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Memórias e sonhos de moradores da BR-319

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15/02/2021

Fonte: AGORA

A Reserva de Desenvolvimento Sustentável Igapó-Açu é uma área de preservação ambiental localizada entre os municípios de Beruri, Borba e Manicoré. O cenário do povoado é de muito verde e revela a beleza do rio Igapó-Açu, que cruza a comunidade. Entre os problemas enfrentados pela comunidade está a dificuldade de transporte e o isolamento e, por isso, o assunto na região é quase sempre o mesmo: o auge e o abandono da rodovia federal BR-319, que cruza a reserva.

Placas de 'vende-se gasolina' se espalham por toda a comunidade, na maioria dos postes de energia. O clima do local é de ‘pit stop', aquelas bases que carros de corrida param para checai' as condições do veículo nas competições de quatro rodas.

Quem se aventura pela BR-319 tem como parada obrigatória o Igapó-Açu, já que é o último ponto onde é possível encontrar serviços básicos, inclusive gasolina com facilidade.

Uma das moradoras que atende motoristas que trafegam pelo local é Margarida Torres, de 58 anos, que possui uma mercearia Da janela de sua residência, por onde entrega os produtos, a mulher viu a BR-319 se transformar ao longo do tempo.

"Moro aqui desde os 14 anos. Cheguei em 1997 e essa estrada ainda era asfaltada. Passava carro e ônibus direto, o movimento era grande. Havia empresas de transporte coletivo que faziam o percurso Porto Velho-Manaus todos os dias, às 8h, 11h, 14h e em um horário da noite”, lembra a comerciante.

Em alguns metros de caminhada, a reportagem do AGORA encontrou a agente de saúde Doraci de Souza, na frente da sua casa à beira da BR-319. Ela capinava o terreno da sua residência e fazia pequenos montes de capim, para os queimar. Enquanto, os filhos brincavam debaixo de uma árvore.

“Minha família morava em Borba antes de nos mudamos para cá nos anos 70. Meu pai viu a estrada ser construída quando ele ainda era adolescente, e, anos depois, quando virou madeireiro, continuou a assistir à história da BR-319. Tínhamos uma casinha e éramos sete filhos”, lembra a mulher. Segundo a agente de saúde, a estrada passou a ficar' abandonada nos fim dos anos 80.

Dificuldade

A situação econômica dos moradores também é prejudicada pela ausência da estrada e a ausência de renda reflete na baixa qualidade de vida da população. Alguns trabalham com produção própria mas o alto custo do transporte para vender as mercadorias em outras comunidades ou cidades, dificulta o comércio

O carpinteiro Fontana Prado, de 45 anos, trabalha com a fabricação de portas, janelas, forros e móveis, e sonha com o dia em que a BR-319 estará revitalizada para que possa levai' sua produção para toda a região.

"Tomara que saia, porque ficaria muito bom não só para mim, mas para todo mundo aqui da comunidade.” afirma o trabalhador.

Expectativas positivas

O simples fato de correrem notícias de que a rodovia vai sair, alegra quem ouve a informação. Moradores estão otimistas com a possibilidade. A tentativa de recuperação da BR-319, ocorre desde os anos 90, mas vários entraves a impediu de ser revitalizada pois não foi considerada pelos órgão ambientais como uma estrada antiga e uma série de exigências foram colocadas ao governo para que houvesse autorização para que pudesse ser recuperada

Condições da estrada

A reportagem do AGORA percorreu a BR-319 na segunda-feira (8), passou pelo último quilômetro ainda pavimentado e seguiu até a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Igapó-Açú (km 250). Do Careiro da Várzea até o município de Castanho (cerca de 100 km) a estrada estava com tráfego regular.

Após o Castanho, são mais de 100 km de aventura. A rodovia começa a se degradai' frente aos olhos do motorista. A reconstrução da BR-319 é uma necessidade não apenas dos moradores do entorno da rodovia mas de todo o Amazonas, não só pelo direito de ir e vir, mas também para ter direitos básicos respeitados, como educação. saúde, comunicação, benefícios que essa rodovia pode trazer e mudar a geografia do abandono.

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