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Mão de obra feminina se fortalece no polo de duas rodas do PIM

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30/09/2019

Notícia publicada pelo Em Tempo Online

Rebeca Mota

Em ambientes que, para olhares machistas, mulheres não teriam a menor chance de se firmar como mão de obra qualificada, no Polo Industrial de Manaus (PIM), especialmente no setor de duas rodas onde são fabricadas motocicletas e bicicletas, a presença delas só expande com o passar dos tempos. Em duas décadas, o número de mulheres na indústria do Amazonas cresceu 14,3%, de acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego.

Quando começou a trabalhar em um fábrica do polo de duas rodas de Manaus, há cinco anos, Elizia de Jesus, 40, quase não via outras mulheres nos postos de trabalho. “No setor predominavam os homens, mas com o decorrer dos anos o número de mulheres dentro da fábrica foi aumentando significativamente”, conta a líder de produção da Sense Bike.

Atualmente, no setor que ela lidera, o de produção, 35% dos funcionários já são mulheres. “Os trabalhos mais específicos, com detalhes, as mulheres têm um dom. Elas têm um carinho a mais em determinado processos. Você consegue extrair aquele cuidado e delicadeza em observar com mais atenção, ser mais precisa, mais exata em alguns trabalhos”, conta Joel Silva gerente industrial da Sense Bike.

Outra mulher que cresceu na empresa mostrando a força e capacidade que a mulher tem, é a hoje chefe de produção da Moto Honda da Amazônia, Kelly Priscila Gomes, 33. “Eu sinto muito orgulho do meu cargo de liderança, pois acredito que a competência não é medida pelo esforço físico e sim pela forma como gerenciamos o nosso processo produtivo”, avalia.

Atualmente a Honda da Amazônia, de acordo com dados da empresa, tem 400 mulheres na produção das motocicletas distribuídas na área de montagem de componentes, pintura e outras. Mas, o total de mulheres e de, aproximadamente, 800 trabalhadoras distribuídas por todos os setores, incluindo o administrativo da multinacional japonesa.

O diretor administrativo financeiro da Moto Honda da Amazônia, João Mezari, explica que a expansão da presença feminina na empresa é uma política mundial da marca. “É uma política que a Honda tem adotado a nível mundial, ter a presença de mulheres. É uma empresa japonesa e inclusive no Japão tem essa meta lá em aumentar a presença feminina na mão de obra. Temos até uma mulher no Word principal da empresa no Japão. E aqui no Brasil nós seguimos a mesma orientação”, afirma.

De acordo com Mezari, na unidade da Honda do parque fabril de Manaus, hoje há mais de 50% dos postos de estagiários e de menores aprendizes são ocupadas por mulheres. “Quando há oportunidade nós conseguimos contratá-las. No curso de engenharia nós temos a meta de aumentar em mais 50% a presença de mulheres”, diz o diretor administrativo.

Oportunidade

Elizia conta que nunca tinha trabalhado no setor de rodas, mas ela lembra que quando chegou na Sense Bike a empresa abriu as portas para ela e ainda forneceu treinamentos e cursos para que ela pudesse crescer na empresa. Ela lembra que, quando entrou na fábrica ela fazia parte da linha de montagem e hoje é líder de produção. “Eu sou uma pessoa muito curiosa, gosto de aprender. Todo aprendizado para mim é válido, gosto de anotar e busco sempre o aperfeiçoamento”, diz.

Apesar do senso comum em ambientes de trabalho, onde o olhar masculino quase sempre busca se sobrepor a presença feminina, Elizia afirma que, em nenhum momento desde que começou a trabalhar no polo de duas rodas se deparou com preconceitos dentro da empresa. “Eu não me troco pelos homens. Tem trabalhos que as mulheres vão muito de igual para igual. Lógico que tem mulheres que são soldadoras, mas tem coisas que as mulheres fazem melhor que os homens”, salienta.

Para Kelly, o preconceito não é barreira para as mulheres fortes. “Na Honda, a gente aplica a filosofia pelo respeito ao indivíduo, então, independentemente de cor, raça ou sexo, a igualdade é muito aplicada. As mulheres, em geral, elas ocupam cada vez mais espaços de liderança na indústria de duas rodas pelo desenvolvimento e por serem extremamente dedicadas, concentradas e competentes”, observa a chefe de produção da Moto Honda da Amazônia.

Presença na indústria

Segundo o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Antonio Silva, o crescimento da participação das mulheres no polo de duas rodas ocorre em todo o distrito industrial de Manaus.

“Essa presença cresceu tanto no mecânico, quando no eletroeletrônico e no metalúrgico. Hoje é muito forte a participação das mulheres na indústria amazonense. É uma mão de obra importante para o Polo Industrial de Manaus. As mulheres são muito produtivas, eficientes, comprometidas e também, não querendo se desfazer da mão de obra masculina, elas têm esses diferenciais que é igual ou até melhor do que o homem”, avaliou o presidente do Fieam.

O que acontece no polo de duas rodas, nas fábricas da Sense e da Honda, por exemplo, ocorre em todo o PIM, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego. Atualmente, quase 26% das vagas na indústria são ocupadas por mulheres. Há duas décadas esse percentual era menor, na faixa de 22,5% (em 1995).

Os segmentos com maior crescimento de mulheres empregadas no período são: mineração (65,8%), material de transporte (60,8%), alimentos e bebidas (49,3%), madeira e mobiliário (39,3%), indústria mecânica (37,3%) e papel e gráfico (24,7%). No mercado de trabalho em geral, em 20 anos, a participação de mulheres cresceu 17%: de 37,4% dos postos de trabalho em 1995 para 43,7% em 2015.

Mão de obra importante

Cada cuidado e toque exercido pelas mulheres na produção das bicicletas e das motocicletas que saem das fábricas de Manaus para as vendas do Brasil e do mundo, é um dos fatores responsáveis pelo crescimento do setor de duas rodas, segundo avaliação da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo).

As fabricantes de bicicletas instaladas no PIM produziram 116,5 mil unidades em agosto, o melhor resultado do mês nesta década, o que corresponde a uma alta de 19,2% na comparação com o mesmo mês de 2018, quando foram produzidas 97.773 unidades.

Em relação ao mês de julho, a produção de bicicletas no PIM registrou alta de 36,9%, quando foram fabricadas 85.131 unidades. Já no acumulado do ano - de janeiro a agosto -, a produção somou 592.844 unidades, o que correspondeu um aumento de 19,3% em relação ao mesmo período do ano passado (496.859 unidades).

Já a produção de motocicletas superou 114 mil unidades em agosto, um volume de 8,4% em comparação ao mesmo mês de 2018. O volume de produção do oitavo mês do ano foi ainda 25,1% superior diante da de julho, quando foram fabricadas 91.713 unidades.

Conforme dados da Abraciclo, de janeiro a agosto deste ano, saíram das linhas de montagem do polo de duas rodas do PIM o total de 743.556 motocicletas, o equivalente a um crescimento de 6,7% diante do mesmo período de 2018 (697.092 unidades).

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