19/12/2019
Fonte: Jornal do Commercio
Marco Dassori
A maior parte dos aportes produtivos da indústria nacional programados para 2020 devem atender a demanda doméstica, mas o mercado estrangeiro está ganhando mais atenção das empresas. Os números estão na pesquisa Investimentos na Indústria 2019-2020, da CNI (Confederação Nacional da Indústria), que aponta fatia recorde de 84% de empresas dispostas a investir no próximo ano.
Em nível nacional, o percentual de planos de investimento direcionados simultaneamente aos mercados doméstico e externo aumentou de 25% para 36%. O percentual do investimento voltado principalmente para o mercado doméstico recuou de 41% para 36%, enquanto a fatia voltada exclusivamente para esse fim caiu de 26% para 20%.
A parcela dos aportes direcionados a produtos para exportação, por outro lado, subiu de 7% para 9%. Parece pouco, mas é o maior número da série histórica, iniciada em 2011 (4%). Não há dados sobre o Amazonas, mas tudo indica que o Estado é um ponto fora da curva, no cenário desenhado pela CNI. As mais recentes estatísticas confirmam a orientação do modelo ZFM (Zona Franca de Manaus) para atender prioritariamente a demanda interna, com exceções de casos pontuais, em vendas estratégicas de empresas multinacionais para mercados vizinhos da América Latina.
Dados do Mdic (Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços) disponibilizados pelo portal Comex Stat informam que o Amazonas acumulou US$ 655,16 milhões no acumulado dos 11 meses iniciais do ano, número 3,56% inferior ao obtido no mesmo período do ano passado (US$ 632.62 milhões).
A pauta é encabeçada por concentrados para refrigerantes (US$ 179.75 milhões), com alta de 25,65% em relação a Estratégia global Na mesma linha, o coordenador da Comissão de Logística do Cieam, professor da Ufam e empresário, Augusto Cesar Barreto Rocha, avalia que a tendência para o novo ano é de reativação da indústria, e que a apreciação do câmbio e os cortes na taxa básica de juros favorecem a oportunidade, mas também não vê possibilidade de o PIM aumentar sua característica exportadora em função disso.
“O tipo mais frequente de indústria daqui é de grandes multinacionais. Acredito que essas empresas montam a estratégia globalmente. Como não temos grande infraestrutura, fica mais fácil fazer vendas externas de outras unidades. E, já que não há insumos locais, fica pouco provável que a empresa opte por mover matéria-prima para cá e, depois, exportar”, explicou.
No texto da pesquisa, a CNI avalia que a relativa mudança de orientação em favor do mercado externo, mesmo em um cenário externo desafiador e incerto, é importante. “Ao considerar o mercado exterior, o empresário possibilita o aumento da escala de produção, a aquisição de conhecimento e o aproveitamento de ganhos em etapas das cadeias globais de valor. O ambiente do mercado internacional ainda estimula a busca pela competitividade e pela inovação”, encerrou.
Investimento direcionado simultaneamente aos mercados doméstico e externo aumentou para 36% 2018 (US$ 143.06 milhões). Motos (US$ 80.54 milhões) comparecem na segunda posição, com queda de 39,74% diante do período anterior (US$ 133.66 milhões). Os próximos manufaturados da lista são aparelhos de barbear (US$ 40.51 milhões) e TVs (US$ 25.41 milhões), que estão na quinta e na sexta posição do ranking, respectivamente.
Produção marginal
O presidente da Fieam, Antonio Silva, reforça que a expectativa de aumento de investimentos na indústria nacional é “alvissareira”, demonstra confiança do setor e também é positiva no PIM.
O dirigente diz que a entidade deposita confiança na atuação dos governos federal e estadual e da classe política para viabilizar o potencial da bioindústria no Amazonas, mas considera que a tendência do Polo em 2020 deve ser prosseguir na vocação de abastecer prioritariamente o mercado interno.
“No que se refere ao direcionamento da maioria desses investimentos para atender o mercado doméstico, é natural. Só conseguiremos competitividade para exportação para o mercado externo com produção marginal. É a produção excedente da produção interna que gera economia de escala para termos capacidade de concorrência no mercado externo”, justificou.