foi um mercado que continuou crescendo. Tanto na parte de lazer, [uma vez] que as pessoas encontraram nisso uma maneira de sair dessa pressão psicológica enorme de ficar trancado em casa, quanto na parte de delivery [entrega]”, explicou Almeida, ao Valor. A demanda crescente por esse tipo de produto vai fazer com que a companhia invista R$ 100 milhões na sua unidade industrial em Manaus, ao longo dos próximos quatro anos. O objetivo é atender o mercado local – os grandes fabricantes de motocicletas do país estão instalados na Zona Franca de Manaus.

Entre 2017 e 2020, a companhia já havia injetado R$ 90 milhões na fábrica manauara para ampliar em 22% a produção da unidade. Com o novo investimento, no período de 2021 a 2024, a Michelin trabalha com a possibilidade de dobrar a capacidade de produção atual.

O executivo chama a atenção para o fato de que a frota de motocicletas e similares no Brasil praticamente dobrou entre 2009 e 2019. Passou de aproximadamente 15 milhões de unidades para cerca de 28 milhões no período. No ano passado, havia uma moto para cada oito habitantes no país. Em 2009, essa proporção era de uma para cada 14.

“Ainda tem caminho pela frente para seguir, mas você vê que o potencial de mercado é enorme”, sustentou o engenheiro mecânico, que desde o início da carreira trabalhou com vendas.

Em grande parte graças ao desempenho do agronegócio, o efeito recessivo da pandemia não foi sentido com tanta intensidade no mercado de pneus para veículos de carga, contou Almeida. A recuperação nesse segmento veio antes do imaginado.

“Nós podemos ver que, efetivamente, o transporte de carga, o alimento, a parte perecível, a dos remédios, o transporte das forças de segurança, das forças médicas fez com que a economia fosse reativada mais cedo do que a gente pensava e com mais força”, disse o executivo. “E um dos setores que nunca parou, e eu acho que é isso que acaba salvando o Brasil […], é o agronegócio.”

Dados da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip) indicam retração de 6,6% nas vendas de pneus para veículos de carga entre janeiro e novembro, ante igual período de 2019. Segundo Almeida, os números registrados a partir de setembro seguem padrão muito parecido aos de 2019. Ainda assim, no cômputo geral, as vendas de pneus no Brasil acumulavam retração de 14,7% até o fim do mês passado, conforme reportado pela Anip.

“Rezo para que a recuperação [econômica] seja em U e acendo vela para não ser em W”, brinca o presidente da Michelin no Brasil. Na tentativa de proteger o caixa, os distribuidores de pneus deixaram de fazer encomendas. Com isso, baixaram seus estoques. A fase atual do mercado é, portanto, de recomposição de estoques.

“Há uma retomada de estoque pouco a pouco que dá essa ideia de um recuperação em V, mas na verdade achamos que a recuperação vai ser em U. Uma vez que você retome os níveis de estoque, aí sim vai poder ver qual é a real demanda que vai estar no mercado”, justificou Almeida.

Presente na China, a Michelin usou sua experiência no país onde eclodiu a pandemia na hora de implementar protocolos sanitários em suas fábricas ao redor do mundo. O comportamento do mercado chinês serviu de referência para a companhia projetar tendências de consumo – queda forte durante dois meses seguida por uma retomada.

“A diferença é que eles retomaram em V”, frisou o executivo. A produção no Brasil não foi paralisada e, segundo Almeida, não houve demissões motivadas pelo “pior evento nos últimos 130 anos da companhia.”

Entre janeiro e setembro, as vendas da Michelin no mundo somaram €15 bilhões. O montante representou um decréscimo de 15% na receita a taxas de câmbio constantes na comparação com igual período do ano passado. Especificamente, no terceiro trimestre a retração nas vendas foi de 5%, o que – segundo a companhia – reflete uma melhora nos negócios.

No cargo desde 1º de dezembro, Feliciano Almeida é o terceiro presidente brasileiro nos 93 anos de história da Michelin no país. Ingressou no grupo em 1982. No exterior, ocupou cargos de liderança na Europa, América do Norte, América do Sul, Central e Caribe. Sua posição anterior era de presidente para a região da América Central.

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