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Manaus foi uma das poucas capitais a crescer no primeiro ano da pandemia

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21/12/2022

O primeiro ano de pandemia derrubou o PIB dos grandes centros urbanos do Brasil. Manaus, no entanto, foi uma das poucas cidades do país a fechar o ano no azul. Seu Produto Interno Bruto foi de R$ 91,7 bilhões em 2020 e avançou 8,52% sobre o registro pré-pandêmico de 2019 (R$ 84,5 bilhões). Descontada a inflação, a alta foi de 1,2%. Com isso, a capital amazonense ultrapassou Curitiba e subiu da sexta para a quinta posição do ranking dos municípios com maiores participações no PIB nacional. Em um ano de baixa para comércio e serviços, em razão das políticas de isolamento e distanciamento social, o resultado foi lastreado basicamente pela indústria.

O Amazonas cresceu 7,25%, entre 2019 (R$ 108,18 bilhões) e 2020 (R$ 116,02 bilhões), em preços correntes. Em um ano em que o IPCA fechou em 4,52%, a escalada de preços fez a diferença, já que o saldo real da economia do Estado apontou para um decréscimo de 1,69% – com um tombo ainda maior para agropecuária. Em paralelo, o PIB per capta estadual avançou abaixo da média, enquanto a arrecadação tributária ficou acima dessa marca. Os dados são da pesquisa de Produto Interno Bruto dos Municípios, realizada localmente em parceria entre IBGE e Sedecti (Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação).

A sondagem mostra ainda que Manaus foi um dos cinco municípios – em um universo que inclui 5.568 localidades – que ganharam mais participação no Produto Interno Bruto brasileiro, juntamente com Parauapebas (PA), Canaã dos Carajás (PA), Saquarema (RJ) e Itajaí (SC). A capital amazonense também está incluída entre os nove municípios que responderam por quase 25% do PIB nacional, há dois anos. A lista inclui ainda as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília (DF), Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR), Osasco (SP), Porto Alegre (RS) e Guarulhos (SP).

Na outra ponta, São Paulo, que responde pela maior fatia do PIB brasileiro (9,8%) também foi o que encolheu mais frente a 2019, com um tombo de 0,5 ponto percentual. Na sequência estão Rio de Janeiro (4,4% e -0,4 p.p.), Brasília (3,5% e -0,2 p.p.), Curitiba (1,2% e -0,1 p.p.) e São José dos Pinhais (0,3% e -0,1 p.p.). Somadas, essas cidades responderam por 20% do total do PIB do país.

ZFM e impostos

O levantamento sinaliza que a ZFM impulsionou o descolamento do PIB de Manaus diante do Brasil e do Estado. O valor adicionado pela indústria do Amazonas foi de R$ 35,80 bilhões, com expansão bruta de 8,66% ante 2019 (R$ 32,9 bilhões). Os subsetores de equipamentos de informática (16,78%) e de bebidas (12,94%) tiveram as maiores fatias do PIB industrial amazonense. As linhas de produção com maiores taxas de crescimento foram as de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (+17,48%), borracha e material plástico (+16,41%).

Vale notar que o setor, que se beneficiou da expansão da demanda brasileira em um ano de auxilio emergencial vitaminado, está quase que inteiramente concentrado na capital (92,84% e R$ 33,2 bilhões). Há alguma participação marginal do interior, como Presidente Figueiredo (0,92% e R$ 328,4 milhões) e Coari (2,26% e R$ 810,7 milhões,), graças à cadeia produtiva dos concentrados para refrigerantes produzidos no PIM. Outros municípios da Região Metropolitana de Manaus, como Iranduba, que contam com atividades complementares à manufatura da ZFM também se beneficiaram.

Em contraste, a elevação nominal do setor de serviços – que inclui o comércio – foi de apenas 4,23% (R$ 55 bilhões) e perdeu para a inflação (+4,52%), indicando uma queda ainda maior do que a registrada pelo Estado. A administração pública (36,74%) respondeu pela maior fatia, com a capital concentrando mais da metade da atividade, sendo seguida a uma boa distância por Parintins e Itacoatiara. Na sequência estão o segmento de aluguel de imóveis residenciais e comerciais (13,84%) e do comércio atacadista (7,13%).

Pior resultado veio da agropecuária, que também sofreu impactos ainda maiores da pandemia, assim como da cheia. O PIB do setor não passou de R$ 5,1 bilhões, ficando apenas 2,9% maior do que o de 2019 (R$ 4,9 bilhões), em preços correntes. Itacoatiara (R$ 426,9 milhões e fatia de 8,35%), Manacapuru (R$ 386,7 milhões e 7,56%) e Parintins (R$ 297,5 milhões e 5,82%) lideraram o ranking. O produto de maior relevância foi a mandioca, com 30,10% na cesta do setor, sendo que a oferta veio principalmente de Manacapuru (18,14%), Tefé (11,91%) e Manicoré (7,77%).

Em ano de políticas compensatórias e maiores repasses federais ao Estados e municípios para conter os impactos econômicos da pandemia, o melhor desempenho proporcional, no entanto, veio da rubrica de impostos, cujos valores avançaram nada menos do que 14,91%, entre 2019 (R$ 17,4 bilhões) e 2020 (R$ 20 bilhões). Em termos absolutos, as maiores arrecadações tributárias se concentraram em Manaus (R$ 18,7 bilhões), Itacoatiara (R$ 212,217) e Coari (R$ 98,661 milhões).

PIB per capita

O IBGE estima uma relativa redução nas desigualdades regionais em 2020, e informa que os maiores valores do PIB per capita foram os dos grandes centros urbanos do Centro-Sul brasileiro, além de regiões com “forte atividade agropecuária e pequena população”, como “a borda Sul da Amazônia Legal”. O cálculo do PIB per capita dos municípios utiliza a população residente estimada por município, com data de referência em 1º de julho de 2020, enviada pelo IBGE ao TCU (Tribunal de Contas da União).

O PIB per capta do Amazonas, no entanto, apresentou aumento nominal (+5,64%) igualmente incapaz de fazer frente à inflação de 2020. Em média, cada amazonense teve rendimento de R$ 27.573, naquele ano – ou R$ 2.297,75 por mês. Foi um valor muito abaixo do apresentado pela média nacional do período (R$ 35.935,74). Manaus obteve o maior valor (R$ 41.345) e a segunda maior alta (6,72%) nesse quesito. Na sequência, com desempenhos opostos, estão Japurá (R$ 28.047 +17,33%) e Coari (R$ 22.388 e -15,48%).

Em razão dos trabalhos concentrados na reta final do Censo, a seção regional do órgão de pesquisa no Amazonas não teve tempo útil para abordar a pesquisa. Em texto postado no site da Agência de Notícias IBGE, o analista de Contas Regionais, Luiz Antonio de Sá, explica que o crescimento acima da média nos municípios paraenses de Parauapebas e Canaã dos Carajás se deve ao avanço da extração de minério de ferro. “Já Manaus, que também seguiu tendência de queda nos serviços, teve seu resultado amenizado pelas indústrias de transformação, com destaque para a fabricação de equipamentos de informática, concentrado no município”, acrescentou.

Segundo o analista, os resultados de 2020 evidenciam que os efeitos da pandemia variaram de acordo com a importância das atividades de serviços, sobretudo as presenciais. “Isto porque estes serviços agregam as atividades com as maiores quedas de participação no país, entre 2019 e 2020, sendo as mais afetadas pelas medidas de isolamento social e queda da demanda durante o ano”, concluiu.

Fonte: JCAM

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