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Mercado desconfia da efetividade do ajuste fiscal para o segundo semestre

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23/08/2016

As cinco instituições que mais acertam suas previsões, segundo o Banco Central (BC), fizeram um ajuste negativo em suas expectativas, aponta o relatório Focus. A previsão é inflação em alta e a continuidade da taxa básica de juros em 14,25% até o final de 2016.

A perspectiva das "Top 5", como são chamadas, para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no fechamento do ano, subiu de 7,41% registrado na divulgação anterior, para 7,51% nesta semana. Há um mês, estava em 7,20%.

O Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) e o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) também mostraram piora nas perspectivas, ao passar de 8,04% e 7,47% para 8,10% e 7,61%, respectivamente, na mesma base de comparação.

A demora na aprovação das reformas fiscais por parte do Congresso, e a "falta de resultados fiscais consistentes", ante a já sinalizada possibilidade de aumento de impostos pelo governo federal são os fatores que têm refletido na piora do cenário aos olhos do mercado, dizem especialistas entrevistados pelo DCI.

"A atual administração econômica do governo está com dificuldades em construir um resultado fiscal mais consistente, da forma como estava prometido. Nesse sentido, fica claro que a paciência do mercado está acabando, pois há um limite para o que e o quanto é possível aguentar por um longo período de tempo", avalia André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.

Segundo a consultora em economia e contas públicas da Stokos, Juliana Inhasz, o mercado financeiro está fazendo uma revisão de expectativas diante do foco voltado mais para questões políticas do que econômicas em toda a esfera governamental brasileira.

"Esse cenário mostra mais uma falta de esperança do que de confiança, onde o mercado não acredita mais que seja possível melhorar a situação. É difícil porque, política ou economicamente, nada está caminhando. Estamos no fim de 2016, e esse foi um ano pouquíssimo efetivo", destaca a consultora da Stokos.

As reformas fiscais da equipe econômica são sugeridas ao Congresso desde maio. Apesar de o mercado "comprar a ideia das propostas fiscais", mesmo que as mudanças sejam implantadas agora, não há mais tempo crível para ver grandes resultados este ano.

"É preciso cogitar que não está acontecendo nada. É um passo atrás, principalmente porque, na economia, todas as variáveis têm um tempo de reação", completa Inhasz.

Ociosidade

Os especialistas ouvidos pelo DCI também sugeriram a dificuldade que o atual governo tem em cumprir com as promessas feitas no início do mandato interino, e reforçaram que a sinalização dada até agora não tem sido favorável aos investidores no País.

"O governo federal tem deixado o esforço da atividade econômica nas mãos dos empresários, e tem acreditado que haverá um alívio nos investimentos caso a trajetória da dívida pública melhore. E, apesar de a confiança empresarial estar subindo, a ociosidade da indústria nunca esteve tão grande", comenta André, da Gradual Investimentos.

De acordo com Eric Brasil, professor de economia da Fundação Escola do Comércio Álvares Penteado (Fecap), com o cenário de instabilidade sobre deixar os juros em patamar elevado e quanto tempo a retomada ainda demora, a tendência do mercado é de postergar investimentos.

"É um reflexo natural porque, automaticamente, há menor crença na queda da inflação e menos espaço para a queda de juros. Neste sentido, o empresário incorpora isso como maior custo de capital por um período maior de tempo e atrasa seus investimentos para não sentir um impacto tão forte", afirma Eric Brasil.

Os entrevistados também reforçam a falta de esforços maiores no corte de gastos.

"A tendência é a apresentação de reformas até a eleição, porque ninguém ficará do lado de um governo com agenda recessiva. Depois, a expectativa é que se comece um corte de gastos mais maciço e venha a discussão sobre impostos ", opina André Perfeito.

Para Inhasz, da Stokos, o ambiente doméstico só se define melhor a partir de outubro.

"A esperança do mercado é que as reformas sejam aceitas e efetivas. Uma vez solucionada a questão do déficit público, o empresário já coloca na conta a expectativa de queda de juros e compra a melhora da economia", conclui.

"O governo precisa de uma sinalização forte dos seus cortes e esforços, além da realização de uma melhora sustentável. A dívida pública só cresce e isso precisa ser resolvido. A máxima ainda é que seja o quanto antes, porque o medo do mercado é que, além de ter que pagar mais, faça para algo que talvez, lá na frente, já seja tarde demais", completa Eric Brasil, da Fecap.

Fonte: DCI

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