25/08/2014
O diretor do Sindmetal, João Brandão, conta que a negociação entre os sindicalistas ocorreu na manhã de sexta-feira (22). Segundo ele, as empresas que apresentaram dificuldades em aceitar o acordo foram a Whirlpool, a Sony do Brasil e a Semp Toshiba que tiveram votos decisivos na negociação. “Os representantes dessas fábricas estavam travando o acordo porque não queriam conceder um aumento superior a 6,5% que é somente a reposição do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). A justificativa é de que eles não tinham condições de dar um reajuste acima desse valor”, relata.
Brandão ainda disse que a partir da resistência demonstrada pelas empresas o Sindmetal resolveu oficializar um indicativo de greve como estratégia para forçar o fechamento das negociações com os sindicatos patronais. A única empresa que recebeu o movimento grevista foi a Whirlpool durante dois dias e meio, o que ocorreu nesta semana. Outras indústrias que também sofreram paralisações foram a Yamaha Motor da Amazônia, a Sony Brasil e a Flex da Amazônia. Em todas as fábricas a paralisação teve duração máxima de duas horas. “A ideia foi parar a produção nas empresas que fornecem material para outro fabricante criando assim um efeito dominó. Se a fornecedora não produz, a montadora não consegue obter o produto final”, explicou. “Não tivemos informação de nenhum funcionário que sofreu retaliação por parte da empresa”, completou.
A média do piso salarial dos trabalhadores dos polos eletroeletrônico, duas rodas, metalúrgico e magnético é de R$ 950 e, a partir deste mês, esse valor será acrescido de 9,5% que totalizará R$ 1.040,25.
Para o diretor, o fechamento de um acordo entre os sindicatos é motivo de comemoração, apesar de ele considerar que a categoria deveria ter recebido um reajuste maior. As negociações para a convenção coletiva e a campanha salarial iniciaram no dia 15 de julho devido a realização dos jogos da Copa em Manaus. “Saímos no lucro. Após 15 dias do início das reuniões entre os sindicatos tivemos um avanço nas conversas e logo aceitamos o acordo. Seria justo termos um aumento maior devido a alta produtividade e lucro gerado pelo setor eletroeletrônico”, avalia.
Indústria
Segundo o presidente do Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas) e vice-presidente do Sindicato da Indústria de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares de Manaus, Wilson Périco, o valor do reajuste acordado ainda é considerado alto para os empresários por conta do mau cenário econômico nacional. “Eles solicitaram um valor alto que supera uma taxa de 50% acima da inflação, mas fechamos um acordo para evitar maiores prejuízos aos trabalhadores e às empresas”, disse.
Périco deixou um alerta ao falar sobre o próximo acordo entre os sindicatos. Ele ressalta a importância do bom entendimento entre os representantes. “No ato das negociações é preciso ter consciência e bom senso. Precisamos preservar a competitividade das empresas, assegurar os empregos e com isso, crescer. Então, temos que entender que aumentos muito acima da inflação dificultam a competitividade por conta dos juros”, frisou. “Todos merecem esse aumento real. Porém, o reajuste deve ser baseado na realidade de cada momento. Precisamos ter mais atenção quanto a isso no futuro”, concluiu.
Fonte: JCAM