CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas

Notícias

Menor faturamento e menos empregos na indústria

  1. Principal
  2. Notícias

08/04/2022

Marco Dassori

A indústria de transformação do Amazonas emendou um segundo mês de faturamento negativo, em fevereiro, e novamente com queda de dois dígitos. O emprego, que vinha estabilizado, também encolheu. Horas trabalhadas e massa salarial avançaram, assim como o uso da capacidade instalada das fábricas. Em contraste, a indústria nacional se manteve essencialmente estagnada. É o que revelam os dados locais dos Indicadores Industriais da CNI (Confederação Nacional da Indústria), compilados em parceria com a Fieam (Federação da Indústria do Estado do Amazonas).

Conforme o estudo, o faturamento real da manufatura local caiu 13,2% na variação mensal, em queda menor do que a registrada no levantamento precedente (-22,7%). No confronto com fevereiro de 2021 – período de segunda onda e de toques de recolher –, as vendas cresceram 11,2%. No bimestre, o aumento chegou a 30%, também favorecido por uma base de comparação fraca. A média brasileira só foi relativamente melhor na variação mensal (-0,2%), mas naufragou nas comparações anual (-5%) e acumulada (-6,6%).

Em paralelo, as horas trabalhadas nas linhas de produção da indústria amazonense mantiveram o passo (+8,3%), entre janeiro e fevereiro deste ano, embora tenha desacelerado na comparação com a sondagem anterior (+10,1%). No confronto com a marca de 12 meses atrás, o indicador escalou 23,3%, segurando o acumulado do ano em alta de 24,3%. Em todo o país, o setor subiu 1,4% na variação mensal e também cresceu nas demais comparações (+2,1% e +1,2%, respectivamente).

A UCI (utilização da capacidade instalada) – que trata do percentual de máquinas comprometidas na produção – avançou pelo terceiro mês consecutivo, com acréscimo de 2,7 pontos percentuais (+3,42%), ao passar de 79% para 81,7%, entre primeiro e o segundo mês deste ano. Em relação a fevereiro do ano passado a expansão foi de 11,7 p.p. (+16,71%). Na média do bimestre, a UCI avançou 10,5 p.p. (+15,02%), de 69,9% (2021) para 80,4% (2022). O indicador nacional (79,6%) foi na direção contrária e encolheu ante janeiro de 2022 e fevereiro de 2021 (ambos com 81%).

Empregos e salários

Os dados relativos à mão de obra da indústria do Amazonas, por sua vez, mostraram resultados conflitantes. O saldo de contratações no parque fabril do Estado encolheu 1,6%, na comparação com janeiro, quebrando quatro meses de estabilidade – mas com viés negativo. No confronto com o segundo mês do ano passado, houve alta de 12,5%, proporcionando um acumulado do ano (+12,4%) praticamente do mesmo tamanho. Os números brasileiros foram todas piores (-0,1%, +2,9% e +3,3%, na ordem).

Já a massa salarial da manufatura amazonense segue oscilando e, desta vez, acabou retornando ao campo positivo. Subiu 15,5%, na passagem de janeiro para fevereiro, recuperando menos da metade da perda capturada no levantamento precedente (-32,4%). Em relação ao número de 12 meses atrás, houve acréscimo de 22,2%, ajudando a manter o aglutinado de janeiro a fevereiro em alta de 10,3%. Na média brasileira, a variação mensal permaneceu rigorosamente estável e as elevações anual (+3,5%) e acumulada (+2,4%) não passaram de um dígito.

“Imobilidade preocupante”

Em texto distribuído pela assessoria de imprensa da CNI, o gerente de Análise Econômica da entidade, Marcelo Azevedo, explica que o fato de a maioria dos índices que compõem os Indicadores Industriais ter variado “muito pouco” ou permanecido inalterados, na passagem de janeiro para fevereiro de 2022, aponta uma “imobilidade preocupante” para a atividade econômica. Segundo o especialista, o desempenho do setor precisa melhorar, para recuperar as quedas de 2021 e 2020, mas os resultados não mostram essa trajetória de recuperação sustentada.

“A maioria dos índices que compõem os Indicadores mostram estabilidade ou pequenas quedas, na passagem de janeiro para fevereiro de 2022. Esses períodos de crescimento e de paralisação não espantam, pois vemos no dia a dia as dificuldades que a indústria tem enfrentado. Por isso, a reforma Tributária é tão importante, para criar um ambiente propício ao investimento e desatar algumas amarras do setor produtivo”, ponderou.

“Desconfiança do consumidor”

O presidente da Fieam, e vice-presidente executivo da CNI, Antonio Silva, salientou à reportagem do Jornal do Commercio que o principal fator a impactar os números negativos capturados na sondagem são a resiliência da crise logística e a espiral inflacionária – que afeta não apenas o consumo, mas também produção e investimentos. E ressalta que o curto prazo aponta para um período de incertezas, incluindo o cenário político decorrente do ano eleitoral. O dirigente diz que, por conta disso, o setor avalia com cautela as perspectivas futuras, aguardando principalmente o desenrolar do segundo trimestre.

“Os números [da pesquisa da CNI] são reflexos do atual momento de instabilidade econômica e política. Não há, ainda, qualquer relação com a questão do [desconto linear do] IPI. Há, sem dúvida, um impacto grande da inflação e da desconfiança do consumidor médio ante o cenário atual. A pressão sobre os preços continua a refrear a demanda. Também ainda sentimos o impacto no fornecimento de insumos, os quais permanecem, em alguns casos, com sua oferta comprometida”, finalizou.

Fonte: Jornal do Commercio

Coluna do CIEAM Ver todos

Estudos Ver todos os estudos

Diálogos Amazônicos Ver todos

CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas © 2023. CIEAM. Todos os direitos reservados.

Opera House